Dudu e Raphael Veiga não se ‘adequam’ às convicções de Tite (FOTO: CESAR GRECO/PALMEIRAS)
Por Marcelo Moreira
Numa seleção de coadjuvantes, Raphael Veiga e Dudu passam longe. Tite resolveu apostar toas as fichas em jogadores com inegáveis sentidos coletivos, mas nenhum protagonismo individual, achando que todos os adversários são iguais aos sul-americanos. Acha que Neymar vai continuar resolvendo, coisa que nunca fez, na verdade, na seleção brasileira.
Veiga está se conformando de que sua vez com a camisa amarela será no próximo ciclo, a partir de 2023, sem Tite e seu intrincado pensamento tático e sua mania de homogeneizar algo que era diferente por si só. Curioso, já que Raphael Veiga é o que tem de diferente na atualidade por aqui.
Dudu, que arma e ataca com eficiência maior do que os atuais escolhidos do treinador da seleção, desagrada porque é protagonista e costuma agir por conta própria, coisa que Tite só admite em relação a Neymar. É só ver como Paquetá, Everton Ribeiro e Gabriel Jesus são castrados em suas liberdades em campo.
Tite quer uma legião de soldados que impeça a bola de passar do meio de campo, mas não necessariamente uma que se esforce em fazer muitos gols.
Na seleção, Dudu teria de se submeter a marcar lateral e volante adversários como tarefa primordial, como fazem Jesus e Gabriel Barbosa (Gabigol é muita pretensão para um jogador fracassado na Europa). Para isso, há outros mais cabeçudos para cumprir a função.
Pelo que vem jogando, Veiga teria vaga no time titular de Tite. Seria uma alternativa ao futebol burocrático e sem muitas cores de Paquetá ou até mesmo a Vini Jr, do Real Madrid, que não brilha na seleção como no Real Madrid. É aplicado taticamente, mas tem estofo e coragem para fazer jogadas individuais e dividir certas tarefas com Neymar.
Pode até mesmo ser a alternativa mais centralizada a Philipe Coutinho, que voltou a jogar bem no Aston Villa. Veiga é um nome que estampa manchetes de sites e jornais, o que irrita qualquer treinador de seleção, pois “corrompe a sua independência e a máxima de que não cede a pressões”.
Desde 2002, quando ganhou a taça pela quinta vez, o Brasil sempre fica entre seis melhores – quinto em 2006, sexto em 2010, quarto em 2014 e sexto em 2018. Repetirá a dose em 2022, sendo que surpreenderá se chegar à semifinal. E Tite terá perdido a suprema chance de ganhar a Copa do Mundo e modificar o futebol brasileiro, já que teve seis anos para isso.
Não vamos tirar o seu mérito de resgatar a seleção do limbo da falta de imaginação de Dunga e da sombra do 7 a 1. Tite recuperou a seleção brasileira, deu-lhe um norte e a tornou novamente competitiva e campeã.
Perdeu uma copa e manteve o cargo. Nunca outro técnico teve tanta tranquilidade e tempo para trabalhar. E nunca outro desperdiçou tanto tempo e jogadores no moedor de carne das convocações.
Não é improvável que ganhe no Catar, diante do nivelamento das principais seleções, assim como ocorreu em 2018 – o time de Tite realmente podia ter ganho com o futebol sonolento e pragmático.
As foleadas enganosas contra Paraguai e Uruguai recentemente iludem até ponto e escancaram as limitações de elenco e opções, a ponto de chamar, para essa convocação, gente como Martinelli, do Arsenal, que está longe dos melhores momentos.
A convocação desse meia-atacante é o maior sinal de que Veiga e Dudu não têm chance na atual administração. É o tipo de jogador versátil e que se mata pelo time, mas que não ousa e que nada faz de diferente. Bem ao estilo dos Paquetás da vida. Pensando bem, Veiga e Dudu saem ganhando ao ficarem de fora.
Temos que agradecer sempre quando esse sinistro do Tite não convoca nossos jogadores. Não por eles em si, pois adequariam-se rapidinho ao esquema de lá, mas pelo nome do Palmeiras que não deve ser contaminado, manchado por essa seleção podre e corrupta.