Arenas – Troca do Gramado
Por Claudio Baptista Jr.
Escrevo o texto de hoje tomando como base mais a observação do que dados técnicos. Por isso as chances de se ter uma percepção incorreta é maior, mas nem por isso vou deixar de em colocar o tema em debate, pois considero importante e podem surgir informações que complementem o post.
Falo de uma troca mais constante do gramado da Allianz Parque. Algo em torno de 2 vezes ao ano.
Quem vem acompanhando a coluna sabe bem que de tempos em tempos trago o assunto referente a gramado em discussão, pois a boa qualidade do mesmo é um fator muito importante para o Palmeiras.
E esta preocupação tem origem no negócio em si onde ocorrerão grandes eventos no estádio, a arquitetura mais fechada não é tão favorável a manutenção do gramado, gerando necessidades de procedimentos e técnicas de manutenção eficazes e no trabalho de parceria dentro do consórcio envolvendo planejamento de datas, entre outros.
O assunto em relação a trocas mais constantes do gramado veio em mente recentemente quando tivemos um jogo da seleção brasileira disputado em Boston onde um gramado natural foi posicionado sobre a grama artificial que é utilizada no estádio.
Observando o jogo pela TV, não notei uma má qualidade do gramado e fazendo alguma pesquisa nas matérias pós jogo, não identifiquei comentários atirando contra o gramado.
Também ouvi que já existem máquinas de corte de gramado capazes de retirar uma camada de terra mais profunda o que auxiliaria na instalação de um novo gramado com um tempo reduzido para sua utilização. Não é essa abaixo hein!
Mas como disse acima, a eficácia na adoção deste tipo de troca mais constante depende de análises mais apuradas que envolveriam não apenas o tempo de instalação para o uso, mas também a manutenção (posicionamento, possíveis necessidades de instalação de drenagem e irrigação, tratamento,…), a preparação do gramado em algum outro local (fazenda), a logística de transporte e os custos envolvidos nesse projeto.
Será que manter um único gramado por um longo período junto com todos os cuidados envolvidos (procedimentos, técnicas, equipamentos como iluminação artificial, turbinas de insuflamento de ar, e insumos de manutenção, como água, energia, materiais orgânicos, etc.) é economicamente mais viável do que a adoção das trocas mais frequentes?
Claro, nestes casos também são necessárias manutenções constantes e de cara já se conhecem os riscos de se jogar sob a chuva em um gramado recém-instalado. Mas será que não seria valido o estudo comparativo entre estes projetos?
Trocas constantes x Manutenção do mesmo gramado por um período longo?
Um dado adicional e exemplo real. A Amsterdam Arena trocou o gramado 60 vezes em 15 anos (taxa de 4 trocas/ano) ao custo médio de EUR 100 mil cada uma. O gramado normalmente é instalado dentro do estádio em mais ou menos 24hs, ficando apto para jogo logo após a execução do serviço.
Além de maquinário próprio e não alugado, lá existem fazendas especializadas na produção de gramados esportivos de alta qualidade. Hoje no Brasil a produção de grama tem foco maior no paisagismo.
O grande índice de troca do gramado de Amsterdam deve estar relacionado ao perfil do negócio, similar ao nosso, pois é uma Arena Multiuso, mas principalmente em função da arquitetura do estádio e por estar localizado em um clima rigoroso, fazendo com que o teto retrátil seja bastante utilizado reduzindo as melhores condições para um gramado natural.
Enfim, não tenho uma opinião formada a respeito por não possuir dados e informações detalhadas, e principalmente por não ser gabaritado permitindo-me emitir uma opinião certa, mas penso que esse tema pode ser alvo de estudo.
E vocês, o que acham?
Abraço,
Claudio.
Comments (3)
Claudio Baptista Jr.
Carlos, obrigado pelos esclarecimentos. Vamos aguardar para ver como o gramado será tratado na prática.
Abraço.
HamiltonJr-Mossoro/RN
Tomara q os shows no allians parque nao prejudique o time em campo. Claudio sabe alguma medida tomada pelo Palmeiras caso isso venha acontecer? Afinal pelo q dizem do contrato toda manutençao fica a cargo do consorcio e o verdao nao pode ter prejuizo dentro de campo, abraços.
Carlos Augusto da Silva
Boa Noite, quanto a questão da troca constante de gramado não creio que seja algo viável nas condições brasileiras, principalmente por duas questões, uma citada no texto é sobre a falta de empresas especializadas no Brasil (caso opte por este sistema há duas opções a seguir contratar um profissional especializado para gerir a troca e manutenção deste gramado ou o clube possuir estrutura física e maquinários para a produção do gramado), mas como em condições tropicais não temos problemas com a lenta recuperação do gramado devido a pluviosidade consideravelmente boa e regular e temperatura propicia ao desenvolvimento rápido, seria mais eficaz e sensato a instalação de um bom sistema de drenagem e irrigação e um manejo adequado de adubação de cobertura com nitrogênio para uma rápida recuperação aliado à programação das datas de utilização.
Então para as nossas condições de clima acredito ser ideal a instalação de um gramado permanente com um bom manejo de pós jogo para recuperação e o principal é o sistema de drenagem, principalmente no Palestra Itália onde a base é suspensa e não há solo suficiente para a percolação da água em subsuperfície logo o sistema de drenagem deve ser eficiente.
Pensando em shows com lotação do gramado a alternativa seria alem do calendário permitir que alguns dias não ocorra jogos e após também, para que se possa deixar o gramado sem corte antes do show, desta forma ele tem uma maior resistência ao pisoteio e uma maior capacidade de recuperação posteriormente, após o evento procederia-se uma adubação nitrogenada para recuperação e antes do próximo jogo o corte para rebaixamento em altura ideal, desta forma o gramado possuiria uma vida útil maior. Mesmo assim deve-se ter um plano de emergência para troca rápida do gramado caso alguma condição desfavorável de ambiente e calendário não permita sua completa recuperação.