Custo por ponto conquistado e o custo de um time campeão

Por Luís Fernando Tredinnick

No
estudo da Casual, utilizado na semana passada, também existe um
indicador interessante: o custo por ponto conquistado no campeonato
Brasileiro.

É um indicador interessante, mas infelizmente não é
um indicador que possa ser acompanhado como índice de eficiência dos
clubes. Afinal, vale à pena pagar mais caro para ser campeão ou não?

Observem
no gráfico abaixo o custo por ponto conquistado nos campeonatos
Brasileiros de 2006 e 2007. Os clubes estão na ordem de colocação do
campeonato de 2007 até o oitavo colocado, Atlético-MG, depois temos o
Inter, que foi o 11º e o Corinthians que foi o 17º.

Para
2007 o valor gasto por ponto conquistado do 2º (Santos) ao 7º colocado
(Palmeiras) foi muito próximo aos R$ 1 milhão (isso mesmo, um milhão de
reais por ponto conquistado), com exceção do Fluminense. O 8º colocado
(Atlético-MG) gastou “apenas” R$ 786 mil por ponto conquistado. Já o
campeão, gastou R$ 1,4 milhões por ponto conquistado!

Já o Inter
gastou bem mais do que o campeão, chegando a R$ 1,8 milhões. Já o
Corinthians conseguiu a proeza de gastar 2,6 milhões por ponto
conquistado.

Observem agora o total gasto no futebol por cada um dos clubes:

Alguns pontos de vista são possíveis dados os valores apontados:

1) Para ser campeão, deve-se realmente gastar bastante, pois o clube campeão gastou mais de 110 milhões com o futebol
2)
No futebol, maior gasto não representa garantia de retorno, afinal, o
clube que mais gastou foi rebaixado e o terceiro clube que mais gastou
(Inter) conseguiu apenas a 11ª posição.
3) O negócio é gastar pouco! O Fluminense foi campeão da Copa do Brasil e 4º colocado gastando apenas R$ 35 milhões.

O que realmente os números devem dizer?

A primeira conclusão é que os dados do Fluminense não são confiáveis!
Como os juízes no Rio estão penhorando as receitas do futebol (algo que
ocorre há algum tempo, não só no caso da receita de bilheteria da final
da Libertadores), eles têm todo o interesse em “disfarçar” os números
do futebol. Na minha opinião, os gastos do Fluminense devem ser bem
maiores! Ou vocês acham que o Washington, Dodô e Cia., além do centro
de treinamento de Xerém são mais baratos do que os dos outros clubes?
Eu não! Então, ignorem os números do Fluminense!

Uma segunda conclusão, é que com gastos entre R$ 50-60 milhões é possível montar um time competitivo. Veja bem, não um time vencedor, mas um time capaz de brigar por uma vaga na Libertadores.

O Atlético-MG conseguiu brigar por uma boa posição no campeonato passado, gastando um pouco menos, mas há quanto tempo ele não consegue brigar por um título relevante?

Em tempo: todos os outros times que se classificaram depois do Atlético-MG, com exceção do Inter e do Corinthians, gastaram menos do que o Atlético!

A terceira conclusão é que um time de ponta realmente custa caro.
O Spfc gastou muito dinheiro em 2006 e 2007 para manter um time
competitivo e conseguir ser campeão, e ainda assim teve derrotas
homéricas na Libertadores nos dois anos! Seria interessante imaginar
algum conselheiro do Spfc reclamando dos gastos absurdos com o futebol
do clube para conseguir “apenas” o bi-campeonato Brasileiro…. Essa é
uma boa pergunta para a imprensa: por que o Spfw gastouR$ 40 milhões a
mais (quase 60% a mais) de um ano para o outro com o futebol?

A quarta conclusão é que gastar por gastar
não trás benefícios para o time. O Corinthians não serve de parâmetro,
uma vez que tem enfrentando grandes turbulências políticas e com
grandes acusações de roubou de dinheiro do clube. O Internacional
mostrou que deve-se ter um planejamento mínimo para que o time não seja
desfigurado ao longo de um ano. O Inter desfigurou o seu time logo após
a Libertadores em 2006 e em 2007 montou um time ao longo do campeonato.
Simplesmente não deu certo.

Em resumo:

Resumindo todos esses números: um time para brigar pelo título custa caro! Em compensação um time barato é a garantia absoluta que o time não irá brigar por nenhum título.

Mesmo um time caro pode fracassar, o que obriga os dirigentes a gastar bem e fazer um bom planejamento para o futebol.

Alguém aí ainda acredita na política do “bom e barato”?

Saudações AlviVerdes

*Luis Fernando Tredinnick escreve todas as sextas-feiras no 3VV, explicando a quem
conhece e também a quem não conhece os números no futebol.