1914 – Nascimento, vida, paixão e glória do Campeão do Século Parte 3: a primeira partida
Por Jota Christiannini
A primeira partida
A imensa maioria dos sócios fundadores eram italianos e descendentes; havia um português, inclusive eleito diretor, mas nenhum deles era filiado a qualquer outra entidade futebolística, com exceção do Luigi Cervo, que fora sócio e jogador do Internacional.
O clube foi apresentado ao público e às autoridades em baile realizado nos salões do Germânia, na Rua Dom José de Barros – salões que existem até hoje sem qualquer mudança arquitetônica – com comparecimento do cônsul da Itália. A título de curiosidade registre-se que neste baile gastou-se 250 contos com a orquestra de 15 músicos, 50 contos com flores para as convidadas e mais 50 contos com a gráfica para a confecção dos convites.
O Palestra realizou os primeiros treinos no campo da Rua Major Maragliano na Vila Mariana e posteriormente no chamado campo do “buracão”, posteriormente usado pelo clube Eden Liberdade; hoje, Avenida Vinte e Três de Maio, altura do viaduto da Liberdade.
O PALESTRA ITALIA fez sua primeira partida no início do ano seguinte, em 26 de janeiro, na cidade de Votorantim, de grande influência italiana. Antes do jogo no estádio Castelões foi hasteada a bandeira do Brasil e da Itália e cantado os hinos. Depois do jogo aconteceu um banquete congregando os esportistas das duas equipes e baile comemorativo.
O Palestra ganha sua primeira partida oficial usando camisas verdes, com golas vermelhas, e faixa e calções brancos. 2×0 diante do Savóia, gols de Bianco e Alegretti, conquistando a Taça Savóia. O time jogou várias partidas em cidades de forte presença de italianos, mas antes realizou amistoso na capital, contra o Paulistano, com renda para a Cruz Vermelha Italiana.
“… os primeiros anos do Palestra Itália, fundiram-se com a construção da italianidade em terras paulistanas por ter sido um elemento importante nesse processo. A capacidade de congregar o grupo italiano na cidade sem os cortes regionais, ia ao encontro dos desejos do governo italiano.”
in Campos Araujo – O Caso Palestra Italia
Para a constituição do time de futebol o Palestra Itália recebeu a imensa maioria de italianos e descendentes que jogavam por outros clubes. Alguns vieram só para o primeiro jogo, outros vieram, e o sangue falou mais alto, ficaram para sempre.
Chegaram jogadores do Internacional; Picagli do Ruggerone da Lapa; Bianco veio do Corinthians e ficou; Stillitano e Vescovini do Paulistano; Grimaldi do Campos Elíseos; Fabbi do Concórdia; Fornazari e Olivieri do SPR; Morelli veio do A. A. Palmeiras; Américo do São Bento; Thomaz Mazzoni também veio do S.Bento, mas não jogou, só torceu; e teve jogador do União Lapa e até do Savóia, que após o jogo inaugural mandou a família Imparato, que tantas glórias dariam ao Palestra Itália.
Vinte e cinco anos depois, nas festividades do Jubileu de Prata, Luigi Cervo discursou.
“Hoje, vendo a grandeza do Palmeiras, tantos títulos, tantas conquistas, esse patrimônio invejável, emociono-me ao lembrar. Foram tempos difíceis, às vezes as dificuldades indicavam que era melhor não continuar, mas isso jamais passou pelas nossas cabeças. Éramos poucos, mas éramos fortes e sabíamos que unidos seríamos invencíveis.”
Sábias palavras, Sr. Luigi Cervo, sábias palavras! Unidos seremos, sempre, imbatíveis.