As mudanças nas regras da arbitragem para o Brasileiro 2023

Por Oiti Cipriani

Para o Campeonato Brasileiro 2023, que iniciou-se no sábado passado, 15 de abril, ocorreram modificações e orientações para as regras do futebol, tanto da FIFA como do Comitê de Arbitragem da CBF.

O excelente Blog de meu amigo Professor Rafael Porcari publicou as seis novidades e eu aqui tomei a liberdade de copiar e colar sua análise. Na sequência comento as mudanças recomendadas pela FIFA.  

O post original está em www.professorrafaelporcari.com

Vamos a elas.

1. Cartão amarelo na marcação de penalidade

Assim como você não deve dar um cartão vermelho para um jogador que comete uma penalidade em situação clara de gol DISPUTANDO a bola (ou seja, que não “apelou” com conduta violenta, agarrão à camisa que impeça o jogo ou qualquer outra coisa que não seja disputa leal de bola, pois a IFAB entende que “marcar pênalti e expulsar é um excesso de punição”), a partir de agora, nos lances corriqueiros de cartão amarelo e pênalti se usará o mesmo princípiose é um lance tipicamente de pênalti e cartão amarelo, marcar-se-á o tiro penal e não se aplicará o cartão amarelo

Provavelmente veremos menos expulsões por reincidência… e muitas queixas…

2. Sub 12 e o cabeceio da bola 

Também chamou a atenção o fato de que os torneios na Inglaterra, com aprovação e supervisão da FIFAPROÍBEM que jogadores Sub 12 cabeceiem a bola, por conta dos estudos de danos na cabeça na idade mais avançada, conforme têm-se abordado em outros esportes. 

A novidade é: inclusive em treinos! E isso já tem restrição estuda-se universalizar isso. Ou seja, por enquanto não vale para o futebol brasileiro.

3. Anúncio das Decisões do VAR

Quando o VAR chamar o árbitro para verificar uma possível correção da sua decisão, o árbitro falará com o microfone aberto ao público a decisão tomada. Isso é um avanço! Para o interesse do torcedor, talvez se até a conversa com a cabine fosse aberta, a coisa seria mais curiosa.

4 Linhas Sobrepostas

Se em determinado lance de impedimento, as linhas traçadas pelo sistema eletrônico mostrarem a linha do atacante sobreposta ao do defensor, deve validar o gol, se ele tiver convertido. Acabará a situação de um dedão supostamente à frente anular o gol. Excelente decisão.

5 Cartão Amarelo nas Reclamações de atletas a caminho do monitor

Isso está na própria Regra do Jogo, e é reforçado no protocolo do VAR: um atleta que caminha conjuntamente com o árbitro reclamando DEVE receber cartão amarelo. Aqui, pouco se cumpriu. Tomara que agora seja praticado, como nas ligas europeias.

4 Rodízio de Reservas no Aquecimento

Por conta do excesso de pessoas no banco, se todos forem se aquecer, tumultuam as redondezas. Aqui é uma norma da CBF, que usa de bom senso para que até 6 atletas acompanhados do Preparador Físico se aqueçam.

6 Acréscimos incluindo tempo de comemoração de gol

Faz parte das mudanças da Regra do Jogo: além do tempo perdido com atendimento de atletas lesionados, substituições e outras perdas, deve-se acrescentar o tempo de comemoração de gols. Deveremos ter muitos acréscimos!

7 Reclamações de Treinadores e Comissões Técnicas

Wilson Luís Seneme ficou enfurecido com o jogo entre Palmeiras x Flamengo pela Supercopa, devido ao comportamento dos treinadores. E disse categoricamente que vai acabar com essa pressão nos bancos. 

As questões envolvidas são pertinentes, tomara que funcionem.

Avaliação geral

Em minha modesta opinião, acredito que algumas regras vão ser muito boas e vão pegar. Outras, talvez, nem tanto. Vamos para minha avaliação.

1) A regra ou orientação de aplicar cartões amarelos (CA) e/ou vermelhos (CV) em marcação de tiros penais serve para inibir árbitros (principalmente em nosso país) que querem ser mais realistas que o rei. 

Desde meu tempo de FPF falo que não tem sentido CV em faltas comuns dentro da área penal, quando em qualquer outro local seria CA.

