Corneta do Cunio: Conjecturas

Por Alberto Cunio

Estressados alviverdes, conjecturas, com a grafia “antiga”, mas ainda vigente. É mais bonita. Pode ser que não tenha usado o exemplo mais adequado de nosso léxico, mas vou continuar assim mesmo.

 

Fugindo a filosofias mais profundas sobre “de onde viemos” e “para onde vamos”, conforme a coluna da semana passada, gostaria de dividir com vocês uma coisa mais “light” e que nos mostra como o esporte e entretenimento que escolhemos como nosso maior foco é muito instável e assemelha-se às vezes a um cassino. Pequenos fatos, sutis decisões, todos são responsáveis por resultados extremamente positivos ou na mesma dimensão, catastróficos. E também somos vítimas disso. O maior problema é sermos SEMPRE vítimas. Sem síndromes, nem paranóias.

 

Estávamos a uma vitória de retomarmos a liderança antes do jogo contra o Fluminense. Jogo crucial, que dele dependia e muito nossa sorte no campeonato. Vínhamos de uma goleada sobre o Goiás e um empate creditado até como “heróico” contra nossos rivais da Marginal sem número. Apesar dos pesares, parecia ser uma sobrevida a nossa campanha titubeante, mas que estava retomando seu rumo e tinha tudo para chancelar o tão sonhado e merecido título para quem liderara tanto tempo um campeonato tão difícil.

 

Contra nós tínhamos: o calor infernal do Rio de Janeiro, na grade estipulada de forma estúpida pela Rede Globo, que se esqueceu junto com a CBF do Teixeira que estamos no horário de verão; a imprensa e os adversários, loucos para ver o circo pegar fogo nos lados do Parque Antártica e fazer com que nosso título virasse pó. Foi uma semana intensa de críticas e ataques; e por último, nosso adversário: o Fluminense. Em ascenção meteórica (aliás o meteoro acabou por se espatifar antes de ontem em Quito), o time das Laranjeiras parecia querer editar o impossível, quando as estatísticas já lhe davam o rebaixamento como quase inevitável (98% de chances).

 

Tudo começou dentro do esperado. O Palmeiras com cautela, o Fluminense pressionando. Eles precisavam da vitória muito mais do que nós. Sem ela, hoje estariam virtualmente rebaixados. Duas defesas do Marcos nos primeiros 20 minutos ceifaram as primeiras e únicas chances até então de nosso desesperado oponente.

 

A partir daí passamos a controlar a partida. A tranquilidade da equipe, que em até certos momentos irrita até os mais contidos palmeirenses, estava muito bem encaixada no contexto. O domínio progressivo nos levaria a abertura do placar e de lá em diante ao controle absoluto do confronto. Evidente, já que um estádio com mais de 50.000 torcedores vendo seu time perder e rumar para a Série B, entraria em colapso e desespero gradativos, fazendo com que nossa tarefa ficasse cada vez mais fácil.

 

BINGO! Chegamos ao que queríamos: cruzamento, Obina de cabeça, gol. Vibração, gritaria, fogos e palavrões de desabafos. A “zica” estava enforcada. Ressurgíamos rumo ao título e daí para frente era administrarmos a vantagem. O plano de Muricy Ramalho para o embate no Maracanã dera o resultado esperado, dentro do previsto até no tempo de jogo. O final de jogo nos traria um vento gelado e refrescante naquela mufla carioca, jogando uma cachoeira de animação e euforia que faria a corrida para os ingressos do jogos seguinte contra o Sport parecer final de Copa Libertadores.

 

Quis assim o destino que as decisões prévias extra-campo prevalecessem ao real. O imaginário tomou conta da história. O desespero tricolor se transformou em euforia. O vento gelado em labareda, incendiando o moral, ânimo, coragem e fé de todos os atletas e torcedores verdes. Tudo por causa de um apito. Ou melhor, um sopro nele na hora certa, mas com o intuito errado, seguido pelo gesto errado. CORNETA para o apito? Não sei. Mas a forma como ele agiu naquele momento apagou a nossa luz. Por mais um ano.

