A regra do impedimento e a punição da alegria do gol
Sobre a regra de impedimento, que atualmente vigora no futebol, tenho muitas restrições a forma como pune o atacante.
Desde que conheço um pouco de regras, a orientação era priorizar o gol, que é o objetivo máximo do futebol, a orientação antes das alterações era que, na dúvida, deixe o lance seguir.
Em 2007, veio esta regra absurda: o bico da chuteira está na frente? Ou o ombro à frente, ou qualquer parte do corpo do atacante? Fica caracterizado o impedimento. Tal situação só não se caracteriza quando são os braços, pois estes não “jogam”.
Em um jogo da libertadores de 2018, Palmeiras E Boca Juniors, o atacante Deyverson estava colado à linha lateral. Na sequência da jogada, saiu um gol do Palmeiras. Seria o primeiro do jogo – na ida, o Boca venceu por 2 a 0.
Foi feita a verificação no VAR e Deyverson estava com o bico da chuteira avançado em relação ao penúltimo defensor no início da jogada. O gol foi anulado. Pergunto: qual a vantagem que o atacante teve em estar com um pé 10 centímetros à frente do defensor? O que prejudicou a ação do defensor este bico da chuteira à frente?
Na Libertadores de 2020, no jogo Palmeiras e River Plate (segundo jogo, sendo que no primeiro o Palmeiras venceu por 3 a 0 na Argentina), saiu o terceiro gol dos argentinos. O VAR foi buscar uma imagem no início da jogada que o atacante estava impedido.
O gol, que seria o terceiro, foi anulado. Na continuação do lance invalidado, a defesa teve inúmeras oportunidades de frustrar o ataque adversário e não o fez.
Na época da mudança do entendimento da regra, em 2007, eu estava na ativa, ministrando aulas de arbitragem e regras de futebol. Comentei que esta situação iria desvirtuar o objetivo do jogo, que é o gol.
Para mim, se fosse uma equação matemática, estaria com a resposta correta, porém, com o sinal invertido.
Explico. Deveria ser assim: o atacante só estará impedido se todo seu corpo estiver à frente. Qualquer parte do corpo, exceto os braços, que estiver na mesma linha do penúltimo defensor estará em condições de jogo. Assim o objetivo do futebol estaria priorizado.
Outro detalhe importante que esta regra trouxe ao futebol, com o advento do VAR: a comemoração do gol perdeu totalmente o clima e emoção, pois o torcedor tem que aguardar a decisão de uma cabine, com toda parafernália eletrônica, para decidir se o gol foi valido ou não. E ainda assim há equívocos nas decisões depois de um longo e angustiante tempo para análise e decisão.
Concluindo, a Fifa deveria deixar a regra mais precisa e priorizar a festa do torcedor nos estádios – ou em sua própria casa, em frente ao televisor – considerando mesma linha o atacante ter uma parte do corpo em relação defensor (exceto braço ou mão). Isso facilitaria para todos, inclusive para traçar as linhas do VAR e deixaria a festa pela comemoração do gol menos angustiante.
Comments (15)
Arbitragem de Wilton Pereira Sampaio: SEP 1×0 VAS – 3VV
[…] O maior pecado neste jogo, não foi cometido pelo árbitro, mas pelas regras esdrúxulas de que milímetros do atacante a frente, estará impedido. Já falamos sobre este assunto na matéria de fevereiro de 2022 (https://3vv.com.br/novo/a-regra-do-impedimento-e-a-punicao-da-alegria-do-gol/). […]
Arbitragem de Bráulio da Silva Machado AMG 1×4 SEP – 3VV
[…] mesmo sentimento. Com relação a esta regra do impedimento e anticlímax gerado, na matéria https://3vv.com.br/novo/a-regra-do-impedimento-e-a-punicao-da-alegria-do-gol/, falamos sobre este […]
Ronaldo Antonio Ramires
no Brasil qualquer regra, vão dar um jeito de melar, avacalhar, burlar e tudo isso autorizado pela CBF e endossado péla Globbels.
