Editorial: falhas individuais não podem encobrir o que ocorreu de fato no Maracanã

Editorial 3VV

O Palmeiras começou a perder o jogo deste último domingo, 19 de outubro, contra o Flamengo assim que Ramon Abate Abel apitou o fim do clássico contra o SPFC, duas semanas antes. O que assistimos dali em diante foi uma mistura de ação coordenada de jornalistas decadentes, influenciadores querendo engajamento e dirigentes oportunistas, tudo isto combinado com uma certa ingenuidade da Presidente da SE Palmeiras e seus Diretores ligados ao futebol.

Foram duas semanas de narrativas que colocaram o Palmeiras como “o time mais beneficiado do futebol brasileiro” e – pasmem! – o Flamengo como “uma grande vítima”.

Vejam que ironia…

O melancólico time do SPFC serviu de escada para o Flamengo. Pois, aparentemente, os dirigentes do “outrora Soberano”, além de estarem indignados com os erros do árbitro no clássico em que tomaram uma virada em casa em menos de 20 minutos, não suportariam a ideia de ver o Palmeiras conquistar mais um Brasileiro e ser tetra-campeão da Libertadores. A grande glória do SPFC no presente é torcer contra o Palmeiras e sabotar o quanto puder, não importa como.

A dobradinha SPFC / Flamengo deu certo! Usaram todos os meios possíveis para pressionar a CBF e a arbitragem e conseguiram escalar um árbitro que invariavelmente comete “erros” contra o Palmeiras, especialmente em clássicos.

Do nosso lado, temos que reconhecer, o Palmeiras pecou pela omissão durante todo esse período. Deveria ter: (1) endossado as críticas ao árbitro Ramon Abate Abel, que tanto nos prejudicou nos últimos anos, inclusive contra o próprio Flamengo no 1o turno deste Campeonato Brasileiro, logo depois do final do clássico contra o SPFC; (2) apoiado o pedido de afastamento do mesmo bem como dos áudios de todos os lances da referida partida (inclusive aqueles que nos desfavoreceram); e (3) feito pressão pela escalação de um árbitro estrangeiro no jogo do Maracanã, já que a arbitragem brasileira “precisa ser investigada” (não era essa uma das narrativas das duas últimas semanas?).

Inclusive o treinador Abel Ferreira, na coletiva do pós clássico no Morumbi, deveria ter reconhecido os erros do árbitro e relembrado as inúmeras ocasiões em que reclamamos dele. Naquele momento preferiu calar-se e com isso perdeu o direito de reclamar veementemente no pós jogo deste domingo no Maracanã.

Wilton Pereira Sampaio, como dito acima, tem péssimo histórico contra o Palmeiras em partidas contra outros grandes clubes, e neste domingo entrou em campo com a “pressão” para provar que “a CBF NÃO é verde”. E ele conseguiu!

O mais curioso é que nossa gestão,tão elogiada aos quatro cantos como um exemplo de administração, após tantos anos convivendo com o Palmeiras e em pleno ano de 2025, ainda não entendeu que nos dias de hoje, infelizmente, vivemos uma guerra de narrativas. Não entendeu ainda que pautar a opinião pública e o debate também importam.

Neste processo todo, se tem algo a se aprender, é que o Palmeiras não soube gerar influência externa porque achava que estava seguro fazendo uma possível “influência interna”. Se é que realmente fizeram isso “nos fóruns apropriados”.

Dito isto, e falando agora sobre os jogadores, estes não podem entrar em campo achando que depois de tudo que ocorreu ao longo de duas semanas, o árbitro ia apitar a favor do Palmeiras qualquer falta, empurrão, trombada. Isto ficou claro aos três minutos quando não foi marcado um pênalti escandaloso sobre Gustavo Gómez. Entretanto, nem isso serviu para alertar nossos jogadores. O segundo gol deles veio também de uma enorme falta de malandragem de nossos atletas.

E para encerrar, é compreensível que muitos palmeirenses estejam lamentando os lances errados de Aníbal Moreno e Bruno Fuchs, mais do que da arbitragem. De fato, em uma partida igual, entre dois clubes que se equiparam na competitividade, vence quem erra menos (ou não erra). E é claro para todos que os jogadores do Palmeiras erraram em lances capitais. Afinal, falhamos três vezes em um jogo que não poderíamos falhar.

Mas as falhas individuais ou coletivas não podem encobrir uma arbitragem desastrada, que alterou de forma flagrante e vergonhosa o resultado de uma partida importantíssima para a continuidade da disputa do Campeonato Brasileiro 2025.

Saudações Alviverdes!

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