 

 


Comments (12)

  1. Marco Túlio de Vasconcelos Dias

    Concordo com o que vc falou na coluna. Mas a perda efetiva do titulo nosso nao foi aí, nao foi (somente) pora causa desse jogo. Alem dos fatores ‘Globo/SJTD/Impren$$inha/CBF/J.Havelanga/Arbitragem – pro bambi’, temos que lembrar que nos tb ‘bobeamos’ muito. Era a gente ter ganho do Avai em casa e do Flamerda em casa q o titulo era nosso…

  2. Rodrigo Bucciolli Pereira

    Pois é Alberto, depois deste jogo, ou assalto, eu ainda acreditava no título. Eu começei a desacreditar depois do primeiro tempo do jogo contra o Grêmio. Ali eu tive a certeza que o Palmeiras tinha acabado de perder o título, faltando 45 minutos para acabar aquele jogo. Conjecturando, com a sua licença, se o Mauricio e o Obina tivessem deixado para se arrebentar dentro do vestiário, todo o time tivesse que intervir para separar a briga, e depois o Marcos desse uma lição de moral em todo mundo, o time talvez voltasse fortalecido, com sangue nos olhos e virasse a partida. Hoje estaríamos na liderança do campeonato. Vai saber.
    Hoje como um torcedor irracional que eu sou já voltei a acreditar um pouco no título. Apesar de ser quase impossível.
    Parabéns pelo texto.

  3. 9- Entendi Cunio fica tranquilo!

  4. #5 Rocha, você que é um cara inteligente e comentarista brilhante do 3VV sabe: ninguém aqui está dizendo que apenas o resultado contra o Fluminense é a causa do insucesso. Apenas digo que ele estirpou nossa reação no momento crucial da competição. Ajudados contra o Cruzeiro e Barueri? Fomos sim, mas lembre-se do Coritiba, do pênalti no DS-7 contra os bambis que o Braghetto (palmeirense!) não marcou… Coisas de campeonato. O jogo contra o Flu era O jogo da rodada.

    #8 Álvaro, nem sei o que falar sobre este cidadão. Só sei que o cacife dele é tão grande nos bastidores que prefiro nem bater de frente.

    Quem teve a oportunidade de ver o Belluzzo ontem no Arena Sportv viu o que ele disse quando o repórter disse que a imprensa até estava pegando leve com ele e que se fosse o Eurico Miranda estariam pedindo cadeia. “Só que o Eurico Miranda nunca foi suspenso por 270 dias…”. Esta é a ISONOMIA do STJD…

  5. Alvaro G Mucida

    Justificativa #1
    “Apitei a falta antes de a bola chegar. O Obina puxa o zagueiro e posteriormente o zagueiro puxa o Obina, que mesmo puxado fez o gol de cabeça. O jogo já havia parado. Se a televisão não pegou, é outro problema. Eu vi no campo.”
    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Palmeiras/0,,MUL1372668-9872,00-SIMON+AFIRMA+QUE+NAO+TEM+RABO+PRESO+E+DIZ+QUE+VIU+FALTA+DE+OBINA+EM+MAICON.html

    Justificativa #2
    “No campo de jogo, eu apitei bem antes de a bola chegar ao atacante do Palmeiras. Ele deixa o braço, impedindo que o jogador do Fluminense chegue na bola. Portanto, na minha opinião, foi falta naquele momento e eu continuo com a mesma decisão.”
    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Palmeiras/0,,MUL1374151-9872,00-IRREDUTIVEL+SIMON+JUSTIFICA+ANULACAO+DO+GOL+DE+OBINA+E+POLEMICA+PERSISTE.html

    No Brasil, parece que nem confissão vale como prova de crime.

  6. Alvaro G Mucida

    Sabe o que é engraçado?

    O ponto crucial das afirmações do Belluzzo, ou seja, o DOLO por parte do Simon, não foi debatido de forma mais ampla.

    Qualquer um com mais que dois neurônios que tenha acompanhado o caso de perto percebeu que o Simon mudou sua justificativa para anular o gol mais de uma vez. Ora, isso não é evidência de que há algo de podre no reino da Dinamarca? Por que será que ele não foi questionado? Será que não havia um único repórter com um pouquinho de inteligência e coragem para pelo menos cobrar uma explicação para a mudança nas justificativas?

    É possível que não tenha havido dolo? Aliás, como é possível que esta pergunta não tenham nem sido debatida?

    Existem erros e erros. Há aquelas jogadas em que é humanamente impossível para o árbitro apitar com convicção pois seu ângulo de visão e a rapidez dos fatos simplesmente não lhe dão essa possibilidade. Ainda assim, ele precisa tomar uma decisão, e obviamente não pode ser condenado se errar. O lance do Obina e o pênalti no Danilo não eram esse tipo de lance.

