Corneta do Cunio – Metamorfose

Por Alberto Cunio

Kafkas alviverdes, o antiácido que tomei em abril só fez efeito agora. E a Corneta 3VV volta, mas diferente. Quem sabe um dia o Palmeiras permita que nossas intervenções semanais valham a pena. Hoje, sinceramente, só o trabalho de digitar estas linhas já é em vão.

Reflexão e isenção. Se é que isso é possível para um palmeirense, foram as coisas que mais utilizei durante este tempo de resguardo pessoal. Afinal, o ano do centenário estava envolto em muita nebulosidade. Vínhamos de uma Série B que foi levada “na flauta”, dado o péssimo nível do Campeonato. E isto causou certa preocupação, pois perdemos de certa forma os parâmetros para montagem de um elenco profissional “nível Série A”.

Aí podemos pensar: “Bom, nada que uma administração nova e profissional não possa executar”. Pois começaram os problemas. Nova sim, mas profissional… Até onde?

Da mesma forma como Gregor Samsa da supracitada obra se transforma num inseto, o Palmeiras é um clube que sofreu completa descaracterização. Os mais antigos vão se lembrar dos tempos em que o “Palestra” (que era o local público onde se faziam exercícios físicos na Grécia e Roma antigas) e, mais tarde, a “Sociedade Esportiva”, proporcionavam alegrias e conquistas a nossa nação alviverde em inúmeras modalidades. Mais tarde, a “Era Parmalat” ainda deu pequenos incentivos a alguns esportes olímpicos, mas a trajetória indicava um destino inevitável: o Palmeiras seria (quase que) exclusivamente um clube de futebol.

Sempre fui contra este exclusivismo futebolístico, mas o fato é que ele acabou acontecendo. Até a gestão atual assumir o controle do clube.

Poderíamos enumerar um sem fim de coisas que fizeram com que o Palmeiras deixasse de ser ATÉ um clube de futebol. A sensação é de que o centenário clube estava fadado a morrer ao final de seu primeiro século de vida. Não encontramos mais nada que o caracterize com tal, ou se assemelhe em sombra ao que o fez o maior campeão nacional da história e campeão do século XX.

Hoje, sofremos uma metamorfose aparentemente irreversível. E talvez a maior de todas as coisas não é ser um clube vencedor sem um grupo profissional de futebol que faça no mínimo jus à história e ao ano tão especial. Mas ao singelo fato de que a nossa camisa não estampa sequer o nome de alguém interessado em sua exposição para milhões de pessoas, em especial os aficionados palmeirenses, notórios vorazes “consumidores” de tudo que se refere ao amado clube.

Parabéns, Paulo Nobre. A CORNETA é sua para sempre. Sua gestão conseguiu uma proeza única: descaracterizou ou nosso clube. No que ele se transformou? Não sei. Alguém tem sugestão?

A Corneta no Twitter, ainda abalada, busca um caminho. Siga! @Corneta3VV