Arenas – Recomendações e Exigências Técnicas FIFA
O 3VV terá
um reforço de peso. Trata-se de Claudio Baptista, que irá se juntar ao
grupo fixo de “colunistas palestrinos” Jota Christianini, Luis
Fernando, Danilo Cersosimo e Emerson Prebianchi.
Claudio escreveu aqui no 3VV a seção De Olho no Apito substituindo interinamente o Danilo Cersosimo, que estava viajando.
Mas
a vocação prá valer do Claudio é o tema Arenas Esportivas. Foi dele a
iniciativa, ainda em 2005, de desenhar um ante-projeto para a reforma
do Palestra Itália. E desde então o Claudio tem estudado esse tema e
discutido bastante sobre isso.
Então
convidei o Claudio para dar continuidade na seção Arenas Esportivas,
que eu criei há mais de um ano. Quinzenalmente o Claudio irá apresentar
um post sobre o tema.
E ele começa nessa quinta-feira. Vai falar sobre os requisitos exigidos pela FIFA para a construção e modernização de arenas.
Segue o Claudio. Espero que vocês gostem. Sucesso…
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Arenas – Recomendações e Exigências Técnicas FIFA
Por Claudio Baptista Jr.
e da fascinação, lugar de celebração do futebol.
Amigos,
Hoje
o blog 3VV abre uma coluna para falarmos das exigências e recomendações
técnicas da FIFA para construção e reformas de Estádios de Futebol.
Nosso
Palmeiras está, como de hábito histórico, saindo na frente dos demais
através da perspectiva de erguer uma moderna Arena Multiuso que ficará
à disposição da FIFA para sediar jogos da Copa do Mundo de Futebol em
2014. Coincidentemente e eu diria até mais importante, neste ano se
dará o primeiro CENTENÁRIO DA SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS.
A
Arena Palestra Itália se tornará base para colocar o Palmeiras
novamente no caminho para tornar-se Bicampeão do Século, ou seja,
ratificar sua posição de melhor clube da história do futebol brasileiro.
Desta
forma, o 3VV tentará disponibilizar aos leitores deste espaço um
conteúdo de informações a fim de auxiliar no entendimento e
dimensionamento das necessidades para a construção de uma moderna Arena
Multiuso.
Palavras textuais:
Do presidente da FIFA, Joseph Blatter “A segurança e conforto dos espectadores são indissociáveis”.
Do secretário geral da FIFA, Urs Linsi “Os
fãs de futebol não são mais simples torcedores, tornaram-se clientes
exigentes onde cada visita ao estádio é acompanhada de grandes
expectativas”.
Do grupo de trabalho da FIFA “Essas informações serão cruciais para aqueles que pretendem destinar suas instalações às partidas da Copa do Mundo da FIFA”.
Neste contexto, abordaremos como conteúdo uma série de temas que passam por:
1- decisões preliminares,
2- segurança,
3- orientação e estacionamentos,
4- áreas de jogo,
5- autoridades e jogadores,
6- espectadores,
7- hospitalidade,
8- mídias,
9- iluminação e alimentação elétrica,
10- telecomunicações e espaços complementares.
Faremos
uma abordagem de seus pontos principais de uma maneira simples e de
fácil entendimento. Vocês notarão também que a FIFA por diversas vezes
deixa a cargo do proprietário do estádio, futura Arena, a decisão pela
solução adequada, fazendo apenas orientações. E obviamente deixa claras
as exigências que são inegociáveis, como a segurança.
Gostaríamos
apenas de uma compreensão de vocês que em função do extenso conteúdo,
dificilmente terminaremos um tema por completo na mesma publicação.
Alguns exigirão mais informações, outros menos.
Vamos, portanto iniciar com as decisões preliminares.
1.1 Decisões estratégicas preliminares para a construção.
1.2 Localização do Estádio.
1.3 Orientação do Campo de Jogo.
1.4 “Gol Verde”.
1.5 Eco-compatibilidade do Estádio.
1.6 Relações com Vizinhança.
1.7 Estádios Polivalentes.
1.1 Decisões estratégicas preliminares para a construção.
A
FIFA inicia suas ponderações mencionando que o nível de conforto do
estádio dependerá do tamanho do orçamento (budjet) disponível e que
mesmo assim existem aspectos que são imperativos e devem ser levados em
consideração. Isso é até básico, mas como o documento avança em
detalhes, a FIFA toma o cuidado de colocar suas bases a fim de que
nenhum erro primário seja cometido.
