A decadência da arbitragem paulista

Por Oiti Cipriani

Começou o Campeonato Paulista e em três rodadas já deu para perceber que a arbitragem paulista a cada ano perde sua qualidade e quantidade.

Olhando as escalas da terceira rodada, percebemos que trata-se de um jogo de paciência, com cartas marcadas. São sempre os mesmos escalados, e a grande maioria com qualidade duvidosa.

Vamos voltar no tempo, um ano atrás, no primeiro jogo da final de 2022. O árbitro Douglas Marques das Flores assinalou um tiro penal contra o Palmeiras, quando o jogador Marcos Rocha, protegeu o rosto de uma bolada.

O árbitro a poucos metros da jogada, com a visão totalmente aberta, deu prosseguimento ao jogo. O VAR extrapolando suas funções e protocolos, chamou o árbitro central e o convenceu que o pênalti deveria ser marcado.

A “Presidente da Comissão de Arbitragem” durante o jogo, foi flagrada no camarote da equipe mandante e posteriormente postou nas redes sociais uma foto junto a equipe de Arbitragem com a palavra ORGULHO! 

Orgulho de que cara pálida?

Da lambança? Do árbitro do VAR que não conhece suas funções e o protocolo da função? Do árbitro central que não tem personalidade e é inseguro para manter sua decisão de campo? 

Como se dizia na Roma antiga: “a mulher de Cesar não basta ser honesta: tem que parecer honesta”.

Cabidão!

Nos dias de hoje, em um jogo de futebol profissional, são alocadas 13 pessoas, tornando-se um verdadeiro cabide de empregos, tudo às custas dos clubes que estão com pires na mão, vendendo o almoço para comprar o jantar.

Para quem não conhece a estrutura da arbitragem de um jogo de futebol, listamos abaixo as funções determinadas no jogo Palmeiras x São Bento: 

  • Árbitro
  • Árbitro Assistente 1
  • Árbitro Assistente 2
  • Quarto árbitro
  • Árbitro do VAR
  • Assistente do VAR
  • Observador VAR
  • Quality Manager (???)
  • Analista de Vídeo
  • Técnico de Garantia da FPF
  • Operador de Replay
  • Técnico de Garantia do Estádio
  • Assistente de Área de Revisão

Olhando mais a fundo, os senhores acham que gerente de qualidade (Quality manager) exerce suas funções a contento? VAR e AVAR exercem suas funções a contento? E a FPF não tem um observador de arbitragem em campo, que relate a falta de qualidade técnica dos árbitros escalados?

Eles não aparecem na escala do jogo. Conforme explanado acima, existem credenciados pela FPF, vários ex árbitros, convertidos a analista de arbitragem.

Então perguntamos: eles têm autonomia para relatar o que de fato aconteceu (como eu tenho aqui nesse espaço, só pra dar um exemplo claro) ou têm que escrever o que a Comissão quer ouvir, para não diminuir o prestigio dela e perder escalas? 

Pela qualidade do trabalho nos jogos, são muitos “aspones” para pouca ou nenhuma eficiência. 

Sr. Gustavo Caetano Rogerio

Os ditados antigos dizem que só sentimos saudades das coisas boas que aconteceram e as ruins normalmente esquecemos.

Então que saudades da época do Sr. Gustavo Caetano Rogerio como componente da Comissão e  diretor da EAFI-Escola de Arbitragem Flavio Iazzetti (mesmo com os críticos e opositores), entre os anos de 1990 e 2002.

Vejam a quantidade de excelentes árbitros que foram formados: Alfredo Loebeling, Anselmo da Costa, Eduardo Coronado, Romildo Correa, Rodrigo Cintra, Guilherme Cereta, Sálvio Spínola, Rodrigo Braghetto, Élcio Borborema, Cleber Abade, os irmãos Oliveira (PC e LF).

E ainda não falei de árbitros assistentes, com alguns ainda na ativa. Se fossemos relacionar todos, o espaço não comportaria. E por que era assim? Na época do Sr. Gustavo Caetano procurava-se formar árbitros e homens.

E após sua saída?

Árbitra Edina Alves Batista; crédito Divulgação SEP; Cesar Greco, by Canon

Fui ainda puxar pela memória. Após a saída de Gustavo Caetano, quantos árbitros top de linha foram revelados? De memória lembro de somente alguns: Raphael Klaus, Vinicius Furlan, Vinicius Gonçalves Dias, Matheus Delgado Candançan (campeonato 2022 foi jogado em uma fogueira para apitar Palmeiras x Corinthians. E, vejam só, Edina Alves Batista, que em fevereiro de 2020 apitou Palmeiras x Santos no Pacaembu (eu estava lá), e sua atuação me encheu tanto os olhos, que fiz até uma postagem no Facebook. Segue o link abaixo (facebook.com/oiticipriani). 

Como não convivo mais diariamente no meio da arbitragem, não posso confirmar, mas dizem que ela subiu nos saltos, empinou o nariz e esta cavalgando a soberba, e que seu trabalho caiu muito. Vejam por exemplo minha última análise do jogo Palmeiras 0x0 SPFC (clicando aqui), o atual trabalho da Sra. Edina.

Hoje temos árbitro paulista na FIFA, muito prestigiado, que na época destes acima citados, apitariam no máximo A-3 e ainda convivemos com o nepotismo do clã Holanda (*), que colocou toda a família na Federação Paulista.

E assim, pela FPF e os responsáveis pela arbitragem no nosso Estado, priorizarem muito mais a “ação entre amigos” e o “politicamente correto” no pior sentido, em detrimento à meritocracia, entende-se porque a arbitragem de São Paulo está afundando como a âncora de um transatlântico parado em alto mar.  

Saudações!

***

Oiti Cipriani escreve a coluna Observatório Arbitrale no 3VV. Não necessariamente a opinião dos colunistas coincide com a opinião do site 3vv.com.br e seus responsáveis.

(*) A matriarca do clã é Regildenia de Holanda, que é vice-presidente do SAFESP, Sindicato de árbitros de SP. Como profissional foi uma árbitra “mezzo calabresa e mezzo mozzarella”, fraca tecnicamente mas tinha preparo físico melhor que muitos árbitros.

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