Analisando o passivo palmeirense
Por Luis Tredinnick
Apaixonados alviverdes, a coluna Futebol com Números volta em 2021!
Depois de uma temporada 2020 extremamente vitoriosa – e mais ainda, incomum – com os títulos de 2020 sendo decididos em 2021, muito se comenta sobre a necessidade de reforços no nosso time para fazer frente aos investimentos feitos por outros dois clubes: Flamengo e Atlético-MG.
O discurso oficial tem sido sempre sobre a necessidade de se manter as contas equilibradas e, por isso, não há como “fazer loucuras”. Apesar de ser um discurso correto, também é responsabilidade dos mandatários aumentar a receita para fazer frente aos concorrentes. Teremos vários artigos sobre isso (afinal, dizem muito duas frases de dois mandatários de grandes clubes, pois enquanto um diz “não estamos satisfeitos”, outro diz “missão cumprida”).
Neste artigo vamos ver como as finanças do Palmeiras se comportaram em 2020 e 2021 em relação às dívidas (que no balanço são chamadas de “passivo”).
Analisar as finanças de quaisquer clubes nesses dois anos é um desafio, já que com a pandemia muitas das receitas e custos de 2020 acabaram migrando para 2021 distorcendo completamente os resultados. Por exemplo, os valores de premiação da Libertadores 2020 entram no resultado de 2021 (e vamos combinar que ganhar a Libertadores 2021 vai ser maravilhoso para poder dizer que ganhamos duas Libertadores em um único ano, assim como já fizemos isso no campeonato Brasileiro).
Enfim, vamos examinar o balanço do Palmeiras.
No relatório de 2020 temos uma verdadeira “jabuticaba” onde os atuais mandatários criam um termo chamado “Dívida Histórica” que seriam as dívidas das administrações anteriores – incluindo os impostos parcelados – e que o “Passivo Real” seria o passivo total menos essa “Dívida Histórica” e menos a dívida com a Crefisa. Isso seria engraçado se não fosse trágico.
Imagina se um presidente assume uma empresa e diz que ele não tem nada a ver com as dívidas feitas antes do seu mandato? E, sim, com a Crefisa temos uma dívida, já que temos que pagar de volta para a Crefisa caso vendamos o jogador ou caso o contrato com o jogador acabe e a gente não consiga vender para ninguém. E, sabe como é, quando você tem que pagar alguém, independente de como e quando, isso se chama dívida.
O balancete de agosto quase não dá detalhes, então pode ser que algo tenha escapado, mas de maneira geral, o que podemos concluir a priori:
- A situação da dívida em agosto de 2021 é levemente pior do que em dezembro de 2019 e melhor do que em dezembro de 2020:
- A dívida total salta de 551 milhões em 2019 para 566 milhões em agosto de 2021
- A dívida de curto prazo (passivo circulante) que deve ser paga nos próximos 12 meses aumentou de 222 milhões em 2019, para 281 milhões em 2020 e finalmente para 295 milhões em agosto de 2021 – e essa sempre é parte preocupante, já que o que costuma trazer problema para as empresas é a falta de dinheiro no curto prazo
- Houve um grande aumento de Provisão para Contingências (que são perdas esperadas pelo Palmeiras) em 2020 devido a uma cobrança relativa à compra do volante Wesley em 2012 (!!!) – como em abril de 2021 o Palmeiras fechou um acordo, ao invés de Provisão, uma parte foi paga e a outra parte virou dívida
- A situação da dívida do Palmeiras é bem melhor do que as dos demais clubes
- O valor da dívida é menor do que a maioria dos clubes (Atlético-MG, Flamengo, São Paulo, Corinthians, por exemplo – mas depois teremos mais análises sobre isso)
- A relação entre receita e dívida no Palmeiras é muito melhor do que a maioria dos clubes, pois além da dívida ser menor do que a maioria dos clubes, a receita é a segunda maior do país, portanto a relação receita/dívida fica bem mais favorável
Bom então quer dizer que poderíamos ter investido mais em contratações? Bem, isso é assunto para os próximos posts.
Saudações AlviVerdes
Comments (1)
Fabiano
Muito bom texto do Trednnick! Aguardando pela parte 2!