    Infelizmente praticamente ninguém tem coragem de apontar que o rei está nu.

    A cereja no bolo é que tem palmeirense que cai na falácia de que fomos incompetentes e logo não podemos ou devemos debater esse tipo de coisa.

  7. Emerson Prebianchi

    Depois do lirismo do Cunio só mesmo o peso do AC-DC!
    Estremos lá para limpar a alma com boa musica e encerrar o ano se Deus permitir com a vaga da Libertadores e a certeza de que para vencer temos que superar arbitros cbf e adversários!

  8. Sinceramente não concordo com esta cornetada não se a gente tivesse ganhado em casa contra o Sport e Avai. Com certeza hoje a gente estava na liderança ficar chorando um jogo que foi roubado não da né.
    E como a gente ganhou roubado do Cruzeiro.
    É isto. Pra mim foi mais culpa do time do que da arbitragem.

  9. Pessoal, antes de mais nada, desculpem a formatação errada, mas o Criscio arrumará mais tarde.
    #1 Sé, não se preocupe: o AC/DC estará lá no Penicão, sei que isso é lamentável. Mas deixe que eu farei a minha parte, dançando e cuspindo na pipa de isopor que fica no gramado. Afinal, Alberto e AC/DC estarão SEMPRE juntos.

    #2 Zambon, o dia eum que vc encontrar alguém da imprensa bambi-gambá que esteja disposto a falar bem do Palmeiras, me avise. Não sei se viverei para ver isso.

    #3 Raul, desculpe o lapso: o goleiro era o Bruno mesmo. Que para mim, falhou no gol do Fred. O Marcos teria feito das suas defesas espetaculares naquele momento. Normal…

  10. Alberto ótimo relato de mais um roubo contra o nosso Palestra.
    Sem querer ser chato, tempo para uma correção, quem jogou aquele jogo foi o Bruno e não o Marcos que havia sido expulso contra os gambás.

    Mas voltando ao texto , penso que perdemos o título, nos tropeços contra Avaí, Náutico, Flamengo e St. André, nestes jogos perdemos o que é uma das coisas mais importantes em um time de futebol: A confiança!!

    Depois desses jogos o que se viu foi um time que quando tomava um gol abaixava a cabeça e não tinha mais forças para sequer tentar uma reação.

    Mas vida que segue, por incrível que pareça ainda temos chances e por mais remotas que possam ser, temos por obrigação, torcer muito neste domingo… tocer e secar!!
    Abraço!!

  11. Cornetada antiga, mas que não deverá ser apagada da memória dos palmeirenses ao menos enquanto aquele pilantra estiver tungando pelos gramados do Brasil.
    Queria aproveitar e mandar uma cornetada bacana para o Jornal da Tarde (SP). O repórter setorista do Palmeiras, o Juliano Costa, não sei se saiu em férias ou trocou de emprego. Sei que colocaram um tal de Marcel Rizzo que só sabe fazer futrica sobre o clube. Era melhor deixarem a página reservada ao Palmeiras em branco!

  12. Sérgio Modesto Frugis

    Fala Alberto! Ótimo texto, como sempre.
    Eu tenho encontrado muitos palmeirenses que estão chateados com o time, com nossa própria incompetência. Eu até concordo parcialmente, mas não podemos esquecer que nesse campeonato todos os times que estão brigando pelo título tiveram grandes momentos de incompetência. E para nós, junto a nossa própria incompetência veio o fator extra-campo atrapalhar em momentos cruciais, esse já citado por ti, e nos jogos do Falcatrua Clube contra o Barueri, Grêmio e Vitória. E agora essa anti-torcida, desse anti-time podre ainda se acha prejudicada pelo STJD, e diz que há manipulação a favor do Flamengo… engraçado, elas conseguem ver manipulação em 2005 e 2009, mas não percebem nada de estranho em 2006, 2007 e 2008… o gentinha alienada… e assim seguem os campeonatos de pontos manipulados…E off-topic: hoje estou até com dó do AC/DC, uma banda maravilhora pisar dentro daquele antro de podridão nojento… kkkkkk sorte do Metallica e Maiden que fizeram grandes shows no Palestra!
    E para concluir, força presidente Beluzzo! Não deixe a imprensa desgraçada e os hipócritas de plantão tirem a sua vontade de lutar!!!

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