Aborda também os cuidados
que devem ser tomados com o nível de conforto a serem ofertados aos
espectadores alertando que quanto menos confortável for o estádio,
menor será a satisfação do cliente torcedor, gerando queda nas receitas
do estádio e por conseqüência impactando na capacidade de cumprir
obrigações como o financiamento contratado para a construção.
Na
parte construtiva diz que é viável a construção de estádios que atinjam
requisitos básicos e nestes casos menciona a necessidade de prever no
projeto a possibilidade de futuras ampliações e modificações em função
das crescentes exigências do mercado e também para que as mesmas se
façam de forma menos dispendiosa.
Aqui são citados alguns exemplos:
- Aumento da capacidade de lugares com assentos sem
prejuízo a visibilidade dos acentos existentes, o que não é
recomendável e até mesmo proibido para jogos de Copa do Mundo. De cara
já nos deparamos com alguns exemplos no Brasil de estádios pleiteantes a sede que parcialmente não obedecem a esse critério. O Morumbi é um deles possuindo por volta de 5 mil lugares com pontos cegos mais milhares de outros com péssima visão do campo. Uma redução na capacidade do estádio, eliminando estes locais talvez seja a única solução a ser adotada. - Acréscimo de lugares VIP como camarotes e tribunas.
- Instalação de telões.
- Cobertura do estádio para o público, se necessário. Neste caso devem-se prever estruturas físicas externas capazes de suportar esta construção.
- Teto retrátil.
Mesma observação do item anterior acrescida ao fato que a cobertura do
público, caso seja existente, tenha capacidade de conter essa
modificação. - Outras melhorias técnicas como a instalação de ar condicionado em ambientes fechados.
No
quesito capacidade, o texto fala dos clubes que acabaram se instalando
em estádios mais iluminados, novos e confortáveis. Esses clubes viram seu público aumentar de maneira considerável. Portanto a FIFA orienta que os mesmos ao construir ou reformar seus estádios, o façam superando a capacidade de lugares em número maior ao que se observa regularmente.
Em relação a receber partidas de torneiros importantes é citada como exemplo a necessidade de se ter ao menos 50 mil lugares para final da Copa das Confederações da FIFA e para a final da Copa do Mundo da FIFA as necessidades podem ultrapassar os 60 mil lugares.
Vejam
que até o momento a FIFA não regulou em seu documento a capacidade
mínima de público para um estádio ser sede de uma Copa do Mundo.
Fala-se muito dos 40 mil lugares mínimos, mas honestamente não observei
nada claro sobre isso neste documento oficial. Talvez exista uma
determinação também oficial, porém fora deste documento que fale a
respeito desta capacidade mínima. Lembro que a Copa do Mundo de 98 na
França alguns jogos aconteceram em estádios com capacidade menor que 40
mil lugares, mas isso já faz 10 anos sendo perfeitamente compreensível
que a FIFA ao organizar uma Copa do Mundo queira ver sua receita
aumentada, por isso dificilmente aprovaria um estádio menor.
Sobre
estádios maiores, exemplo 80 mil lugares, diz que é evidente o
favorecimento dos mesmos para recebimento de grandes eventos de
futebol, contudo até mesmo estádios assim podem não receber uma competição importante de futebol se sua região não possuir infra-estrutura hoteleira, de transporte e aérea,
sabendo que grande parte dos espectadores podem vir de fora da região
(exterior) e que este tipo de requisito deve ser padrão para os
organizadores.
Alguém aqui lembrou de um estádio na cidade de São Paulo, localizado na zona sul, que não supera essas restrições?
Continuando
no documento, a FIFA orienta que sejam realizadas pesquisas e que se
tenha conhecimento do mercado para o dimensionamento correto dos tipos
de lugares e serviços a serem oferecidos, pois é sabido que o poder de
consumo varia muito entre países e até mesmo entre cidades de um mesmo
país.
Cita-se também a necessidade do estádio possuir procedimentos de manutenção, exploração e gestão simples e rentáveis.
E termina este item orientando os detentores do estádio para sejam capazes de prever nos projetos facilidades para adaptações tecnológicas mas estarem atentos às exigências crescentes dos espectadores, citando que em média um estádio moderno construído hoje pode ter vida útil de aproximadamente 30 anos,
até menos e como se pretende aumentar essa longevidade, o projeto deve
possuir flexibilidade para que o estádio receba as atualizações
necessárias no futuro.
Na próxima publicação falaremos dentro das decisões preliminares os itens 1.2 – Localização do Estádio e 1.3 – Orientação do Campo de Jogo.
Até lá…
Claudio Baptista
Link do texto citado:
http://fr.fifa.com/mm/