POR JOTA
CHRISTIANINI
Nos
tempos modernos, ou seja, depois da invenção da bola de válvula, o Rio-SP de 65
foi o primeiro a ser disputado em dois turnos distintos, ou seja, campeão
de um turno contra vencedor do returno.
O
Palmeiras, confirmando sua história anarquizou o regulamento, ganhou os dois
turnos e bola para frente.
Cogitou-se, e a diretoria balançou e quase aceitou a ideia, de um jogo contra
os reservas do próprio Palmeiras no dia que, caso houvesse, os campeões dos
turnos deveriam decidir o titulo.
O nosso Palestra
enfiou 7 no Santos, 5 no Botafogo no Maracanã, mesmo lugar onde meteu 4 no
Vasco e mais 4 no Flamengo. Ganhou do Corinthians, e meteu 2×0 no time da Vila
Sonia no primeiro turno; enfim o apelido Academia ganho a partir da
vitoria contra o Vasco quando Gildo marcou o gol mais rápido do mundo aos
8 segundos foi justo e correto. Aliás também ganhamos o apelido de Tremendão em
homenagem ao cantor, palmeirense, Erasmo Carlos que começava a ter sucesso na
época.
O primeiro
turno foi fácil, de bandeira a bandeira, campeões invictos.
O segundo
turno começou menos espetacular. Tivemos nossa única derrota na estreia, mas
logo readquiramos a forma e fomos vencendo.
Faltavam
duas rodadas para fim e o time da Vila Sonia estava perto, mas abaixo. Na
tabela precisavam vencer o Palmeiras e contar com outra derrota do Verdão
no último jogo contra o Botafogo para decidirem o título.
Não
suportavam o apelido de Academia, pensavam ser irônicos, mas apenas pândegos, ao
vociferar que éramos a Academia dos que não sabem nada.
Uma
semana antes Ademar Pantera, que mesmo reserva de Tupãzinho era
artilheiro do campeonato, fraturou a perna em um amistoso em Ribeirão Preto. O
Palmeiras lançou o terceiro centro avante, Dario, vindo de Minas, muito
humilde e com jeito esquisito de correr. Também virou motivo de piada.
A
tentativa da chacota teve efeito contrário. Servilio sentiu-se
ofendido, tomou as dores do companheiro e foi o que se viu.
Iniciada
a partida, o Palmeiras foi para cima. Servilio fez dois; Dario, o
humilde, fez mais dois e aos 13 minutos do segundo tempo já estava 5×0 para
o Palmeiras, gol do Rinaldo, deixando o goleiro adversário, Raul
Plasman – aquele – totalmente alucinado (na foto ao lado).
O
Palmeiras parou para bailar, tocou a bola no estilo acadêmico do maestro Ademir
e assim levou até o final, já posando de campeão. Faltava um jogo, aliás uma
nova goleada no Botafogo, mas a diferença era impossível de ser tirada.
Dia
seguinte a A Gazeta Esportiva decidiu quanto o Palmeiras sabia de bola:
“O
PALMEIRAS FOI UM SABE TUDO”.
Muito
anos depois perguntei ao Carabina, por que marcamos 5 gols e ainda
faltando quase trinta minutos para jogar, não forçamos a goleada?
— Melhor
ter parado ali! Vai que se a gente marca mais e eles fogem de campo, igual
a 42!!
5 respostas em “Podia ser mais, mas foi melhor parar”
Espetacular, Jota!
O Palmeiras sempre tem jogadores orgulhosos (no bom sentido), que tomam as dores e querem dar o troco. Não podemos perder isso nunca.
A resposta do Carabina foi fantástica!!! É isso que os bambis foram, são e sempre serão.
Abraço!
sensacinal esse causo…parabens pela coluna…por isso que amo esse time…tem historia e tradição
É por isso que elas tem tanto ódio e inveja do Palmeiras.
Nossa. Muito bom! Que vontade de ter visto o Palmeiras nessa época! Ai ai… e a tirada sobre os bambis-1942 foi sensacional! haha
hahaha, era típico delas uma escapada…
E olha só, mexeram com o Palmeiras e ele cresceu. Parece que nossas raízes ainda estão presentes na mentalidade do clube, um bom sinal.