Esta flâmula está ao lado de outras um tanto famosas no Museu do Barcelona, dentro do Camp Nou. O Edgard e o Claudio Batista tinham alertado a presença dela lá. Está na companhia de times tradicionais como Inter de Milano, Lazio, e outros. Cerca de 20 times fazem parte da vitrine. De brasileiros apenas Botafogo e Flamengo.
Essa foi apenas uma das muitas emoções que visitar esse templo do futebol me proporcionou hoje.
VISTAR O CAM NÔOOU
Visitar o Camp Nou – Campo Novo – começa aprendendo-se a soletrar o nome do estádio. Se falar errado você é corrigido. Eu dizia “camp-nu” e o motorista de taxi me ensinou a pronunciar corretamente: “Cam Nôoou”. Aprendeu? Próximo passo entrar no estádio.
Preço: 16 euros por pessoa. Cerca de R$ 40,00. Vamos lá, deve valer a pena. Na verdade, quem é apaixonado por futebol, podendo paga até mais. Entrar num templo como esse estádio já é uma emoção.
Após entrar na área de visitação você é convidado a assistir um filme em 3D. Algumas pessoas entraram e se sentaram em uma espécie de sala de cinema. Com óculos especiais passaram um vídeo animado com Ronaldinho, Messi, e outros. Era um aquecimento, talvez desnecessário.
Saímos e fomos para o vestiário. Só pudemos olhar o dos visitantes. Vestiário do Barça não pode ser visto. Quando perguntei porque fiquei com cara de idiota:
“mas lá é onde estão as coisas dos jogadores!”
É verdade! Nem discuti…
Do vestiário para o campo. Nunca havia entrado em um estádio tão grande! A capacidade é para 105 mil pessoas. A sensação é de estar no meio de um palco de espetáculos. As cores predominantes vermelho-azul contrastam com um gramado cuidadosamente tratado.
O visitante entra no nível do gramado, ao lado do banco de reservas. Em seguida pode fotografar com montagens do Ronaldinho e Eto. Sete euros!
Depois caminha, passeia nas cabines de imprensa e na área VIP,onde fica o Presidente. A visão do campo de jogo é sempre muito boa. Praticamente dá prá se sentir o lance do jogo.
Depois o passeio leva para a “area mixta“. Chamada assim porque lá se misturam jogadores do Barça com imprensa e adversários. Digamos que seja uma zona desmilitarizada…
Há duas áreas ainda para fotos: em uma você é colocado
virtualmente ao lado dos astros do time. Na outra, o visitante
pode pagar e sair com uma foto levantando a taça da Copa dos
Campeões com um pôster no fundo ambientando o Camp Nou
(não pude fotografar essa área; não permitiram).
Aí era o momento do museu.
MUSEU: CULTIVAR O PASSADO PARA VALORIZAR O FUTURO
Às vezes fico frustrado com amigos que não gostam quando aqui no 3VV valorizamos nossa história. São amigos até muito esclarecidos, que querem o Palmeiras grande e forte, mas que acha que olhamos demais pro passado.
Depois do que vi no Museu do Barça, acho que fazemos pouco!
É difícil explicar a experiência de passear pelo Museu do Barça. Você passa a entender porque ele e mais que um clube. A história refletida nas paredes e nos projetos multimídia, tudo isso integrado com os diversos troféus, é impressionante. Não estamos falando apenas de futebol!
Vou tentar descrever; de cara você vê um quadro com a imagem ao lado, mostrando Joan Gamper (veja imagens abaixo), o fundador do Barcelona. E está ao lado de uma exposição de charges antigas, de um certo chargista que cada vez que o Barça perdia fazia uma charge de crítica digna de corneteiros do Palestra Itália.
Duas preocupações chamaram minha atenção: a primeira em
mostrar o crescimento do quadro de sócios – o Barcelona tem
como uma das principais fontes de receita seu quadro de sócios.
E essa procupação é demonstrada no museu sempre com quadros
mostrando a evolução do crescimento do número de sócios.
Depois a preocupação com o tema profissionalização. Há anos ouço
que o Barça não se rende à mercantilização do futebol e por isso não
colocava patrocinador na camisa (na verdade o acordo com a Unicef
prevê uma transferência de receita para a associação). Mas o que se vê
dentro do museu é com vários quadros falando sobre isso.
Na verdade o que se vê quando se entra nas dependências do Barça é a transformação em negócio de uma das maiores marcas esportivas do mundo. A Audi é a patrocinadora oficial, a HP é parceira nas áreas de impressão de fotografias dentro o estádio, cerveja, refrigerante, merchandising, tudo leva a um ponto em comum: “monetizar” a relação com o torcedor.
Mas voltando ao museu, conforme caminhava percebia um certo compartilhamento de informações mas sem uma rigidez temática:
então às vezes temos a linha do tempo predominando, mas em outros
casos segmenta por assuntos, como por exemplo as mudanças no Camp
Nou. E tem até uma área para os jogadores estrangeiros na comemoração
dos 100 anos, em 1999.
Haviam ainda duas outras exposções anexas, com produtos e
artigos doados por torcedores antigos. É uma coleção infindável
de imagens, revistas, bonecos, e até mesmo uma bola de futebol do
século XIX. No final passei por uma espécie de museu de cera. Vi a imagem de um ex-presidente
sentado em sua sala. Pensei: “se a moda pega e alguém resolve fazer a imagem de um ex-presidente nosso… Deus nos livre!”. Abafa o caso…
Passei no final por um projeto de cobertura do Camp Nou. Veja a foto lá embaixo. E assim terminou a visita ao Museu. E como bem ensinam na Disney, com a emoção a mil, é hora de cair na Megastore.
O Post anterior sobre merchandising falou bastante sobre a estratégia e operacionalização do clube em licenciamento. Mas visitar a loja – veja a foto – mostra algo mais. Moda casual, artigos para crianças, bebês, e até mesmo para cachorro. Tem de tudo na loja que ocupa dois andares e estava cheia de turistas. Mas mais inusitado que ver pote de comida de cachorro à venda com o símbolo do clube foi me ver consumindo a marca.
Realmente o troço funciona!
DÁ PRÁ COPIAR?
História para preencher um museu inteiro nós temos de sobra. Falta verba para investir em um projeto desses – espera-se que esteja no orçamento da Arena – juntar as pessoas certas (Jota e Pasqualini montariam sua equipe, que tal?) e um projetista de primeira linha para integrar imagens, áudio, vídeo.
De acordo com João Mansur, responsável pelo projeto da Arena Palestra, teremos um museu também de primeiro mundo. Inclusive a referência do Mansur é o Santiago Bernabéau, em Madrid, que dizem não deve em nada para o Camp Nou (quem já visitou os tanto um quanto outro, ou mesmo quem puder agregar, está intimado a comentar esse post).
Não consigo visualizar um movimento numa quarta-feira de maio em um Museu no Palestra como o que vi hoje. A cidade de Barcelna ajuda, e o Camp Nou passou a ser visita obrigatória do turista, de qualquer país, de qualquer idade. Mas a instituição Palmeiras mais que merece um Museu compatível com esse, que sem dúvida é um dos mais belos e ricos da história do futebol.
Saudações… vejam algumas fotos abaixo…