Corneta do Cunio – Les Misérables

Por Alberto Cunio

Sacomardos alviverdes, que antes de iniciar eu tenha a licença de duas pessoas para discorrer sobre o assunto: o grande mestre da dramaturgia francesa Victor Hugo, que espero não se revire no túmulo pela heresia em citar uma de suas espetaculares obras logo no título da coluna, além de meu grande colega, mestre da Tecnologia da Informação e assuntos políticos palestrinos, Júnior, que me sugeriu o título.

Talvez uma das maiores arestas que assola o mundo cristão, e aqui peço agora licença aos leitores de todas as religiões ou ateus, é o fato de que o protestantismo se opõe ao voto de pobreza católico, pregando o progresso financeiro das pessoas. Tudo bem, estou sendo bastante rudimentar em citar algo bem mais profundo e complexo, mas em linhas gerais é isso. E muitos defendem que hoje vivemos em um país acomodado, assistencialista e pobre devido a este pensamento. Apenas vos informo que sou criado no seio da igreja católica jesuíta, posso falar de camarote sobre este voto “franciscano”.

A grandeza do Palmeiras, agora falando do que nos interessa, não condiz com o discurso atual de nossos dirigentes. Não há um só momento em que não ouvimos um deles na imprensa com o louvor da mendicância. Parece que “Palmeiras” na imprensa se tornou sinônimo de: Série B, chapéu na mão, “devo, não nego, pago quando puder”, “não podemos fazer nada se alguém com mais dinheiro vier e comprar o elenco inteiro”, entre outros bordões indigentes.

Nesta segunda-feira nosso presidente disse, em entrevista a uma rádio paulistana, que não tirou dinheiro do seu próprio bolso para ajudar o mendigo da Pompéia, mas que usou de todo o seu prestígio no mundo das finanças para tirar o clube das mãos da Fininvest e suas taxas escorchantes para conseguir empréstimos dignos do Banco Mundial. Agora eu pergunto: para que isso?

Esta linha retórica está reduzindo nosso clube a pó. A palavra “apequenamento”, a qual não gosto nem de citar, voltou à pauta. Enquanto vemos clubes falidos como Flamengo, Botafogo, Vasco e até o Fluminense, outrora abastecido pela empresa de saúde, com o penacho levantado, falando em contratar grandes craques, ousando até mostrar interesse em Valdivia, o que vemos de nossos dirigentes? Palavras fracas, jogando nosso Palmeiras na sarjeta, na mendicância, desvalorizando nossos maiores ativos que são os atletas, minimizando as chances de angariarmos polpudos patrocínios para o centenário. Ao invés de estufar o peito e mostrar ao mundo que somos um clube em franca recuperação da lama em que fomos colocados por Arnaldo Tirone e Roberto Frizzo, nosso mandatário faz pose de porta de igreja. Até quando vamos passar a impressão de que não valemos nada e que qualquer vintém jogado em cima do jornal aplacará nossa fome?

Por esta razão, deixo uma CORNETA no ouvido destes mendigos de plantão, para que eles não se esqueçam de que o Palmeiras JAMAIS passará o chapéu para sobreviver. Coloquem nosso clube no seu devido lugar, começando pela pregação.

A Corneta no Twitter clama por coerência. Siga! @Corneta3VV