Valdívia, o Apito e a Tarja de Capitão
Por Danilo Cersosimo
No
pós-jogo de Palmeiras vs Santos falou-se mais do comportamento do
Valdívia em campo do que sobre qualquer outro assunto relacionado a
partida – ainda que esta não tenha mesmo dado o que falar em termos de
futebol.
Ano
passado parte da imprensa conseguiu colar a pecha de cai-cai no chileno
e nesse momento somente uma mudança radical de postura por parte dele e
do clube podem amenizar o que começa a se caracterizar como uma má
fama. Para alguns comentaristas de arbitragem o simpático Valdivia
parece ser mais nocivo do que os botinudos que infestam nossos gramados.
Reverter
essa imagem é fundamental e se os árbitros parecem perseguí-lo de
maneira sistemática (o uruguaio Acosta também reclamou que no Brasil é
costumeiramente patrulhado pela arbitragem) é fato que Valdívia também
precisa rever seu comportamento em campo. Não que eu concorde com a
injusta fama de cai-cai, muito pelo contrário, acredito que por ser
franzino ele quase sempre vai sair perdendo nas jogadas de choque, mas
particularmente penso que o nosso camisa 10 poderia falar menos em
campo, reclamar menos com os vaidosos árbitros do nosso futebol e
aprender que ser craque tem um preço: tomar porrada em campo
(infelizmente).
Valdívia
é um jogador irreverente – seja com a bola nos pés ou não – e a
irreverência nos dias de hoje parece estar fora de moda. Portanto,
quando ele satiriza um marcador ou faz caretas para o juiz em campo,
ele quase sempre será mal interpretado.
Por
que estou abordando este tema? Porque acredito que o velho Luxa está
cometendo o mesmo erro que o Caio Jr ao dar a faixa de capitão ao
chileno. Ao fazê-lo, o técnico expõe o jogador ainda mais junto aos
árbitros, potencializando uma aparente ojeriza dos mesmos em relação ao
jogador. Na minha opinião, quanto menos contato o Valdívia e os
árbitros tiverem em campo, melhor.
Em suma, penso que três medidas deveriam ser tomadas sobre esse assunto:
1)
tirar a faixa de capitão e passá-la ao jogador mais articulado do
elenco, para poder cobrar do árbitro as pauladas que o Valdivia vai
levar durante o campeonato; isso minimizaria os potenciais cartões
amarelo do chileno por reclamação [e a potencial pré-disposição/ má
vontade dos árbitros em punir o nosso 10];
2)
fazer um trabalho de conscientização do jogador, para que evite
polêmicas durante a partida e que caia na catimba dos Adrianos e
Marcinhos “Guerreiros” da vida… ao cair nessa, o chileno se nivela a
eles e perdemos nosso grande diferencial técnico em campo hoje;
3)
adotar, por parte da diretoria de futebol, uma espécie de blindagem
contra perseguições sistemáticas e infundadas vindas de setores da
imprensa e da arbitragem (nós do 3VV pretendemos colaborar nesse
sentido ao longo do ano, através das análises da arbitragem), rebatendo
e contestando toda e qualquer ação que prejudique o jogador e o clube;
E
isso deve começar já no jogo contra o Marília nesta quarta-feira, pois
após o jogo de domingo as câmeras estarão ávidas por qualquer deslize
do nosso craque.