CBF x ANAF: quem vencerá?
Por Oiti Cipriani
Ednaldo Rodrigues é presidente da CBF desde Fevereiro de 2022. Ex presidente da Federação Baiana de futebol, adquiriu o posto que rege e gere o futebol brasileiro com a deposição do ex presidente Rogério Caboclo, em meio a inúmeras denúncias.
A ascensão de Ednaldo Rodrigues
Não se trata de um representante da aristocracia paulista ou carioca, como os antecessores Rogério Caboclo, Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira. É um baiano de 68 anos, que foi jogador de futebol amador e ficou pouco mais de duas décadas na órbita do futebol até que — por uma série de eventos inesperados — tomar conta da tão almejada caneta.
É graduado em Ciências Contábeis, com extensão em auditoria financeira pela Faculdade Visconde de Cairu, em Salvador. Foi Gerente Geral de empresas multinacionais, como Coca-Cola e Pepsi. Também tem qualificação profissional em Gestão Administrativa pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Gestão do Futebol no Legado da Copa pela FIFA e pela CBF Academy, tendo participado de eventos importantes como Footecon e Soccerex.
Foi Membro Efetivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado da Bahia, Membro Efetivo do Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro da CBF, Chefe da Delegação Brasileira em diversos amistosos da Seleção e Delegado da CBF nas Copas do Mundo FIFA de 2002 e 2006.
ANAF
A ANAF – Associação Nacional dos Árbitros de Futebol – representa os profissionais que integram o quadro de árbitros da CBF desde 25 de outubro de 1997, data de sua fundação. Nos últimos anos, a entidade foi transformada, viu o número de associados crescer e ganhou protagonismo nas discussões de interesse da arbitragem nacional.
O responsável pelo choque de gestão na ANAF é seu atual presidente, o pernambucano Salmo Valentim, de 51 anos. Ele foi reeleito por aclamação no dia 8 de janeiro de 2022. No próximo 2 de novembro, Salmo irá tomar posse para o seu segundo mandato à frente da entidade.
Sob a presidência de Salmo Valentim, a ANAF intensificou a interlocução com autoridades em Brasília para tratar de assuntos sensíveis à categoria, como o Direito de Imagem e a aposentadoria de árbitros e assistentes. Junto à CBF, tem trabalhado pela democratização das escalas e por melhores condições de preparação para todos que integram o quadro nacional.
Por sua vez, a ANAF ampliou os serviços exclusivos aos associados, oferecendo Seguro Lesão, Assessoria Jurídica, Seguro de Vida e Auxílio Funeral. Não bastasse, sorteou 4 carros 0km entre 2020 e 2021 e sorteará 5 em 2022. Feitos inéditos na história da entidade.
“Essas foram as formas que encontramos para retribuir o apoio e a confiança que os árbitros e assistentes têm depositado na nossa gestão, no trabalho que temos desenvolvido. Os planos são ambiciosos e certamente, ano a ano, traremos mais novidades”, afirmou Salmo Valentim.
SALMO VALENTIM
Pernambucano, 51 anos, sindicalista de profissão, viver em conflito faz parte da sua rotina, por isso, há 23 anos o comum não o contenta. Embora recuse o rótulo de maior líder sindical da arbitragem brasileira, o pernambucano Salmo Valentim é mais que isso: tornou-se o comandante de uma tropa omissa, que pensa apenas em si e que jamais soube o que é coletividade dentro da covardia que a mantém exposta no noticiário esportivo. Acumula cargo com o de presidente eleito do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco (Sintriaaep).
AS DESAVENCAS ENTRE AS ENTIDADES
A CBF questiona o nível de representatividade da ANAF no quadro nacional, especialmente entre os que estão na Série A. Em condição de anonimato, pelo menos três que são do quadro da Fifa prestaram depoimento dizendo que a entidade não os representa e que não pagam o sindicato. À vista, a anuidade de quem é Fifa custa R$ 1.090,80. O valor para integrantes do quadro A e B é de R$ 654,48.
A CBF já disse que “menos de 10%” do quadro nacional atual — que totaliza 642 árbitros e assistentes — contribui financeiramente para a ANAF. Salmo, por outro lado, alega ter algo na casa dos 250. O cenário atual foi deflagrado a partir de abril de 2022, quando a CBF deixou de fazer os repasses de um valor mensal de R$ 30.000,00, referente a propaganda nos uniformes dos árbitros. O último depósito foi em março. O pagamento era uma “tradição” que vigorava desde 2007, em valor menor, inicialmente como parte de um contrato com a Penalty, antiga fornecedora do uniforme dos árbitros. De 2011 em diante, a CBF passou a incorporar o compromisso, independentemente do acordo com a fornecedora.
A ANAF convocou uma greve geral dos árbitros, para parar o campeonato brasileiro, e conforme vimos, não surtiu efeito, por falta de adesão à conclamação, e o presidente da Associação ficou pregando no deserto. Se a proposta de grave prosperar, a CBF simplesmente importa árbitros do exterior, como tínhamos no campeonato paulista no final da década de 90 e início do século, e os árbitros que aderirem ao boicote, poderão ter seus vínculos cancelados, por se tratarem de prestadores de serviços autônomos, sem ligação empregatícia.
Agora a ANAF contratou a renomada advogada dos meios esportivos, Gislaine Nunes, que representa inúmeros atletas do futebol, com bastante êxito, para representá-la na pendência com a entidade máxima do futebol brasileiro.
Como podemos deduzir, a briga entre as entidades não tem nada de heroica, é simplesmente pecuniária. Foi aventada a hipótese de ANAF fundar uma entidade independente, sem qualquer vínculo com a CBF. Isto seria extremamente louvável, não só a comissão de arbitragem, mas também o STJD serem totalmente independentes da organizadora dos campeonatos, onde teríamos, hipoteticamente, mais transparência e não geraria tantas dúvidas com respeito à lisura das atuações, tanto em campo, quanto em seus tribunais; mas como vemos, trata-se de uma briga, não por melhores condições de trabalho, ou melhores remunerações para os profissionais da arbitragem, mas sim de tirar benefício próprio, como vemos atualmente, com a associação pagando viagens para blogueiros semi desconhecidos para falar bem em suas redes sociais.
Seguem abaixo alguns links de artigos que retratam com mais detalhes esta desavença entre as entidades.
https://www.espn.com.br/futebol/brasileirao/artigo/_/id/10746282
Vamos aguardar os próximos rounds desta luta e vermos quem jogará a toalha desistindo.
Comments (2)
Jose Roberto Tammaro
Desta vez torço pela cbf
Regina Rodrigues
Que pena que as entidades, que deveriam ser alternativas saudáveis para melhorar o futebol brasileiro como um todo, acabam sendo mais do mesmo.