Abel e a reação desproporcional da mídia

Por Oiti Cipriani

Sumário

Oiti Cipriani aponta nesse post, na perspectiva de quem já foi árbitro, os estressores que levaram Abel a ter a atitude que teve na partida contra o Flamengo em Brasília. E com sua sensibilidade não apenas Palestrina, mas também de ex-árbitro, comenta a reação exacerbada e desproporcional de alguns jornalistas.

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Em outubro de 2022, fiz uma matéria sobre as desavenças entre Abel Ferreira com a arbitragem (https://3vv.com.br/novo/abel-ferreira-perseguido-ou-indisciplinado/).

No último sábado, 28 de janeiro de 2023, na final da Super Copa em Brasília na partida Palmeiras 4×3 Flamengo, tivemos outra polêmica envolvendo o nome do técnico português, treinador do Palmeiras.

Foram duas situações criadas por ele, que podem e devem ser criticadas. 

As situações

Fonte: redes sociais

A primeira, quando se interpôs entre a bola e o jogador Arrascaeta do Flamengo, em uma reposição de lateral. Olhando friamente a regra e situação, ele mereceria o cartão vermelho e não amarelo, como foi mostrado.

A segunda, já no final do jogo, últimos segundos de um longo acréscimo de oito minutos, em um jogo onde os dois times se preocuparam em jogar futebol e não ficar retardando a partida com simulações ou goleiro segurando reinicio, o que desencadeou a reação do técnico palmeirense foi a não marcação de um escanteio para o Palmeiras, onde a bola claramente desviou em um defensor. Tanto o árbitro e seu assistente apontaram tiro de meta (!!??) onde desencadeou-se a reação intempestiva do português.

Ilustrando a situação: escanteio para seu time, faltando alguns segundos; os dois atacantes batem o escanteio e seguram a bola próximo a bandeira de tiro de canto. O tempo se escoa, e fim da partida. Recurso totalmente válido. Com o “erro” do árbitro e seu assistente, foi dada uma nova chance de ataque ao Flamengo, que teoricamente, poderia resultar em gol. E para piorar foram acrescido mais dois minutos, totalizando 10 de acréscimo, aparentemente reflexo das longas recuperações de tempo da Copa do Qatar.

Consequências

Todo este imbróglio deixou o técnico possesso, que reclamou e xingou em altos brados e merecidamente recebeu cartão vermelho. Inconformado, chutou o microfone de captação de som ambiente (não sei por que ainda é permitido este aparato eletrônico junto à área técnica). E tudo isso poderia ter sido evitado, SE o árbitro tivesse mais concentração e prestasse mais atenção em seu trabalho. 

Famoso quem?

Alguns “ilustres jornalistas” (FAMOSOS QUEM?) viram uma oportunidade para surfarem na onda do prestigio de Abel Ferreira e saíram fazendo correlação e apologia de influência das suas atitudes, as mais diversas e esdrúxulas imagináveis.

Uma delas foi a “correta e verdadeira” Milly Lacombe. Aquela que tem em seu currículo uma confusão com Rogerio Ceni quando este ainda era jogador. Foi desmentida no ar, ao vivo e a cores, Posteriormente foi processada por ele e condenada pela justiça a pagar uma indenização por danos morais.

Depois deste episódio, voltou ao seu obscurantismo e só saiu dele poucos dias atrás, quando lacrou pela votação dos jogadores profissionais que elegeram Pedrinho, do Sportv, como o melhor comentarista esportivo.

Mais além, segunda-feira no programa Seleção Sportv, um jornalista gaúcho, que jamais ouvira falar, associou as reações de Abel Ferreira com o goleiro Bruno, condenado pela Justiça, pela morte da sua namorada, trazendo inclusive dúvidas com a situação mental de Abel.