As mudanças nas regras da arbitragem para o Brasileiro 2023 –
[…] Falei sobre o assunto na matériahttps://3vv.com.br/novo/a-regra-do-impedimento-e-a-punicao-da-alegria-do-gol/ […]
PAULISTĀO 2023: ARBITRAGEM DE FLAVIO RODRIGUES SEP 0X0 SBS –
[…] matéria postada no site www.3vv.com.br, (https://3vv.com.br/novo/a-regra-do-impedimento-e-a-punicao-da-alegria-do-gol/), escrevo sobre esta regra em detalhes. Em que pese correção em anular dois gols, teve uma […]
Gustavo Aroni
É só voltar como era antes e teremos alegria. Basta acabar com o var, o juíz marcou o pênalti e deu o gol, não pode voltar atrás, impedimento, na dúvida sempre pró ataque, o bandeirinha apenas bandeirar (marcar impedimento e saídas de bola, decidindo pra quem é a posse) e parar de assinalar faltas. Para mim, a tecnologia é fria, inimiga da alegria.
Porco Nervoso
Respeito sua opinião, mas no nosso caso a tecnologia é inimiga da alegria e o jeito antigo de apitar é amiga da gambazada.
Gustavo Aroni
Falei de alegria do futebol, do gol, que é o contexto do post, não alegria nos resultados. Se o Corinthians foi beneficiado, e nós prejudicados no passado, é questão de falta de lisura, de honestidade, e isso independe de tecnologia.
Porco Nervoso
Ok. Mas eu não fico alegre vendo meu time sendo assaltado.
Os gambás fazem um gol impedido sem o VAR, o juiz valida e aí vem aquela alegria… Deles.
O Palmeiras faz um gol legítimo sem o VAR, o juiz anula e o que seria alegria vira revolta e frustação.
Prefiro a tecnologia, o roubo é menos escancarado.
Porco Nervoso
*frustração.
Gustavo Aroni
Porco, o Palmeiras foi o campeão do século sem VAR. O Corinthians ficou 80 anos sem ganhar um Brasileiro, 23 sem ganhar um Paulistão (hoje paulistinha), tudo sem VAR.
Porco Nervoso
Muito bem observado!
Só que as coisas mudaram de umas décadas pra cá.
Muita “interferência externa”…
Porco Nervoso
A regra está aí, é complicada e complexa, e apesar de ser chata acho que deve ser cumprida.
O que pode se fazer é mudá-la radicalmente.
Por exemplo, eu sou a favor de acabar com o impedimento, em contrapartida só valeria gol fora da pequena área e nenhum atacante poderia pisar nela ou invadir o “espaço aéreo” da mesma.
Resumindo, a pequena área seria exclusiva do goleiro e dos jogadores do seu time.
Outra coisa que não faz sentido é o lateral com as mãos, até porque o nome do esporte é futebol e não handebol. Colocaria a bola em cima da linha lateral e o adversário teria que ficar a uma distância a ser estudada, menor que as 10 jardas exigidas numa falta.
Oiti Cipriani
Não Maurício. Se o atacante estiver em posição de impedimento e atrapalhar a ação ou visão do goleiro deve ser punido. Hoje formam segunda barreira um metro da barreira defensora para atrapalhar a visao do goleiro e é válida. Se o atacante estiver em posição de impedimento e não interferir no jogo não deve ser punido. Minha análise é se estiver a frente do penúltimo defensor, porém o pé estiver na mesma linha, segue o jogo. Meu questionamento é punir o gol por detalhes ínfimos. Esclarecido? Abracos
Maurício
Pela sua proposta, o jogador só estaria impedido se tivesse todo o corpo a frente. Vamos aqui imaginar um lance idêntico, jogo São Paulo e Palmeiras pela libertadores que Volpi falhou. Não foi marcado impedimento porque só tinha defensores do São Paulo, que encobriu a visão, havendo situações igual a essa o jogador de ataque pode deixar uma perna junto ao goleiro atrapalhar a visão dele o mesmo solta e faz o gol é isso?