Por Marcelo Moreira
A derrota difícil de engolir para o São Paulo expôs uma fragilidade que o Palmeiras tem desde os tempos em que Luiz Felipe Scolari dirigia o time em 2018 – e depois passaram pela equipe Mano Menezes e Wanderley Luxemburgo: a falta de alternativas para quando o meio de campo é muito bem marcado.
Aparentemente, Abel Ferreira não conseguiu resolver essa questão, já que o São Paulo é o time que melhor conseguiu bloquear as tentativas de ataque rápido que a equipe verde proporciona assim que recupera a bola.
Na gestão do treinador português, bastaram algumas partidas em que o meio de campo foi anulado e os laterais, encurralados, para que o Palmeiras perdesse seu poder de combate e articulação mínima de ataque.
Foi assim contra o River Plate, no Allianz Parque, na Libertadores 2020, em pelo menos uma partida contra Flamengo (no Allianz Parque) e em duas contra o São Paulo (uma no Allianz e na primeira partida da final, agora). Isso para não falar nas dificuldades enfrentadas contra o Chelsea, em Abu Dhabi.
O agravante contra o São Paulo, no último jogo, é que o São Paulo, mesmo sendo inferior tecnicamente e também taticamente nos últimos meses, soube conter o ímpeto palmeirense e bloquear satisfatoriamente os pontos mais fortes.
Quando bloqueado e com dificuldades para articular as jogadas, o Palmeiras se perde e fica sem alternativas. A bola não fica nos pés do nosso meio de campo e o time se desgasta demais correndo atrás do adversário.
Desde meados do ano passado que essas circunstâncias têm diminuído, mas ainda assim, quando ocorrem, deixam a equipe verde completamente refém de equipes tão ou mais bem organizadas.
O São Paulo de Hernan Crespo venceu o Palmeiras dentro do Allianz no ano passado e colocou o time de Abel Ferreira em dificuldades na Libertadores, no primeiro jogo, que teve um final feliz graças a um gol de Patrick de Paula, que contou com a falha de Thiago Volpi.
Quando o adversário consegue ler o jogo e encaixar uma marcação que simplesmente anula o Palmeiras, vemos desastres como o jogo contra o River Plate, no Allianz, na Libertadores 2020, como nos passeios que tomamos em casa de Flamengo (1 a 3) e Bragantino (2 a 4) no Brasileiro 2021 e na incapacidade de atacar na final contra o Chelsea, no Mundial de Clubes.
Foi apenas a segunda derrota no ano contra o São Paulo, e já estamos em abril, mas o insucesso no Morumbi coloca em dúvida a boa campanha no Paulista que nada mais é do que uma pré-temporada para o que realmente importa – Libertadores e Brasileiro.
Claro que título sempre importa, e o Paulista é legal de ganhar, mas preocupa quando uma equipe que se mostra inferior há tempos consegue uma forma de bloquear as ações do Palmeiras e evidenciar que a criatividade verde desaparece diante de uma equipe minimamente competente na hora de marcar as principais jogadas.
O Palmeiras tem chances de reverter o quadro na final do Paulista, mas o maior aprendizado é o de entender como é possível que, mesmo embalado e depois de uma excelente atuação contra um time bom – o RB Bragantino -, a equipe caia tanto de produção diante de um time que mostrou uma série de problemas defensivos a longo da competição.
O São Paulo troca de técnico, mas ainda assim causa mais problemas ao Palmeiras do que seria aceitável, algo que continua difícil de explicar.
O Palmeiras irá longe na Libertadores e ficará na frente do time do Morumbi no Brasileiro, mas incomoda a forma o esse time está sabendo parar o time verde em algumas circunstâncias.
Entendo que esta dificuldade apresentada diante de alguns adversários se deve, em muito ao elenco mediano que temos e que depende demais do jogo coletivo. Não temos aquela (ou aquelas) individualidades capazes de decidir quando o conjunto não vai bem.
Por isso se torna urgente qualificar o elenco
Vamos lá: se o pênalti não tivesse sido dado a favor das trikas e o pênalti no Gustavo Gomes tivesse sido marcado, ou seja, se o jogo tivesse sido 2×2 na casa delas você teria escrito esta coluna com este conteúdo ou você estaria exaltando um empate na casa do adversário?
“Se” não existe. Perdemos por 3 a 1 e fim de conversa. (Marcelo Moreira)