Arbitragem com critério e boa condução

Por Oiti Cipriani

JOGO: JUVENTUDE X PALMEIRAS                                        

DATA: 21/05/2022

ÁRBITRO ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­: Marcelo de Lima Henrique (CBF-Ce)

ARB.ASSIST.1: Nailton Junior de Sousa Oliveira (CBF-Ce)

ARB. ASSIST.2: Marcia Bezerra Lopes Caetano (CBF –Ce)

ARB. VAR: Emerson de Almeida Ferreira (CBF-Ce)

ÁRBITROS ‘VELHOS’?

Antes de começarmos a falar da arbitragem do jogo em si, vamos falar um pouco do árbitro principal. Marcelo de Lima Henrique é um arbitro ex-FIFA, completando 50 anos nesta temporada. Até alguns poucos anos atrás, o árbitro com 45 anos era jubilado e compulsoriamente aposentado.

A Federação Inglesa entrou com um pedido junto ao órgão máximo do futebol pedindo para aumentar o limite para 50 anos em razão de ter muitos árbitros na Liga Inglesa com 45 anos em plenas condições físicas e técnicas para continuar arbitrando futebol.

A FIFA agiu como Pôncio Pilatos e lavou as mãos, deixando a critério das federações considerar o árbitro apto até os 50 anos, e Marcelo de Lima entrou neste rol. Continua arbitrando jogos até o final desta temporada, quando será jubilado. Mas venhamos e convenhamos, com total mérito.

Continua um bom árbitro e, diante da baixa qualidade de nossos juízes, poderia continuar com o escudo maior de árbitro internacional. Mas aí entra a determinação da FIFA:  nos seus quintais vocês podem elevar para 50 anos, mas, no meu quintal, continua com 45 anos.

BOM SENSO NAS ESCALAÇÕES

Antes da análise do jogo, vamos fazer um outro comentário. Os clubes, principalmente de pequeno e médio portes do futebol nacional, vivem com o pires na mão, com atrasos de salários, demissão de funcionários, atraso de impostos, etc. (times grandes também!).

Então qual é o sentido em escalar equipe de árbitros do Ceará para trabalhar em um jogo em Caxias do Sul (apesar do árbitro principal residir no Rio de Janeiro e ser filiado à Federação do Ceará por arranjos políticos, como é habitual no futebol brasileiro)?

Marcelo Henrique apitou bem em Caxias do Sul (FOTO: CESAR GRECO/PALMEIRAS)

No mínimo serão seis pessoas para os clubes arcarem com despesas, fora as taxas de arbitragem – hospedagem, diárias, deslocamentos. Não são valores desprezíveis. E tudo isto multiplicado por no mínimo três jogos mensais em seus domínios.

Não seria mais econômico e mais logico escalar árbitros do Paraná ou Santa Catarina para economizar o suado e minguado dinheirinho dos clubes? Mas, enfim, os clubes aceitam, quem somos nós para dar palpites nas escolhas dos “entendidos”?

AVALIAÇÃO GERAL: BOA ARBITRAGEM

Isto posto, vamos a análise da arbitragem do jogo. Como disse acima, Marcelo Henrique é um árbitro prestes a ser jubilado, ex-FIFA, com muita experiência e respeito dos jogadores, mesmo não ostentando mais o brasão internacional. O Palmeiras venceu bem o Juventude por 3 a 0.

Achei muito boa a arbitragem dele, que teve um componente que acho primordial para se fazer uma boa arbitragem: CRITÉRIO. Usou como critério contatos físicos, permitido nas regras do futebol – no limite de faltas, não assinalar nenhum destes atos, deixando o jogo fluir.

Teve somente um senão no caminho adotado, onde abandonou esta prática: nos acréscimos, assinalou um contato físico do jogador do Palmeiras Wesley sobre um defensor e assinalou falta – seria escanteio, mas, como estava no final do jogo, não teve maiores consequências.

Assim, com este comportamento, manteve os jogadores aceitando suas marcações ou a falta delas, então não teve qualquer problema disciplinar, apresentando somente três cartões amarelos para o Juventude por faltas acima do tom.

PARTIDA BEM ADMINISTRADA

Assinalou 20 faltas do time gaúcho contra 6 do time paulista, e aqui justifica-se os três cartões amarelos. Se for observado, não houve nenhum cartão disciplinar por reclamação contra a arbitragem, quando algum jogador começava a reclamar (como o zagueiro Foster), com apenas um gesto de mão encerrava o problema.

Os assistentes foram poucos acionados, assinalando somente 3 impedimentos. O VAR não foi acionado nenhuma vez.

Concluindo, em que pese o Palmeiras ter dominado o jogo, e o Juventude não ter oferecido muita resistência, o trabalho pode ser definido como acima da média das arbitragens nacionais, que anda tenebrosa, mesmo com árbitros considerados de padrões internacionais.

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Comments (1)

  1. Wilian Valdemir Zaccaria

    Também gostei do Marcelo apesar da idade

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