Polêmica do VAR entre River e Velez

Por Oiti Cipriani

A polêmica sobre o gol anulado do River pelo VAR, no jogo ocorrido na última quarta-feira, 6 de julho, no estádio Monumental de Nuñes, Buenos Aires, entre River Plate e Velez Sarsfield, valendo vaga nas quartas de final da taça Libertadores da América de 2022, ainda está rendendo nas mídias e redes sociais.

O gol do time do River, que possivelmente levaria a decisão para os pênaltis, caso se mantivesse em 1×0, foi anulado pelo VAR, comandado pelos brasileiros Rafael Tracci e Braulio da Silva Machado.

A polêmica está ocorrendo em razão do árbitro principal de campo, o chileno Roberto Tobar, que é um dos bons árbitro sul americanos, ter validado o gol e após isso, foi requisitada sua presença junto ao monitor do VAR, para verificação de suposta mão do atacante Matias Suares.

Alegaram os responsáveis pelo VAR, que o atacante ao cabecear a bola, a mesma tocou em seu braço antes de adentrar ao gol.

Assisti ao desenvolvimento da jogada, ouvindo o diálogo do VAR com o árbitro e fui congelando a imagem “frame a frame”; me pareceu que a bola efetivamente toca no braço, na altura do cotovelo, portanto o VAR estava correto, conforme vídeo do link abaixo.

http://www.espn.com.br/video/clip?id=10608144

Polêmica VAR: a bola bate na mão?

Foi publicado em jornais argentinos e divulgada em redes sociais a bola tocando no braço do atacante.

Fazendo duas analogias deste lance com o VAR enfaticamente anulando o gol e da foto:

i. tem muita semelhança com o gol marcado pelo jogador Patrick do São Paulo contra o Palmeiras no jogo de ida da Copa do Brasil do corrente ano, que mesmo com fotos, vídeos, etc., não se define claramente se tocou ou não na mão antes de entrar no gol;

ii. com relação à foto, que mostra o braço sendo tocado pela bola antes do gol, nos remete a 24 anos atrás, no pênalti cometido e marcado por Junior Baiano, no jogo entre Brasil e Noruega, na Copa do Mundo da França, em 1998, que nenhuma câmera oficial conseguiu captar e o árbitro norte americano Esfandiar Bahamas, foi afastado da Copa pelo suposto erro. Posteriormente um cinegrafista amador captou a imagem da falta que realmente havia acontecido.

Mas, como trata-se de lance polêmico, vamos ver o que diz a letra do protocolo, no item 3, identificação de erro, sobre interferência do VAR em decisão de campo:

“A decisão original dada pelo árbitro não será alterada a menos que a revisão do vídeo mostre claramente que a decisão foi um ‘erro claro e óbvio’.

Portanto, depois desta explanação acima, partindo do pressuposto que a bola tocou no braço do atacante antes de adentrar a meta, e pelo diálogo divulgado, ficou claro que o árbitro precisou ser “convencido” da infração, visto não a ter percebido. Diálogo abaixo reproduzido do vídeo e de matéria da ESPN.COM.

  • VAR: “Vamos ao cruzamento. Mais atrás, vamos pegar direto. Vem de trás. Quero a micro para ver se é só cabeça. Pausa, aí. Uma outra câmera. Estamos checando uma possível mão do atacante. Looping. Pega na mão. Quando bate, pode ver que toca”.
  • VAR: “Tobar, possível mão no gol”.
  • Roberto Tobar: “Vamos, estou aqui”.
  • VAR: “Está no ponto de contato”.
  • Roberto Tobar: “Deixa ela correr. Me dá outro ângulo”.
  • Roberto Tobar: “Para mim é gol”.
  • VAR: “Creio que é a melhor imagem. Cabeceia e há uma troca de direção”.
  • Roberto Tobar: “Não me parece. Tenho que ver de novo”.
  • VAR: “Pega na mão. O atacante cabeceia em seu próprio braço que está aberto e faz o gol”.
  • Roberto Tobar: “A ver. Me dá outro (ângulo). Esta para trás. Outra mais”.
  • VAR: “Calma, vamos mostrar de novo. Tranquilo, tome o seu tempo. Olha, o atacante cabeceia, pega em seu braço e há mudança de direção”.
  • VAR: “Está aí o ponto de contato. Ele cabeceia e está em ponto de contato, certo? Deixa continuar. Tira com a mão, braço. Me parece mão, me parece para anular”.

Nesse caso, qual a decisão correta? Anular o gol, como foi feito, baseado nas imagens? Ou validar o gol, baseado no protocolo da FIFA em relação ao VAR?

O que para nós parece evidente é que tanto no Brasil, quanto na América do Sul, e mesmo na Europa – um pouco mais evoluída no uso do VAR e com árbitros mais bem preparados – ainda há muito a se evoluir no assunto “interferência do VAR” nos lances polêmicos.

E para nós, “meros” torcedores: como ficamos sobre isso? qual sua opinião amigo do 3VV e leitor dessa coluna?

Comments (3)

  1. Arbitragem Brasileira: onde está a origem do problema? – 3VV

    […] semana coloquei em outro post o protocolo da FIFA para utilização do VAR, que repetimos aqui:“A decisão original dada pelo árbitro não será […]

  2. Diogo Belotto

    Tenho certeza que se no VAR estivessem árbitros de outros países o gol seria validado. Isso é mania de brasileiro querer aparecer e saber mais do que deve.

  3. Porco Nervoso

    Imagem congelada em alta definição é uma coisa, vídeo do lance em câmera lenta ou velocidade normal é completamente diferente, não dá pra chegar à conclusão se raspou ou não no braço. A única coisa que dá pra ver é que o atacante cabeceia a bola e não é claro a mudança da trajetória.
    O gol não deveria ser anulado pelas imagens na hora do jogo.

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