Balanço da arbitragem em 2023, e o que esperar de 2024

Por Oiti Cipriani

Findo o ano de 2023, vamos comemorar o seu término em relação à arbitragem brasileira.

Mesmos erros

Foi um ano tétrico, digno de livros de Stephen King … um terror. Continuamos com os mesmos árbitros, elevados à condição de “internacional” para angariar votos nas reuniões anuais da CBF.

Se não for por este morivo, qual a razão de termos como árbitro FIFA os profissionais Savio Pereira Sampaio? Ou Paulo Cesar Zanovelli? Bruno Arleu? e outros menos votados, igualmente fracos, apesar de não tão fracos como estes?

Conversando com um amigo (vou omitir o nome, por razões óbvias), ex árbitro FIFA, e que permaneceu 17 anos como profissional de arbitragem, disse-me que para chegar a árbitro internacional, comeu o pão que o diabo amassou, apitando em jogos no interior, séries mais baixas, sem policiamento, passível de agressões, perseguições na estrada, etc. Ficou muito tempo na FIFA, e arbitrou inúmeros jogos internacionais. Tinha grande prestígio em todos os estados brasileiros.

E hoje? o árbitro faz o curso em uma federação, mesmo com pouca relevância no cenário futebolístico brasileiro, e em dois ou três anos já está ostentando o escudo FIFA, maior escudo da arbitragem. Basta ser alto, forte, cabelo cortado na moda, cheio de gel, e já é visto com bons olhos pela cúpula da CBF.

Saudade do passado

Romulado Arppi Filho, árbitro da final da Copa do Mundo de 1986 — Foto: Reprodução / Redes Sociais

Vamos dar como exemplo o falecido árbitro Romualdo Arppi Filho. Baixinho, mirradinho e até hoje é considerado um dos melhores árbitros produzido neste país. Romualdo, na época conhecido entre os amigos como “Ganso”, talvez hoje nem na escola de árbitros entraria, dada a falta de atributos físicos.

Para um país que teve como árbitros FIFA José de Assis Aragão, Ulisses Tavares da Silva Filho, Oscar Roberto Godoi, Antonio Pereira da Silva, Ilton Jose da Costa (que foi até jogador profissional de futebol), Sidrack Marinho, Claudio Cerdeira… e hoje em dia testemunhar as arbitragens de Wilton Pereira Sampaio, Anderson Daronco, Wagner Magalhães, Bráulio Machado, além daqueles citados no início desse texto, é como você passar uma vida ouvindo Andrea Bocelli e depois, da noite pro dia, for obrigado a conviver com Pablo Vittar.

Os destaques positivos

Mas nem tudo foi um deserto de coisas ruins na arbitragem brasileira no ano recém findo. Tivemos algumas boas surpresas, como Rafael Rodrigo Klein, do Rio Grande do Sul; Rodrigo Jose Pereira de Lima, de Pernambuco; Matheus Candançã de São Paulo, este com grande potencial. Mas lembrando as palavras de meu amigo ex FIFA: “tem que amassar muito barro ainda, para adquirir casca”.

Assim estes árbitros novos terão que adquirir experiência, para ver se são o que prometem ou só ilusão de um ou outro trabalho bem feito. Provavelmente o árbitro Rodrigo José Pereira poderia ser o contemplado com o escudo FIFA. Este profissional apitou três jogos do Palmeiras em 2023, e a menor avaliação no site 3VV, foi nota 8 (oito). Entretanto assistimos ao jogo arbitrado por ele entre Grêmio 0x1 Corinthians, onde foi muito mal. Esse é um daqueles casos em que ainda falta “ casca”, para jogos considerados de risco e de muita dificuldade.

Mas vamos sair um pouco da área específica de arbitragem e falar de política da CBF, pois no final, os dois temas estão interligados. O ex-presidente Ednaldo Rodrigues foi afastado pela justiça e a presidência está sendo dirigida por um interventor nomeado, o presidente do STJD, Flavio Sveiter. Este, aparentemente, gostou de sentar na cadeira maior e pleiteia ser eleito presidente, e assim vai concorrer com o Presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos.

Como paulista que sou, convivendo há muito tempo no meio da arbitragem de futebol, torço muito para que o candidato paulista seja coroado como presidente. Por vários motivos tenho esta preferência;

  • Descentraliza do Rio de Janeiro o comando do futebol do país.
  • Já está habituado a comandar a entidade mais rica e mais influente do Brasil, no segmento futebol profissional.
  • Está no comando da FPF, primeiro como vice-presidente de Eduardo Jose Farah, depois com a saída dele, assumiu o cargo de presidente; assim possui “trânsito” no meio do futebol.
  • É muito exigente com a qualidade das arbitragens, portanto, se for eleito com certeza teremos árbitros sendo escalado por méritos e não por ingerências políticas. Comprovando este argumento, não estando satisfeito com o rumo da arbitragem paulista, não hesitou em trazer um argentino para comandar a Comissão de arbitragem de nosso estado.

Diante de todos estes argumentos, vamos aguardar melhores arbitragens neste ano que se inicia, já a partir desta semana, como Copa SP de futebol Junior, posteriormente Campeonato Paulista, Supercopa, Copa do Brasil e Brasileirão e que tenhamos o surgimento de árbitros novos, para oxigenar esta função importantíssima para o desenvolvimento do futebol nacional e que está, literalmente, sucateada.

Um Feliz 2024 A todos e que ninguém se estresse ou tenha um infarto com a (baixa?) qualidade de nossos profissionais do apito no ano que se inicia.

Comments (5)

  1. Análise da arbitragem de Rodrigo J. Pereira CAM 0x4 SEP 3VV

    […] promissor para ele, na matéria deste site falando sobre o balança da arbitragem no ano 2023 ( https://3vv.com.br/novo/balanco-da-arbitragem-em-2023-e-o-que-esperar-de-2024/ ) […]

  2. Arbitragem de Matheus Delgado Candançan NOV 1×1 SEP – 3VV

    […] leu matéria publicada neste site no final/início deste ano (https://3vv.com.br/novo/balanco-da-arbitragem-em-2023-e-o-que-esperar-de-2024/) deve lembrar que apontamos este árbitro como uma das promessas da arbitragem […]

  3. Opinião do Lúcido: memória – 3VV

    […] de janeiro de 2024 NotíciasOsservatorio […]

  4. Donato, o Lúcido

    Oiti, meu amigo, primeiramente, um feliz 2024!
    Agora, vamos à discussão.
    Ulisses Tavares da Silva Filho foi um dos maiores assaltantes que já conheci. Fui testemunha ocular da “operação” que ele fez sobre o Palmeiras em 1986, em um jogo contra o gambá. Cerdeira começou bem, até ser elogiado simultaneamente por Tele e Luxa. Depois, foi simplesmente um desastre, roubando sistematicamente a SEP – vide Libertadores 1995. Aragão era bom, até fez gol pra nós. Godoy também era bom e, segundo dizem, gostava de uma “branquinha”.
    Em relação aos árbitros atuais, falta, para alguns deles, uma boa coça e um curso de “vergonha na cara”

  5. Pinho – Bauru, SP

    Excelente! Muito bom Oiti! Feliz 2024 a você e aos demais integrantes do 3VV.

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