Faltavam alguns minutos para começar o jogo no Mineirão, quando o ex árbitro e comentarista da Globo, Arnaldo César Coelho recebe uma visita. Após os abraços e cumprimentos de praxe, não se viam há décadas, Arnaldo resolve apresentar o amigo ao Falcão.
“Este é o Teixeirinha, antigo árbitro, famoso por ter apitado um inicio de jogo sem que tivesse bola no campo”.
O amigo desconversa, diz que não foi bem assim, mas como entre o fato e a lenda, publique-se a lenda, vamos nessa.
Anos 60, talvez já inicio dos setenta, destacou-se um árbitro mineiro, magro, não muito alto, José Alberto Teixeira de Carvalho. Como na época em todas as cidades qualquer meia esquerda, raça negra, era imediatamente guindado a um novo Pelé, o mesmo acontecia com os árbitros. Magro meio petulante tinha seu nome no diminutivo e era comparado ao Armandinho Marques. Por essas e outras o herói de nossa história ganhou o apelido de Teixeirinha.
O jogo pelo campeonato mineiro, América e Vila Nova, se não era decisivo tinha lá sua importância pois o América de Juca Show, Pedro Omar e Neneca. Tentava, pela enésima vez recuperar o prestigio de outros tempos.
Tudo preparado para o inicio da partida Teixeirinha conferiu os dois goleiros, verificou se não havia mais ninguém, salvo os jogadores, no campo e ia apitar o inicio da partida. Neste exato instante algum fato chamou a atenção do juiz. Ele voltou-se para o representante e foi caminhando para a lateral do campo verificar o que ocorria. Incontinente o centro avante do América iniciou um bate bola com o seu colega meia direita, que recuou a mesma ao volante, que após algumas embaixadas atrasou ainda mais para o beque que, não se apercebendo ser aquela a bola do jogo, atirou-a para o gandula fora do campo.
O juiz nem mesmo chegou à lateral, a meio caminho viu que o fato extra-campo estava resolvido, voltou-se para o meio do campo, já apitando o começo do jogo.
Tudo estaria resolvido se os jogadores avisassem o árbitro da falta da bola mas exatamente ao contrário do que manda o bom senso e rigorosamente a favor da malandragem, resolveram dar a saída assim mesmo.
O centro avante, fingiu que entregou a bola, inexistente, ao meia, que imediatamente recuou ao volante e ambos saíram correndo em direção ao campo adversário .
As risadas começaram entre os próprios jogadores, estendeu-se aos repórteres, representantes, reservas e demais. Para a torcida, pequena, bem atenta, foi um delírio. Todos rindo do ridículo da situação. O pior; Teixeirinha ao apitar o inicio do jogo, instintivamente, como todos os juizes, também iniciou a corrida para o lado do campo onde a bola seria lançada.
E a volta? E o ato de apitar forte parando a palhaçada? e ter que voltar ao meio do campo para depois de esculhambar os jogadores – teve que esperar todo mundo parar de rir – providenciar uma bola para, então de verdade, iniciar a partida.
Para o Teixeirinha aqueles segundos representaram décadas.
A bem da verdade é quanto vai durar esta história.
7 respostas em “A bola rolou. Epa! Cadê a bola?”
Que mico! rsrsrs
Muito bom Jota, obrigado, só seus causos para fazer nossos dias conturbados um pouco menos preocupantes.
Sensacional Jota! mais uma vez!
Kkkkk. Muito bom, Jota!
Abs.
RSrsrsrsrsrrsrsrsrrsrsrsr
Grande Jota só você mesmo para contar estas histórias. Fico no aguardo do próximo.
Muito bom, Jota… sensacional! Saudades dos teus causos!