Minuto 98: semanas decisivas, um Causo Dacunto e a propaganda verde
Editor: JOTA CHRISTIANINI Colaboradora: Erika Gim
FALA JOTA
Do dia 12 até o dia 28 deste mês de setembro penso que o Palmeiras terá os dezessete dias mais importantes desta temporada. Dois jogos decisivos pela Libertadores, contra o Galo, além de um Dérbi, iniciando a sequência com a partida de returno do contra o Flamengo. Vai ser emoção demais!
Caberá aos palmeirenses o bom senso. Acredito em quatro vitórias, mas, na possibilidade, espero que remota, de acontecer alguma derrota, será necessário o equilíbrio para preservar o trabalho que Abel Ferreira vem fazendo. Ainda mais ele poderá fazer se a nova diretoria, que entra no fim do ano, ousar um pouco na recomposição do elenco.
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MENINOS EU VI
Causo Dacunto
Cada vez que o Palmeiras entrava em campo para uma decisão desfalcado de algum jogador importante, meu saudoso tio Nelson se lembrava do bordão “é com Dacunto ou sem Dacunto”. E assim devia ser com todo veterano torcedor do Verdão.
A história é curiosa. O campeonato de 44 estava recheado de atrações. O Corinthians trazia o lendário Domingos da Guia, enquanto o SPFC tentava o bi – afinal, no ano anterior, finalmente conquistara o primeiro título da história do clube – e o Palmeiras queria recuperar o título que ganhara em 42.
O jogo contra o SPFC aconteceria no domingo. Na quinta-feira, sabe-se lá o porquê, uma misteriosa reunião do Tribunal da Federação, convocada às pressas, suspendeu Dacunto. O argentino era o principal jogador do Palmeiras. A suspensão decorria de uma simples advertência feita pelo árbitro várias rodadas antes, no jogo do Palmeiras contra o Ypiranga. Por que a decisão do tribunal extemporânea? Oportunismo, afinal 42 ainda era muito recente.
Pânico em Parque Antártica. Celebrações na Avenida Ipiranga, então endereço da sede tricolor.
No começo do ano, como era praxe, as rádios tocavam, exaustivamente, marchinhas carnavalescas. A de maior destaque em 44 era cantada por Francisco Alves: “Eu brinco”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz. O refrão pegara: “com pandeiro ou sem pandeiro, eu brinco”.
A música foi lembrada no jogo que praticamente decidiu o título daquele campeonato.
Dacunto ficou fora da partida, cumprindo a suspensão surpresa. Valdemar Fiume foi escalado, tomou conta do posição e, por tabela, do jogo: Palmeiras 3×1.
Palmeirenses foram do Pacaembu ao Parque Antártica cantando:
– Com Dacunto ou sem Dacunto, eu ganho!
A frase resiste até hoje, pelo menos memória dos veteranos palestrinos e – por que não? – dos tradicionais torcedores do SPFC.
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SÓ PRA CHATEAR
PALMEIRAS NO MUNDO DO LICENCIAMENTO E DA PROPAGANDA . ANOS 1956 E 1961
FALA JOT
Comments (4)
Donato, o lúcido
Muito bacana a história do Dacunto. Meu tio Orlando, que faleceu há pouco mais de hum mês com 96 anos, me contou alguns detalhes adicionais: a suspensão do Dacunto foi tao repentina que os dirigentes da SEP tiveram de buscar o Waldemar Fiume em casa, pois ele não jogaria aquele jogo. Outro detalhe é em relação à marchinha que, na realidade, era: “com Dacunto ou sem Dacunto o são paulo era um defunto”
Jose Roberto Tammaro
Muito boa Jotinha
Rogério Lugó
Jota, brilhante texto! Eu não conhecia essa do “Com Dacunto ou sem Dacunto, eu ganho!”. Parabéns!
Mario kaminski
Esse causo do Dacunto com ou sem Dacunto,eu ja
Eu já tinha ouvido do meu tio que era fanático pela SEP.