Aprendendo com os alemães: 5 anos atrás e ainda atual
Por Vicente Criscio (post publicado em maio/2016)
O Bayern de Munique acaba de conquistou seu 27o título de Campeão da Bundesliga na temporada 2015/2016, o campeonato alemão. É o maior vencedor da Bundesliga, disputada desde 1964. Antes disso tinha outra denominação.
O Bayern de Munique – futebol – pertence ao FC Bayern München eV e seus sócios – que acumulam cerca de 70% das ações. Os outros cerca de 30% pertencem a Adidas que pagou 75 milhões de euros (R$ 250 milhões, aproximadamente) por 10% em 2001; a marca de automóveis Audi que desembolsou em 2009 o valor de 90 milhões de euros (cerca de R$ 300 milhões) por 9,09%; e mais recentemente à Allianz que adquiriu uma participação de 8,33% no time alemão por 110 milhões de euros (mais de R$ 360 milhões).
Ou seja, nos últimos 15 anos foram 275 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão) de capitalização por 25% do futebol.
Esse gigante do futebol europeu e mundial tem uma diretoria executiva e um conselho de administração com representantes de mercado. Os dirigentes são indicados pelos representantes do clube, eleitos por 180 mil sócios. Sim, o Bayern tem uma diretoria executiva, que recebe salário para estar lá todos os dias. Gente do ramo, que transcende os aspectos políticos. Têm mandato, poder de decisão. Os políticos tem papel menor nessa estrutura.
E mesmo com toda essa estrutura, o Bayern não escapou de um escândalo em 2013 por conta de fraudes fiscais de seu ex-Presidente que foi preso. A gestão executiva nem sentiu. A estrutura e governança eram maiores que o problema.
O Allianz Arena, seu estádio, foi construído em 2005. Tem capacidade para 71 mil lugares. Todo ano logo que sai o calendário, 39 mil ingressos são vendidos em poucas horas. São os “season tickets”. Não há sócio torcedor. Isso não é necessário. Os sócios compram esses 39 mil ingressos para toda a temporada. O ingresso mais barato custa 7,50 euros – dados de 2013 – para permitir que inclusive desempregados possam assistir aos jogos do seu time. Ou seja, o chamado “ingresso popular” coisa que a gente não vê faz tempo no outro Allianz, o Parque.
Ah, o Bayern tem mais de 90% em média de ocupação do seu estádio. Time bom, gestão eficiente, ocupação garantida. Inclusive isso gera receita na loja do clube, dentro do estádio. Estima-se que se vende 250 mil euros por dia de jogo na loja dentro do estádio.
Qual o ponto?
Vários:
– Ingresso popular lá na rica Alemanha para o igualmente rico Bayern. Prá dar acesso ao estádio a torcedores desempregados ou com baixo poder aquisitivo;
– Separação da gestão do futebol em relação ao clube;
– Gestão profissional, de gente que é do ramo, e não curiosos que pensam que sabem;
– Principais parceiros de negócio capitalizam o clube e passam a ser sócios; participam da mesa de decisões com um conselho pequeno; todos eles têm o mesmo interesse: o Bayern forte;
– Governança, transparência, eficiência.
E o principal: sócios que participam da vida política votando e que são sócios do futebol.
O Bayern tem 180 mil sócios. Não são sócios-torcedores. São sócios do FC Bayern. O estádio abre a temporada com 39 mil lugares já vendidos para todas as partidas do ano (cerca de 40). Os outros 32 mil lugares são comercializados de outras formas.
Há muito que se aprender com os alemães.
Saudações Alviverdes!
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Links sobre o assunto:
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