Deyverson decidiu na final da Libertadores (FOTO: CESAR GRECO/PALMEIRAS)
Por Marcelo Moreira
As constantes perguntas e especulações a respeito da contratação de um centroavante, muitas delas saídas diretamente de dentro do clube, conseguiram apenas uma consequência: a desvalorização dos atletas da posição que estão no elenco.
Deliberadamente ou não, desde antes do Mundial de Clubes, a cobrança da diretoria que até então tinha pouco mais de um mês de trabalho – na verdade, menos de um mês, já que o fim de ano não conta – só aumentou a tensão e a pressão de forma pouco produtiva.
Com o ainda inexplicado banimento de Luiz Adriano – nem treinar direito ele pôde no clube neste ano -, Deyverson e Rafael Navarro se viram como os depositários de todas as frustrações por conta da falta de um “atacante dos sonhos”.
É bom lembrar que Deyverson fez os gols decisivos do Brasileiro de 2018 e da Libertadores 2021. Não tem, a técnica e o refinamento de Luiz Adriano (quando este tinha vontade de jogar), mas compensa com a entrega, aplicação tática e boa colocação na área.
Navarro ainda não teve tempo para mostrar alguma coisa e Breno Lopes ainda está devendo, é certo, mas jogar nas costas destes três jogadores um caminhão de frustração por um centroavante classe A não parece ser a melhor forma de lidar com isso.
É claro que esse ambiente influencia na permanência ou não de atletas. Crescem as especulações a respeito da não renovação do contrato de Deyverson – o vencimento ocorre em breve. Desvalorizar para justificar uma dispensa é desagradável e nada ético, ainda mais em relação a um jogador que fez gols decisivos.
Não se trata de defender um jogador que eventualmente “não serve e que está fora dos planos”. É a defesa de um tratamento sério e humano em relação a um atleta que, queiramos ou não, foi importante. Caso contrário nem estaríamos perdendo tempo com ele aqui no 3VV.
E também se trata de evitar que os outros nomes do elenco para a posição sejam desvalorizados. É extremamente desagradável ficar sendo perguntado sobre a chegada ou não de um “9” de respeito, ou mesmo ler por aí sobre a busca incessante do Palmeiras por um atacante definidor.
Pior ainda é saber que houve insistência em tentar contratar um jogador argentino reserva em time mediano da Alemanha, com especulações de que o clube pensou em oferecer um salário anual de R$ 24 milhões – caso de Alario, do Bayer Leverkusen. Será que esse atleta seria tão melhor do que Deyverson, Breno e Navarro, mesmo estando na reserva de um time alemão que até então era meio de tabela?
As supostas conversas a respeito da contratação de Pedro, reserva do Flamengo, também se encaixam no caso descrito neste texto. É a ampliação da desvalorização dos atletas do elenco.
Será que o Palmeiras está em condições de abrir mão de Deyverson, ou já mira a promoção de Endrick, de 15 anos, em junho, quando completará 16 e poderá assinar um contrato profissional?
No momento, mesmo aos 30 anos e contestado, Deyverson é um jogador mais útil e confiável do que Navarro, um promessa, e Breno Lopes, um jogador que ainda precisa provar a que veio.
Se está havendo uma desvalorização destes jogadores não é por parte do Palmeiras, pois em momento algum foram afastados ou segregados do elenco. A desvalorização, se é que está acontecendo, é devido a mídia que na falta de notícias faz todo tipo de conjectura e parte da torcida vai no embalo e também aos proprios jogadores que muitas vezes decepcionam dentro de campo. Se por um lado eles fizeram gols importantes, por outro isso não pode ser salvo conduto para uma titularidade inquestionável. No ⚽️ tudo é volátil, ou seja, todo jogo você tem que provar que serve para o time, caso contrário, você é página virada.