O Palmeiras, em nota, prometeu que iria processar tanto Lacombe quanto o ilustre desconhecido jornalista gaúcho. Este se retratou na rádio Guaíba de Porto Alegre, mas … convenhamos, você falar em difusão nacional e se retrata em uma rádio local, é o mesmo que o cara bater em seu BMW, dar perda total e te ressarcir com um Fiat 147.

Nesta 4a feira surge nas mídias que a famosa Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, através de seu ilustre e famoso presidente Alfredo Sampaio (alguém já ouviu falar deles?), quer também seus 5 minutos de fama e pedir uma punição ao treinador por sua interposição entre a bola e Arrascaeta e que suas expressões em campo são de ira, e acabou por atrapalhar a cobrança do lateral.

Seria trágico se não fosse risível. Onde estava esta famosa Federação quando Cuca fez o mesmo com o Marcos Rocha? Onde estava esta famosa Federação quando o Mano Menezes usou de expressão chula com a bandeira em um jogo do Inter? E quando Vitor Pereira chutou o microfone, no jogo contra o Boca Juniors? Onde estava esta famosa Federação quando em 2022, no jogo Água Santa e Palmeiras o árbitro Salim Fende Chavez agarrou o jogador do Água Santa, Rodrigo Sam, pelo pescoço, sob a desculpa esfarrapada de evitar uma briga? Onde estava esta famosa Federação quando Fagner acabou com a carreira do jogador Ederson do Flamengo? 

Concluindo

As atitudes de Abel Ferreira na beira de campo muitas vezes extrapolam a razoabilidade e merecem críticas na medida certa, além de uma reflexão do treinador.

Entretanto, olhando do outro lado do balcão, você vê todo o trabalho de uma semana, um mês ou um ano jogado no cesto do lixo por um árbitro despreparado ou mal formado ou mal orientado ou mesmo mal intencionado.

E convenhamos, Abel tem motivos para tal irritação: lembram-se da desclassificação do Palmeiras na Copa do Brasil, onde “esqueceram” de verificar a linha de impedimento? ou ainda o pênalti cometido por Arturo Vidal em Gustavo Gómez, no jogo Palmeiras x Flamengo, em que o árbitro Ramon Abatti Abel na ânsia de recomeçar o jogo, ouviu do VAR a orientação “foi pênalti, mas agora já foi”?

As críticas ofensivas e grotescas dos “ilustres famosos quem” jornalistas, bem como do presidente de tal entidade, são insignificantes. Ponto de exclamação, diria o verdadeiro jornalista! Mas ao mesmo tempo indicam que existem mais coisas entre o céu e a terra nessa verdadeira perseguição da mídia do que podemos ver nesta vã filosofia de botequim que se transformou a imprensa esportiva brasileira.

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Comments (4)

  1. O mais engraçado é que somente a “imprensa” não gosta do Abel, pq pelo menos entre as pessoas do meu convívio, Palmeirenses ou não, TODOS, sem exceção, acham o trabalho do Abel espetacular, e gostariam de tê-lo como técnico de seus times. Claro, perfeito ele não é e o temperamento às vezes extrapola um pouco, mas isso também não é exclusividade do nosso querido portuga, convenhamos. Como eu ignoro toda e qualquer informação da nossa maravilhosa imprensa esportiva, consigo conviver facilmente com isso.

  2. No lance que o Abel bloqueia o Arrascaeta vale lembrar que ele não tocou na bola e estava dentro de sua área técnica, ao contrário do Cuca, que dominou a bola e arrancou da mão do Marcos Rocha.
    Amarelo ficou de bom tamanho no momento do jogo.
    Em relação às críticas ao Abel, quem não é palmeirense esperneia, chora, sangra, não se conforma.
    Tudo normal, que continue assim.

  3. Benjamim Benson

    Acompanho as postagens de vcs sobre arbitragem. Aqui vejo ângulos que a mídia não mostra, tipo está. Excelente abordagem. Parabens

  4. Parabéns, disse tudo. O portuga incomoda muita gente, principalmente essa imprensa marrom. Enquanto isso, só vai ganhando títulos. kakakaka

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