Quem é o dono de um clube de capital aberto?

Por Luís Fernando Tredinnick*

Quando um clube abre o capital, surge uma pergunta muito importante: quem fica sendo o DONO do clube?

Existem duas respostas para isso, dependendo do tipo de abertura de capital, como exemplificado no gráfico abaixo:


Se
o clube vender mais do que 50% das ações na abertura de capital, a
propriedade do clube fica pulverizada no mercado. O problema é que ele
pode ser comprado a qualquer momento por um investidor ou grupo de
investidores. Foi exatamente o que aconteceu com os clubes na
Inglaterra, onde o caso mais famoso provavelmente foi a compra do
Chelsea pelo russo Abramovic.

Na tabela abaixo estão detalhadas as últimas compras de clubes ingleses por pessoas de fora da Inglaterra.

A possibilidade de um clube de capital aberto ser comprado por um milionário ou por um grupo de investidores É MUITO ALTA! Considerando-se que os clubes tem uma série de receitas ainda a ser desenvolvida, o potencial de lucro para quem comprar QUALQUER CLUBE BRASILEIRO na situação atual é MUITO GRANDE!

E DAÍ?

E
daí que essa pessoa, ou grupo, que “compra” o controle do clube pode
fazer o que quiser com o clube. Fica sendo o responsável pela política
de contratação de jogadores, divisão de base, patrocínios, etc.

Imaginando
isso na realidade brasileira, vamos supor que tanto o Palmeiras quanto
o Corinthians tenham ações na bolsa. Vamos supor também que o Palmeiras
vale R$ 300 milhões e o Corinthians vale R$ 100 milhões (lógico que a
diferença de valores seria muito maior na realidade;-).

Um belo
dia, alguém com dinheiro como o Antonio Erminio de Moraes, corinthiano,
resolve comprar os dois times (a fortuna dele é avaliada em bilhões,
então isso seria factível). Aí ele resolve mudar a sede do Palmeiras
para Alagoas e resolve que (infâmia) a Arena Palestra Itália passa a
ser o estádio do Corinthians.

O que poderíamos fazer contra tais ações?

Basicamente NADA! O Antonio Ermino seria legalmente DONO dos dois times, e portanto, poderia fazer o que ele quiser….

CONCLUSÃO:

Particularmente
eu acredito que a possibilidade de um clube de futebol ser propriedade
de uma única pessoa algo ruim para o futebol.

O dono do clube
pode até mesmo ter uma influência benéfica para o clube, mas caso o
clube esteja tendo problemas, existe muito pouca coisa que os
torcedores possam fazer. Devemos lembrar que várias empresas já faliram
porque seus donos (fundadores ou herdeiros) se recusaram a realizar
mudanças necessárias.

Aliás, interessante pensar no estrago que
poderíamos ter com herdeiros brigando pelo poder dentro do clube (se
isso acontece em empresas gigantescas como a Ford, imagine com um
clube).

E você leitor, o que acha?

Nos próximos posts
vamos analisar uma abertura de capital com a venda de menos de 50% das
ações, os efeitos positivos da abertura de capital e sugerir alguns
passos para a abertura de capital dos clubes. Como vocês podem
perceber, esse é um tema que merece ser explorado por todos nós
apaixonados por futebol.

Saudações AlviVerdes

*Luis
Fernando Tredinnick escreve todas as sextas-feiras no 3VV, explicando a
quem conhece e também a quem não conhece, os números no futebol.