2) Sobre o cabeceio para meninos até 12 anos. Difícil comentar. Hoje está valendo na Inglaterra. Vamos ver quando da universalização como os mercados vão reagir a essa regra.

3) Sobre anunciar a decisão do VAR: Como bem disse o Professor Rafael Porcari, seria muito mais interessante ver a conversa de cabine com o árbitro de campo.

4) Sobre a flexibilização da regra de impedimento. O objetivo do futebol é o gol e regra que vem desde 2007 dificulta o objetivo. Relembrando: jogador na mesma linha não é impedimento. Mas se na linha do VAR o bico da chuteira estiver à frente, é marcado o impedimento.

Falei sobre o assunto na matéria
https://3vv.com.br/novo/a-regra-do-impedimento-e-a-punicao-da-alegria-do-gol/

O atacante só deveria estar impedido estando com o corpo inteiro a frente, ou seja, se fosse uma equação matemática, estaria com a resposta correta e o sinal invertido, invés de sinal de mais (+) estaria com sinal de menos (-).

5) Sobre a pressão ao árbitro quando se dirige para a cabine do VAR: realmente precisa por um fim no circo que se transforma o jogo quando o árbitro vai ao monitor. 

A pergunta: eles terão peito e cacife para punir? Ou vai depender da cor da camisa? Ou do nome do jogador ou do técnico?

6) Rodízio de aquecimento: medida cosmética, não vai alterar nada o andamento do jogo. Nas comemorações ou reclamações, todos se levantarão e irão à linha lateral para ambas as situações.

7) Retardamento do jogo, a velha “cera”: ainda defendo a tese que o jogador que interromper um andamento de jogo, simulando ou não, deveria compulsoriamente ficar um tempo, a ser determinado pela arbitragem, fora de jogo. 

Isso poderia muito bem ser controlado por um dos aspones que ficam iguais a eunucos de faraó na beira do campo; para o goleiro (que só se contundem quando o time está ganhando) duas paradas de 1 minuto cada e substituído compulsoriamente na segunda parada, com uma substituição por outro goleiro na súmula, identificado como tal (goleiro).

8) Sobre as reclamações de banco de reservas e a tolerância zero: perfeito em acabar com a farra dos bancos nos jogos, que estavam extrapolando, mas …. 

9) Por último e não menos importante, que não consta da relação acima: orientações da regra XII, determina que o goleiro tem 6 segundos para repor a bola em jogo (esclarecendo que quando ele a joga ao solo, está em jogo, podendo ser disputada). 

Aqui pergunto: por que não entrou nas determinações? Tem goleiro que domina uma bola nos braços, se joga ao chão, demora para levantar e caminha a passos de tartaruga para repô-la em jogo, demorando até 30 segundos e os árbitros fazem vistas grossas. 

E quando o goleiro for bater tiro de meta, somente quando está ganhando, vai buscar a bola com lentidão, muda de local de reposição, demora as vezes 2/3 minutos para repô-la em jogo e o arbitro vira as costas para a situação, como se estivesse dizendo: “não estou vendo!”. 

10) Também não consta da relação acima: o goleiro deveria ser advertido com cartão amarelo quando tenta desestabilizar ou desconcentrar o cobrador, na hora do pênalti. Lembram-se da atuação do goleiro da Argentina no final de Copa do Qatar? Esta orientação do goleiro se comportar, seria inócua, se os árbitros tivessem peito para coibir de moto próprio, visto fazer parte da regra XIV. 

Conclusão

Na minha modesta opinião, se foram cumpridas, serão orientações cosméticas, placebos que com o andamento do campeonato serão esquecidas e diluídas no tempo ou na acomodação de todos, árbitros e direção.

Alfo como quem diz: fiz uma tentativa e não deu certo.

Enfim, vamos aguardar.

Comments (1)

  1. Diogo Belotto

    Essa das linhas sobrepostas eu sempre achei UM ABSURDO enorme. Só não enxerga quem não quer, num lance desse as coisas acontecem em milissegundos, um frame a mais ou a menos na imagem e a posição muda de figura, sem contar o fato “cor da camisa”. Minha opinião sempre foi que se deu essa situação de dúvida na ANÁLISE DA IMAGEM, não tem o que falar, é a favor do ataque e pronto. Pelo menos essa bizarrice espero não ver mais nos jogos por aqui.

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