Allianz Parque
Arena Palestra e a Copa 2014
O Palmeiras rompeu o silêncio sobre a Arena. No dia do lançamento da parceria com a Visa, Luis Gonzaga Belluzzo deu entrevistas falando sobre o projeto do Palmeiras. “Nosso projeto existe, é bom e não precisa de dinheiro público. Será todo financiado por investidores”, afirmou Belluzzo em entrevista ao Estadao e Lance!.
Marcelo Solarino, assessor para assuntos internacionais, afirmou “Queremos ser a base da seleção da Itália no ano do nosso centenário”.
No evento perguntei ao Solarino rapidamente sobre a questão do investidor. Como já relatado aqui em posts anteriores – Leia a SÉRIE ARENAS na barra lateral – o Palmeiras estava negociando com uma empresa que iria montar o plano de negócios para atrair investidores. De acordo com Solarino outra empresa teria surgido interessada em bancar o investimento e captar novos investidores.
Nesse sábado confirmei esse tema com o Professor Belluzzo que afirmou que o investidor existe e tem interesse na arena. E diferente do outro parceiro, que ainda não teria sido descartado, esse está capitalizado para investir no projeto. Durante essa semana haveria mais uma reunião para avançar o tema. Vamos acompanhar de perto esse importante tema para o Palmeiras e nossa imensa torcida!
E SOBRE A COPA?
Recentemente o Vice-Presidente de Futebol Gilberto Cipullo afirmou que o mais importante para o Palmeiras não é sediar a Copa do Mundo, mas ter uma arena moderna que possa sediar todos os jogos com mando do Palmeiras.
Concordo! Soa como um negócio meio de “aproveitador oportunista” querer empurrar o seu estádio para sediar a Copa e assim obter financiamento público para revitalizar elefantes brancos perdidos por aí. Não é o estilo do Palmeiras desde a sua fundação, agora não poderia ser assim.
Por outro lado, Belluzzo e Solarino tocaram em dois pontos fundamentais na entrevista ao Estado: i. ser a sede da Itália no Brasil; ii. não usar dinheiro público para o evento;
Em matéria da semana passada da revista Veja, “O Valor de uma Copa no Brasil”, os jornalistas Daniel Salles e Marcio Orsollini fizeram uma reportagem sobre a necessidade de investimentos. Estima-se que no Brasil seja de US$ 5 bilhões. Na matéria, afirma-se que os principais problemas do Maracanã e Morumbi seriam a área da imprensa e os estacionamentos.
Agora é o 3VV falando: estacionamento é um problema do clube. No caso do Morumbi, qual a solução? Colocar embaixo do estádio ou em cima? Ou pensa em usar a área bem em frente ao estádio, que pertence à Prefeitura? Só para citar pequenos exemplos, um Shopping Center não tem autorização hoje da Prefeitura para sair do chão se não mostrar qual a solução viária da região, inclusive com estacionamento. Qual a solução do Morumbi?
A matéria da Veja no entanto não afirma o problema de falta transporte coletivo. E para se resolver problema de transporte coletivo é preciso dinheiro público. Ou não?
Já em outra matéria, desta vez da revista Isto É Dinheiro desta semana, o Presidente da CBF volta a afirmar que “Nenhuma cidade das 18 está definida como sede, assim como nenhuma está excluída”. Na mesma matéria há o seguinte trecho:
“O ex-Presidente do Banco Central, Carlos Geraldo Langoni, responsável pelo planejamento financeiro da candidatura, estima que o Brasil vai gastar
na Copa 2014 cerca de US$ 6 bilhões. Os novos estádios receberiam US$
1,2 bilhão e os demais US$ 4,8 bilhões seriam aplicados em obras de infra-estrutura. “A situação da Alemanha era melhor do que a nossa, eles tinham
estádios modernizados e nós vamos ter que começar praticamente do zero”, disse
Langoni à DINHEIRO. Especialistas calculam, no entanto, que o valor total chega próximo a R$ 18 bilhões, pouco menos de US$ 9 bilhões.”
Já o periódico britânico Financial Times perdeu a fleugma no dia 30 de outubro ao criticar a escolha do Brasil como sede da Copa. E citou uma frase atribuída a Ricardo Teixeira:
“Mr Teixeira, who will lead the World Cup organising committee, has said that Brazil’s two biggest stadiums – Maracanã in Rio and Morumbi in São Paulo – would be used only if they were knocked down and rebuilt.”
ou traduzindo:
“Sr Teixeira, que chefiará o comitê ogranizador da Copa, disse que os dois maiores estádios brasileiros – Maracanã no Rio e Morumbi em São Paulo – seriam usados somente se eles fossem “ao chão” e reconstruídos”.
E eu peço desculpas, mas sou obrigado a ser deselegante e perguntar aos jornalistas, torcedores e dirigentes que defendem tanto o Morumbi como sede para a Copa: qual parte vocês ainda não entenderam: “ir ao chão” ou “reconstruir”?
E DAÍ PRO PALMEIRAS?
No momento que o projeto da reforma do estádio volta à baila exatamente dias após a confirmação do Brasil como sede da Copa 2014, o palmeirense cria expectativas. E nesse caso cabe ser bastante realista: o Palestra de hoje não tem condições de abrigar jogos da Copa do Mundo. E nem o Morumbi! Nem qualquer outro estádio brasileiro. Mas com a reforma, o Palestra terá condições. E, pelo menos é o que afirmam Solarino e Belluzzo, projeto aprovado e investidor já existem.
Portanto não se trata de ficar atirando pedra no Morumbi por puro prazer. Mas o ponto é: vai investir recursos públicos em um estádio sem condições? vai se construir um novo estádio (já citaram a Arena Barueri)? ou que tal usar uma arena compatível, moderna, bem localizada, e que não usou dinheiro público, que poderá ser aplicado em saúde, educação e segurança? Em excelente matéria de hoje do SporTV2, mostraram os estádios portugueses que receberem recursos da Federação Portuguesa para o Euro2004 e hoje são excelentes estádios mas não se pagam por falta de equação econômica para o empreendimento. Foram concebidos como estádios e não arenas multi-uso. E aí não há taxa de retorno que aguente.
Até porque a Copa do Mundo não parece trazer atrativos financeiros para os donos dos estádios. A FIFA impõe restrições ao uso das arenas e eu me pergunto qual a contra-partida financeira para um clube em sediar a Copa do Mundo. Veja quadro com imagem da matéria do jornal Zero Hora de 30.10.07. No quadro em destaque, três tópicos me chamaram a atenção:
> FIFA fica com rendas de direitos de TV, patrocínios, ingressos e exploração de hotéis;
> O estádio e dois quilometros em seu entorno serão explorados comercialmente pela FIFA;
> FIFA aprova os projetos de estádios, com direito de veto e poder troca de sede.
Por essas e por outras que eu insisto que a Arena Palestra (ou qualquer que seja o nome) tem que ser priorizada para o Palmeiras e sua torcida. Podemos sediar um jogo, ou então ter a Seleção Italiana treinando no nosso estádio e fazendo amistosos no ano do nosso centenário.
Mas o mais importante é que o Palmeiras tenha uma arena compatível com o seu gigantismo e da sua torcida. E isso por si só já basta!
Saudações Alviverdes!
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Correção: visão aérea do Palestra.