As mãos da defesa que ninguém passa merecem ser homenageadas todo dia
Toneladas de história e títulos: da esq. para a dir.: Leão, Marcos, Sergio, Oberdan Velloso e Valdir de Moraes (FOTO: NEWS PRÓSPERI BLOG)
Por Marcelo Moreira
As mãos enormes à frente, com os dedos quebrados, símbolos de uma época pioneira, simbolizam uma trajetória de aos menos 80 anos. Atrás, os discípulos, que formaram aquilo que se convencionou chamar de Academia de Goleiros.
As mãos verdes estiveram em Copas do Mundo, e duas delas ganharam a taça – Leão, como reserva, em 1970, e Marcos, como titular, em, 2002. Velloso teve apenas uma chance, em desastre contra uma forte Espanha quando tomou três gols. Um pecado, já que merecia melhor sorte.
Muita gente vai dizer que outro campeão do mundo passou pelo Palmeiras. Zetti jogou pouco tempo no time verde, só duas temporadas e meia antes de pular o muro e ser campeão mundial de clubes pelo São Paulo e pela seleção, em 1994. Zetti é cria da Academia de Goleiros e uma perna quebrada no Maracanã, em 1988, abreviou sua passagem no Palestra Itália.
Nos difíceis anos pré-Allianz Parque, coube a um gaúcho vindo do Rio de Janeiro fechar o gol. Momento complicado para a Academia de Goleiros, que parecia perder o encanto.
E Fernando Prass se tornou um dos símbolos da era vitoriosa a partir de 2015 – que começou, é verdade, na série B vitoriosa de 2013. A muralha gaúcha se tornou ídolo de uma torcida que ficaria mal acostumada com a série de títulos.
Com a idolatria de Prass, um garoto nem tão garoto humilde chegaria apenas para ser um coadjuvante e olhar de longe a sequência vitoriosa. Mas coube a Jaílson, reserva no Ceará, assumir o protagonismo na reta final do Brasileirão de 2016 e segurar a barra com a contusão do titular.
E virou querido, um cara do bem e símbolo da raça e do amor pelo seu Palmeira de coração. Jaílson também se tornou ídolo, com seu nome gritado pelas crianças, algo que nunca ocorreu com nomes pouco celebrados, como Raul Marcel, Bernardino, João Marcos e mesmo Martorelli.
A Academia de goleiros parece que está ainda em recesso, mas não é para menos: temos um campeão olímpico na meta. Weverton saiu do cobiçado título de 2016, no Maracanã – substituindo o machucado Prass – direto para o CT da Barra Funda. Teve a sabedoria e a experiência para esperar a sua vez e fazer história ao ganhar duas Libertadores no mesmo ano e cavando seu lugar na seleção brasileira de Tite, ainda que não seja o titular.
E pensar que tudo começou, praticamente, lá em 1940, com a chegada do Oberdan Cattani gigante e caipira, motorista de caminhão e pronto para vira ídolo.
A 2º Guerra Mundial impediu as Copas de 1942 e 1946, alijando o monstro palmeirense de jogá-las, mas não de triunfar em 1951, quando o Palmeiras se tornou campeão de clubes mundial na Copa Rio. Dividiu as honras com Fabio Crippa, outro herói pouco conhecido daquele título majestoso.
Dos dourados anos 50 emergiriam ainda duas lendas, Laércio e Valdir – que se tornaria depois Valdir Joaquim de Moraes, que criaria a função de treinador de goleiros no próprio Palmeiras.
No Dia do Goleiro, neste 26 de abril, não existe lugar mais estrelado para eles do que o Palmeiras, com sua Academia e suas lendas vitoriosas e campeoníssimas.
Que as mãos de Oberdan e os carismas de Leão e Marcos continuem como símbolos de nosso clube e abençoem a tradição de formar lendas e transformar goleiros em ídolos. Não há lugar melhor para isso.
Comments (2)
Donato, o Lúcido
Bela homenagem aos nossos arqueiros! Apenas uma correção: Zetti, citado neste artigo, não pulou o muro. Foi jogado para o outro lado do muro por um erro do então Presidente Carlos Bernardo Facchina Nunes. Uma pena. Sorte a nossa que este mesmo Presidente nos trouxe Evair e César Sampaio, pilares mestres da terceira academia. E ainda se livrou daquele verme do Neto.
Gustavo Aroni
A esses e todos os outros goleiros que defenderam o Palmeiras desde sua fundação. Parabéns!