Gramado sintético: uma narrativa oportunista e covarde

Por Vicente Criscio

Entre ausência de debate no Conselho Deliberativo da SEP e os quatro pênaltis perdidos pelo time mais querido pela mídia brasileira, o assunto que não pode ficar de fora da nossa pauta é a campanha orquestrada contra um dos maiores diferenciais competitivos do Palmeiras: o Allianz Parque.

Não, não estou em devaneio… quando você, palmeirense, ler ou ouvir qualquer baboseira contra os gramados sintéticos no Brasil, entenda que estão atacando uma fonte de receita importantíssima para a SEP: seu estádio, construído em parceria com uma empresa privada, com um contrato mais que analisado e criticado por amigos e adversários, e que não tem escândalo, propina, dívidas com a Caixa, nem outros esquemas semehantes.

Contexto

Não precisa ser um gênio das finanças para perceber que o Allianz Parque trouxe para o Palmeiras, a partir de sua inauguração em fins de 2014, mais receitas de bilheteria, novas receitas com Naming Rights e exploração de propriedades de marketing, além de uma atmosfera que invariavelmente coloca mais de 90% de ocupação para uma torcida que canta e vibra.

O gramado sintético, colocado em fevereiro de 2020, permitiu à parceria WTorre/Palmeiras maior exploração de receitas com shows ao mesmo tempo que diminuiu a necessidade de se jogar em outros estádios.

Isso, aliado a vários outros fatores, fez com que o Palmeiras atingisse um patamar de receita acima de bilhão, e uma competitividade dentro de seu estádio que outros grandes do Brasil não possuem.

A narrativa

O CR Flamengo vem orquestrando há tempos uma narrativa sobre os riscos de lesão para jogadores quando do uso do gramado sintético.

Balela!

Especialistas já foram categóricos ao afirmar que não há evidências destes malefícios. Ao contrário. A SEP publicou recentemente fatos comprovanto que o Palmeiras é o clube no Brasil com menor número de lesões em seus jogadores.

Mas o adversário não se cansa. Usa a sua influência junto à grande mídia – que aliás ajudou a formar um clube que só é conhecido a partir da década de 70 pelas mãos de Walter Clark e da família Marinho – para fomentar a narrativa falsa de que os gramados sintéticos precisam ser proibidos. Veja matéria abaixo do principal porta voz do time carioca sobre clubes pedindo à CBF que não aprove novos gramados sintéticos (matéria de 12/12/2025).

https://ge.globo.com/futebol/noticia/2025/12/12/clubes-pedem-a-cbf-que-nao-aprove-novos-gramados-sinteticos-ate-nova-reuniao-em-2026.ghtml

O absurdo é tão grande que o treinador do Flamengo chegou a citar o futebol europeu para pedir a proibição de gramados sintéticos no Brasil. Por coerência ele deveria citar o que aconteceria na Europa se um jogador de futebol fosse investigado pelas autoridades policiais sobre participar de manipulação de resultados nas bets. Ou ainda o que aconteceria na Europa com dirigentes de um clube que foi responsável pela morte de crianças dentro do seu centro de treinamento em um incêndio, enquanto dormiam em contêineres.

Os atores da farsa

Além da grande mídia, os jornalistas pró Flamengo também atuam em nome da instituição. Alguns são famosos e dispensam comentários.

Um deles, notável pela maneira como defende o CR Flamengo e sofre quando o clube sofre um revés dentro de campo, chegou a chamar o gramado sintético nos estádios brasileiros de “grama de plástico”.

Ignorância ou má fé? Difícil responder.

Por detrás de um “gramado sintético” há anos de desenvolvimento feito em laboratórios por especialistas, engenheiros, técnicos, … . Há especialistas que desenvolvem novos materiais, entre eles, a tal da grama sintética, onde há uma enorme tecnologia envolvida.

Portanto quem chama de “grama de plástico” demonstra tremenda ignorância sobre o assunto.

Importante falar o que a mídia não fala

Óbvio que, por sermos palmeirenses, vamos defender nossa instituição, nossas fontes de receitas, nossas fontes de valor, tanto quanto defendemos nossa história e nossa bandeira.

