Por Jota Christianini; reprodução somente autorizada mediante explícita divulgação do autor do texto e do blog Terceira Via Verdão e seu link
Todas as voltas olímpicas tinham sido dadas, creio que umas 16, uma para cada ano da secura dos títulos.
A
cidade em festa. Em todos os bairros, caravanas andam pelas ruas
cantando o hino e com as bandeiras em punho. As cantinas e pizzarias
começam a lotar.
Começo da mais linda das noites, 12 de junho de 1993.
Num
Morumbi quase vazio, quase escuro, ainda alguns torcedores do Palmeiras
festejam, comemoram, tripudiam. 4×0 em cima do maior rival de todos os
tempos… foi bom demais.
Valeu a pena esperar.
Um
garoto, não tem 10 anos, atravessa o campo comemorando e chega na área
onde Evair marcara o último gol da goleada, o gol do título.
Pára
de correr. Lentamente aproxima-se e na marca do pênalti ajeita uma bola
imaginária para cobrar a penalidade. Afasta-se, faz pose de craque,
olha para a meta, dissimula para não dar chance ao goleiro, bate o
pênalti.
O cinegrafista da TV Cultura, Ricardo Artner, acompanha a jogada, a trajetória da bola, como se bola houvesse.
O menino chuta com perícia e marca o gol.
Corre até a as redes, comemora, ajoelha-se e aplaude e agradece os aplausos da galera.
Emoção do pequeno torcedor, poesia do cinegrafista, nem Fellini faria melhor.
É
gol !!!!! o menino ajoelhado abre os braços, comemora. As arquibancadas
quase vazias, mas o grito de alegria que parece brotar da alma de todos
palmeirenses é inesquecível.
Passa o tempo, só não passa essa saudade!
Dez
anos depois, festa de comemoração pelo aniversário da conquista. Festa
fora do Palestra, pois éramos oposição e no clube daqueles tempos de
sombra nada se comemorou; surge o assunto, lembro da cena e comento.
– Só queria encontrar aquele menino, o que terá sido feito dele, .
Ao meu lado ouvindo a história, Gilberto Cipullo, não deixa terminar a frase.
–
Por isso não, aquele menino é este jovem aqui ao lado, meu filho
Cassio, aliás no dia seguinte a Cultura fez uma reportagem sobre o
assunto [ veja link no final do causo ].
Falo da emoção daquela noite e recebo a resposta:
– Todo palmeirense sonhou em marcar o gol do título contra o Corinthians? eu marquei e fui filmado.