As preocupações de sempre… e um feliz 2024

Por Vicente Criscio

No último post do ano vamos mais uma vez falar do tema patrocínio.

A vida dos outros

Matéria publicada dia 28 de dezembro no ge.globo.com informava que o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou mudança de patrocinador Master: o BRB deixa de estampar sua marca no peito da camisa do Flamengo e o site de apostas Pixbet passa a ser o principal patrocinador, com R$ 170 milhões para dois anos de contrato, o equivalente a R$ 85 milhões por ano.

O BRB passou para o “omoplata”, com um contrato de três meses, ao valor de R$ 6,2 milhões. Se anualizado, isso seria mais R$ ~25 milhões. Anunciou ainda a marca ABC Construções para o short.

O portal termina informando que a camisa tem um valore de R$ 225,8 milhões. O link da matéria do ge.globo.com pode ser acessado clicando aqui.

Explicando os números

Há alguns números que precisam ser corrigidos na matéria.

Por exemplo o valor da Adidas de R$ 69 milhões por ano envolve o chamado “enxoval”. Ou seja, todo o material esportivo usado durante o ano pelo time principal está precificado aqui. Se for considerar o valor líquido, ou seja, o caixa que entra no Flamengo, podemos estimar em 50% do valor informado. Pode ser um pouco mais, pode ser um pouco menos.

Outro dado na tabela acima que gera uma certa confusão é o valor do patrocíonio do omoplata. A matéria considerou como valor da camisa anual o omoplata a R$ 6,2 milhões. Na verdade esse é o valor que o BRB pagou por três meses de patrocínio. A partir de abril de 2024 o Flamengo poderá ter outro patrocinador e aumentar mais o valor anual de sua camisa.

Outro dado que pode passar desapercebido é o valor do patrocínio do calção. Apesar do patrocinador anunciar R$ 7,1 milhões por ano, há R$ 1,2 milhão em permuta. Portanto o valor “cash” é R$ 5,9 milhões.

Considerando estes ajustes podemos estimar que a camisa do rival que polariza com o Palmeiras o (atual) domínio do futebol brasileiro (esportiva e economicamente) pode chegar ao valor de R$ 190,6 milhões.

E nós?

Nós, o Palmeiras, está preso em uma bolha chamada Crefisa/FAM. A Presidente do Palmeiras e também Presidente da Crefisa, refuta a tese do conflito de interesses. Mas o fato é que temos um patrocínio de R$ 81 milhões (mais prêmios) por toda a camisa e calção. Vamos estimar para efeitos de comparação que a Crefisa pode ainda pagar R$ 20 milhões adicionais em prêmios se o Palmeiras ganhar alguns campeonatos ao longo do ano. Seu ticket, pela camisa inteira, baterá (arrendondando) cem milhões de reais (R$ 100 milhões).

Ainda por hipótese, que a Adidas deixe os mesmo R$ 35 milhões em “cash” que estimamos para o Flamengo. Logo, o valor da camisa, calção, meião, do futebol profissional masculino do Palmeiras equivale a R$ 135 milhões (cento e trinta e cinco milhões de reais). O equivalente a 29% inferior ao do Flamengo.

E sendo bem generoso com os números palmeirenses nessa comparação.

Conflito de interesses

Qualquer um que defenda a tese de que NÃO HÁ conflito de interesses na negociação Palmeiras x Crefisa/FAM está comentendo uma desonestidade intelectual enorme.

Recentemente alguém da diretoria me afirmou que há uma governança na nossa patrocinadora e que o departamento de marketing é responsável e independente para decidir sobre o patrocínio.

É muito difícil acreditar nisso, dado que a Presidente do Palmeiras e da Crefisa tem por estilo a centralização das decisões.

Outro ponto que poderia evitar a tese, ainda que descabida, de conflito de interesses, seria a diretoria executiva do Palmeiras conduzir uma concorrência, com transparência e um grupo independente da atual Presidente participando.

Essa ideia foi proposta em recente reunião do Conselho Deliberativo e completamente ignorada pela Presidente e sua Diretoria.

Há o velho provérbio: “à esposa de Cesar não basta ser honesta; tem que parecer honesta“. Esse provérbio é perfeito porque a imagem – principalmente nos dias de hoje – significa tanto quanto o que realmente acontece.

Mas o que ainda depõe contra a Diretoria de Marketing é que não percebemos um crescimento importante das receitas de marketing nos últimos anos. Enquanto isso, nossos rivais – Flamengo, Corinthians, Atlético MG, SPFC – anunciam parcerias e crescimento de receitas. Algumas podem até ser “vapor d’água”. Mas outras seguramente são firmes.

2024 e prá frente….

No dia 22 de dezembro publiquei um post falando sobre contratações e orçamentos. Os números daquele post não consideravam a matéria acima sobre as receitas do rival.

No Canal 3VV publiquei um vídeo sobre esse assunto.

Os números são dinâmicos, mas a preocupação é a mesma: sabemos que para sermos bem sucedidos dentro de campo precisamos de um orçamento robusto de receitas e geração de caixa, para podermos ter os jogadores que nosso treinador precisa para manter um time competitivo e disputar todas as competições para ganhar.

Orçamento robusto implica em receitas de marketing. Todas elas. Incluindo Patrocínio e Publicidade.

Portanto, ficam aqui duas perguntas, que se respondidas adequadamente podem minimizar a preocupação do palmeirense mais atento:

1. O que nossa Presidente está fazendo para terminar seu primeiro mandato com um viés de crescimento sustentável em nossas receitas?
2. Como a Diretoria de Marketing do Palmeiras irá neutralizar qualquer conflito de interesses nesse processo de renovação do contrato de patrocínio?

Estamos aguardando ansiosamente as respostas!

Feliz 2024

Fica aqui, para todos os amigos do 3VV, nessa última postagem do ano, o desejo de um feliz ano de 2024, com saúde, progresso, projetos realizados, e que possamos fazer a colheita de tudo aqui que plantamos.

Saudações Alviverdes!