1914 – Nascimento, vida, paixão e glória do Campeão do Século Parte 1: Pré Fundação
Por Jota Christianini
A pré fundação!
No início do século XX, jovens italianos e oriundi decidiram fundar um clube cujo objetivo principal seria a formação de um time de futebol que representasse toda a enorme colônia italiana, diante das grandes equipes da elite paulistana. A presença no Brasil, do Torino e do Pro-Vercelli impulsionaram a vontade dos jovens.
Havia pouco mais de três décadas que a Itália havia sido reunificada, fato não muito claro para a imensa maioria dos que já estavam por aqui.
Luigi Emanuelle Marzo e Luigi Cervo, funcionários das Indústrias Matarazzo, encabeçavam esses jovens, a imensa maioria italianos ou descendentes.
Existiam diversos clubes de italianos, mas cada um representava uma província ou então destinavam-se a atividades outras que não o futebol, esporte que já contava com apreciadores em grande número. Procuraram o FANFULLA, jornal em língua italiana, e pediram a publicação de uma carta, redigida pelo jovem Vincenzo Ragognetti, 18 anos, que se tornou, imediatamente, entusiasta da ideia da fundação de um time de futebol.
“Pela formação de um quadro Italiano de Futebol em São Paulo.
São Paulo, 14 de agosto de 1914.
Egrégio Sr. diretor do “Fanfulla”:
Uma palavra apenas e para esta um cantinho no vosso jornal. Eis do que se trata: alguns conhecidos futebolistas italianos, mas associados à clubes brasileiros, encarregaram-me de escrever-vos acerca de um projeto pôr eles idealizado, entre dois goles de café, fazendo-me então compreender que tal projeto o vosso jornal deverá se tornar o propugnador e o propagandista.
Nós temos em São Paulo – afirmam os referidos esportistas – o clube de futebol dos alemães, dos ingleses, dos portugueses, dos internacionais e mesmo dos católicos e dos protestantes, mas, um clube que seja exclusivamente de “sportmen” italianos, e sendo nossa colônia a maior do Estado, nada se tentou ainda realizar!
Futebolistas italianos que jogam bem encontram-se em São Paulo, porque, de comum acordo, não reunimos os referidos senhores, e assim como temos associações de remo, filodramáticas, mundanas, patrióticas, etc., etc., de estrutura italiana, poderemos também ter um clube de futebol exclusivamente de italianos”.
Aí fica a proposta dos futebolistas italianos; com vossa senhoria, diretor, o comentário.
Vincenzo Ragognetti”
Dias depois, 19 de agosto, no mesmo jornal apareceu o comunicado:
PALESTRA ITALIA
Foi organizada uma diretoria provisória, para a formação de uma sociedade que será denominada Palestra Italia (nota do redator: Italia sem acento).
A sociedade compreenderá: seção filo dramática e dançante; seção esportiva objetivando a organização de um time puramente italiano para o jogo do “football”.
Os aderentes, que até ao momento se compõem de estudantes e empregados no comércio, reunir-se-ão hoje às 20 horas no Salão Alhambra, à rua Marechal Deodoro nº 2, (atual Rua do Riachuelo) com o fim de eleger a diretoria provisória e para a completa formação da sociedade.
Este comunicado foi publicado sob os auspícios de funcionários da indústria Matarazzo, pertencentes à sociedade Recreativa Bela Estrela e oposicionistas à diretoria daquela entidade. Desgostoso com a atitude da direção da “Bela Estrela”, o grupo de empregados da Matarazzo pensou em retirar-se e formar uma sociedade dançante à parte, com respectiva seção esportiva.