Mas vamos falar a real…

  1. Primeiramente, o que mais nos deixa indignados na discussão sobre gramado sintético aqui no Brasil é que ela é política e guiada por dois clubes rivais (SPFC e CRF) que querem sabotar a capacidade de arrecadação do Allianz Parque com shows. Não se trata da saúde dos atletas, beleza do espetáculo, etc, e todos nós, aqui no 3VV, nas outras mídia palestrinas, nas redações dos outros veículos e grupos de mídia, e nos gabinetes de diretores dos nossos rivais, todos nós sabemos disso;
  2. É absolutamente descabido, é completamente irracional, falarem contra o gramado sintético enquanto os gramados naturais são uma grande merda (perdão) incluindo Maracanã;
  3. O Palmeiras, o Botafogo, o Athletico e outros que possuem estádios com gramado sintético podem até discutir com os que têm gramado natural – bem como aqueles que nem estádio tem, como por exemplo o Flamengo – sobre padronização dos gramados. Mas o que seria padronizar os gramados em um país tão diverso geograficamente como o Brasil? Padronizar na Inglaterra e na Alemanha é fácil, mas e aqui? A mesma grama pode ser usada em Caxias do Sul e Fortaleza? Em Belém e Curitiba? Essa é uma discussão técnica porém pouco ou quase nada debatida aqui;
  4. Como palmeireneses vamos sempre defender o gramado sintético. Entretanto, e temos que estar prontos para esta discussão – entendeu Presidente da SEP? – entendemos que em algum momento as federações, FIFA, etc, vão estreitar esta regra e poderão inclusive proibir o seu uso. A questão central é: por que? qual o critério? saúde dos atletas? dinâmica do jogo? Qual o argumento técnico e científico para não usarem o sintético? Existe isenção nessa escolha da FIFA, Conmebol, e principalmente da CBF?
  5. E finalmente, cedo ou tarde esse lobby feito aqui no Brasil vai vencer os sintéticos e teremos que voltar ao natural. Não teremos muito o que fazer, mas eu quero crer que Real Arenas e Palmeiras já saibam o tamanho do prejuízo que teremos se formos forçados a abrirmos mão de shows. Como cobrir o prejuízo?

A conclusão é: os autores desta discussão – SPFC e CRF – estão bombando esta narrativa porque o primeiro perdeu o espaço que achou que teria no primeiro escalão do futebol sul americano e passou a ser um time “mediano”. Seu estádio é ultrapassado, suas finanças estão à beira do colapso e precisam de um fato novo em um jogo onde a soma é zero. O segundo, não tem estádio, sua história começou na década de 70 alavancada por uma emissora que dispensa comentários e hoje conseguiu às custas de Petrobras, Lubrax, BRB e outros quetais chegar onde chegou. Quer matar o único rival para poder surfar sozinho no futebol brasileiro. E com isso ataca um dos ativos mais relevantes do seu rival – o Allianz Parque – enquanto ele mesmo não consegue viabilizar o seu.

A narrativa que estamos assistindo nos últimos meses por parte destes dois atores do futebol brasileiro é oportunista, covarde, e tem como único objetivo atacar um clube que construiu suas competências em mais de um séculos sem dinheiro público, sem maracutaia, sem odebrechts e governos parceiros. E isso nos dias de hoje parece ser algo inaceitável na cabeça de alguns.

Saudações Alviverdes!

***

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Comments (5)

  1. Donato, o Lúcido

    Excelente post!
    Apenas uma pequena correção: A Juventus de Turim, maior campeã da Itália e clube de maior torcida daquele país, esteve envolvida em escândalo de manipulação de resultados. Foi punida, perdendo os títulos da temporada 2004/2005 e 2005/2006 e rebaixada à série B do Campeonato Italiano. O Flamerda matou 10 crianças, por negligência e descaso – algo muito mais grave do que manipulação de resultados – e sequer foi punido. Deveria, no mínimo, ser jogado à série C.

  2. Infelizmente nos falta um representante bater de frente com esses caras e essa imprensa marrom. Ontem o cara que narrou o jogo no Sportv do “queridinho” do Brasil, disse que a situação estava tensa. kkkkk. Só se fosse para ele. Quanto aos vizinhos do muro, primeiro precisam consertar o telhado, haja goteiras, depois falar alguma coisa a respeito do nosso estádio.

  3. Concordo plenamente com você Criscio.

  4. Pinho – Bauru, SP

    Mais um texto perfeito…. parabéns Criscio!!!

    • E faço um adendo a postagem: se a Globo é a porta-voz do Flamengo, Mauro Cézar Pereira é a tênia sollium rubro-negra nos portais e UOL’s da vida que reverbera, bosteja, vomita (o que vocês escolherem) tudo o que for contra o Palmeiras.

      Em tempo: vendo a final ontem da Copa do Brasil, fico estarrecido, revoltado e incrédulo de saber que perdemos um título paulista e eliminados por aquele acúmulo de chorume que entope os ralos e contamina o lençol freático, um tal de Itaquerano.

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