Análise da Arbitragem R19
Por Danilo Cersosimo
Amigos
do 3VV, com o término da 19ª rodada chegamos ao final do 1º turno do
Brasileirão. No que tange a arbitragem o balanço foi positivo – apesar
dos erros continuarem acima do desejável e de certos times serem mais
beneficiados do que outros.
Digo isso, pois, pela primeira vez
se discute com um pouco mais de profundidade os critérios da arbitragem
no Brasil no sentido de parar o jogo excessivamente a qualquer contato
físico. A comparação com a arbitragem sulamericana têm sido inevitável.
Só por essa discussão – ainda carente de maiores reflexões por parte
dos que comandam a arbitragem no Brasil – creio que o tema já mereça
ser olhado de maneira positiva, quem sabe com o tempo esse debate não
traga uma melhora na qualidade dos árbitros e uma re-educação dos
jogadores (viciados em simular faltas; vício este que não é combatido
nas categorias de base).
Os aspectos negativos infelizmente
persistem: treinadores, clubes e/ou estádios pressionando a arbitragem,
dirigentes dando declarações dissimuladas ou capciosas, comentaristas
de arbitragem maliciosos, árbitros serviçais e jogadores que não
colaboram.
Sim, eu continuo achando que de um modo geral a
arbitragem foi mais pra positivo do que negativo – pois vejam, a
maioria dos aspectos negativos está fora de campo e sem mudar essa
estrutura drasticamente não mudaremos a qualidade técnica dos árbitros
e conseqüentemente do espetáculo. Será que os coronéis marinhos e
sergios correas da vida querem mudar algo?
***
Não vou
entrar no mérito da qualidade do time do Palmeiras no jogo contra o
Botafogo (eu particularmente achei o time confuso e apático) mas
fiquemos nos lances polêmicos:
1º Tempo – Reclamação de Pênalti em Diguinho:
a saída de gol do Marcos é tão perfeita que deveria ser case de
simpósio. O Santo é um goleiro tão técnico que chega a ser heresia
compará-lo a certos devotos que só ajoelham. Pela simulação de pênalti
Diguinho deveria ter tomado amarelo – o que viria a culminar com sua
expulsão, já que tomaria mais um cartão amarelo minutos depois.
1º Tempo – Bola na Mão de Jéci:
num lance muito veloz – e com o árbitro muito bem colocado – a bola
bateu no braço do “zagueiro”. O juiz acertou em nada marcar. Segue o
jogo.
1º Tempo – Bola na Mão de Sandro Silva:
em cobrança de falta do Botafogo a bola bate no braço de Sandro Silva,
que estava na barreira. Eu confesso que mesmo revendo o lance pela TV
fiquei em dúvida – não sei se a bola bateu no braço pelo movimento do
impulso de pular do jogador ou se ele realmente quis desviar a bola com
a mão (se realmente o quis é de uma imaturidade sem tamanho). O árbitro
estava de frente para o lance e mandou seguir. Se fosse o Wilson de
Souza Mendonça marcaria pênalti contra o Palmeiras…
1º Tempo – Cartão Amarelo em Valdivia:
o jogador reclamou sem razão uma bola que teria saído pela lateral – e
que não saiu, portanto o árbitro acertou. Após a reclamação – coisa de
segundos depois – o chileno dá uma entrada na bola e o badalado árbitro
Leandro Vuaden lhe pune com cartão amarelo. Pelo lance, injusto. Pela
imaturidade de Valdivia, justíssimo.
2º Tempo – Entrada de Kléber em Túlio:
Defendi em minha última coluna o jogador Kléber, pois acredito que ele
esteja sendo perseguido pela arbitragem por conta da imagem que
criou/criaram dele. No entanto, jogadas como a do último domingo – que
felizmente não acertou o botafoguense – depõem contra o nosso atacante.
Visualmente temos a sensação de que Kléber quis acertar o meio da
canela do adversário, aparentemente uma jogada maldosa. Teria lhe
quebrado a perna. É difícil interpretar a intenção de alguém, mas
Kléber tem que se re-educar, se disciplinar em campo, pois está
prejudicando o time e a si mesmo. Depois, quando for punido
injustamente não pode reclamar.
Em resumo:
o árbitro Leandro Vuaden que tem como prática deixar o jogo correr
apitou muito bem. Creio que em alguns lances ele poderia ter apitado
falta, como em uma disputa de bola onde nosso jogador é atingido por
trás e o árbitro interpretou como ombro no ombro. Não é porque todos
elogiam seu modo de arbitrar que ele vai deixar de apitar faltas.
Chamou
atenção também a insistência de alguns jogadores do Palmeiras
insistirem em cavar faltas ou ir para o jogo de contato num jogo onde o
árbitro dificilmente apita faltas. Na verdade, falta inteligência aos
jogadores e o treinador precisa urgentemente minimizar esses vícios.
***
Nos
demais jogos me chamou a atenção a pressão dos jogadores e do
treinador-modelo-que-não-fala-de-arbitragem no bandeira que anulou
corretamente gol de Dagoberto. Mas tudo bem, o Morumbi é um campo
neutro.
Oras, o assistente Eric Bandeira acertou!!! É muita cara
de pau querer argumentar que o André Dias não participou do lance uma
vez que a bola bateu nele – que estava numa banheira monumental. Para
encerrar, reproduzo aqui fala de Hélio dos Anjos publicada no 3VV de
sábado:
“…o
Morumbi é assim e todo mundo sabe, imprensa, comissão de arbitragem, e
mesmo dirigentes e alguns torcedores. Juiz lá sofre pressão. Quando é
“amigo” é recebido com tapete vermelho. Quando é neutro – coisa que
todo árbitro deve ser – é sempre recebido por conselheiros truculentos,
ilustres desconhecidos, que usam palavras como: “vê lá hein? não vá
errar contra o time da casa hein?”.
Vale
lembrar que na semi do Paulistão o Palmeiras foi recepcionado pelo
Edson Zago, membro do STJD de SP, conselheiro do SPFW que indiciou
Luxemburgo algumas vezes.