73 anos este dia
Por Marcos Lúcido Donato
“A Matemática é o alfabeto com o qual DEUS escreveu o universo” (Galileu Galilei).
Tenho 51 anos. Nasci em 1973. Hoje, 22 de julho de 2024, completam-se 73 anos da nossa conquista do primeiro, único e verdadeiro Mundial de Clubes, ocorrida em 1951.
Os números me fascinam. Não à toa, me formei Engenheiro e, até os dias de hoje, eles são parte fundamental do meu trabalho, na Indústria Siderúrgica Brasileira.
Gostos à parte, vamos ao que interessa, que é celebrar a memória do maior título conquistado, por um clube brasileiro, em todos os tempos.
Para dar a devida dimensão do feito Palestrino, faremos um paralelo entre a Copa do Mundo de Seleções e o Mundial de Clubes.
De 1930 a 1950 participavam, da Copa do Mundo de Seleções, 13 a 16 equipes, quase que, em sua totalidade, da América do Sul e Europa. Raramente participavam seleções de outros continentes. Uma seleção chegava a disputar, no máximo, 6 jogos em uma edição. Algumas Copas apresentaram somente modelo eliminatório e outras, eliminatório combinado com classificatório.
O Mundial de Clubes de 1951, que fora idealizado por Jules Rimet, Ottorino Barassi e Stanley Rous, contou com oito clubes, sendo um da Itália, cuja seleção era bicampeã mundial, um do Uruguai, que também era bicampeão tanto da Copa do Mundo quanto olímpica, dois do Brasil que era a atual seleção vice-campeã do mundo, um da Áustria (terceira colocada na Copa de 1954), um da Iugoslávia (medalha de prata nas Olimpíadas de 1948 e 1952), um de Portugal e um da França. Tinha a fase classificatória (de grupos) e semifinais e finais disputadas em dois jogos. Assim, para se sagrar Campeão Mundial, o Palmeiras teve de disputar sete jogos, sendo 3 classificatórios, dois em fase semifinal e dois em fase final.
Vale salientar também que tanto Stanley Rous quanto Ottorino Barassi, juntamente com Sotero Cosme foram o trio formador da comissão organizadora da Copa do Mundo de 1950 e do Mundial de Clubes de 1951. Ou seja, podemos observar uma similaridade no modelo de disputa entre a Copa do Mundo e o Mundial de Clubes.
A partir de 1954 até 1994 a Copa do Mundo contou com a participação de 16 a 24 clubes, com maior presença de países fora do eixo América do Sul – Europa, divididos em fase de grupos, e eliminatórias. O então chamado “mundial de clubes” se resumia a uma disputa entre o Campeão da Libertadores da América e o Campeão da Champions League em disputa de dois jogos e, posteriormente, de um jogo. Fazendo uma analogia, é como se o campeão mundial de seleções fosse decidido em um ou dois jogos entre o campeão da Copa América e o Campeão da Euro. Ou seja, totalmente sem sentido.
De 1998 a 2022, a Copa do Mundo passou a contar com 32 participantes, e o “mundial de clubes da FIFA”, a partir de 2005, passou a ter 8 participantes, contando com o país sede e um país de cada confederação continental. Vários grandes clubes europeus e sul-americanos foram preteridos para se colocar times ligados a confederações sem a mínima condição de disputa. É como se a Copa do Mundo de Seleções fosse disputada pelo país sede, mais os vencedores das Copas Continentais.
É verdade que em 2000, tivemos um “mundial” sediado no Brasil, nos mesmos moldes dos disputados a partir de 2005, entretanto, como em nossa “terra Brasilis” a memória é curta e a imprensa esportiva, salvo raríssimas exceções, é um show de horrores, é importante lembrar que foi um torneio pessimamente organizado, desde a escolha dos participantes, passando pelo total desinteresse dos clubes europeus – Real Madrid não trouxe vários titulares e o Manchester veio literalmente a turismo, e terminando em uma verdadeira farra de erros de arbitragem, que inclusive decidiu diretamente na classificação de um dos finalistas. O evento foi de tal fracasso, que a FIFA, por diversas vezes, ignora o torneio.
Em resumo, diante do que expusemos acima, podemos concluir que, sem a menor sombra de dúvida, e sem desmerecer as outas competições (com exceção do torneio de verão disputado em 2000), o Mundial de Clubes de 1951 foi o de maior nível técnico disputado até hoje, e teve a Sociedade Esportiva Palmeiras como seu legítimo Campeão, reconhecido à época como tal e reconhecido diversas vezes, inclusive pelo Comitê Executivo da FIFA. É de fundamental importância que o torcedor Palmeirense tenha a verdadeira dimensão do que foi 1951, não só para o nosso clube, quanto para o futebol brasileiro e mundial. O Campeonato vencido pelo Palmeiras foi decisivo para a criação da Champions League e para a retomada do interesse do povo brasileiro pelo futebol. Arrisco dizer que, sem esta conquista, talvez não existisse Pelé, somente o Édson.
Que a Conquista do Mundial de Clubes de 1951 seja eternamente celebrada pela torcida Palmeirense.
Saudações Palestrinas,
Donato, o Lúcido.