Gastos na formação de atletas
Por Luís Fernando Tredinnick*
Amigos,
Pois
é, estamos em uma daquelas situações bem complicadas, não sabemos se
xingamos o time ou se continuamos acreditando e torcendo até a última
partida. Eu vou torcer até essa última partida, mesmo porque eu fiz uma
aposta com um carioca flamenguista sobre o jogo de domingo.
O tema de hoje é sobre o gasto com a formação de atletas.
Esse
é um daqueles posts em que se deve tomar muito cuidado ao se escrever e
ao se ler. Como eu já disse várias vezes, os dados que temos nos
balanços dos clubes não são, na minha modesta opinião, muito confiáveis.
A IMPORTÂNCIA DAS CATEGORIAS DE BASE
Como
já sabemos, nenhum clube consegue sobreviver sem a venda de atletas.
Para o clube conseguir um lucro significativo ou ele forma o atleta “em
casa” ou ele tem uma rede de olheiros extremamente eficiente para
conseguir contratar os atletas antes do que todos os demais clubes.
Como
hoje em dia todos os clubes tem um sistema de olheiros razoavelmente
eficiente e basicamente todo mundo já entendeu que um jogador
habilidoso pode valer muito dinheiro, as chances do Palmeiras fazer
grandes negócios é relativamente baixa.
Devemos então investir nas categorias de base, certo?
Observem no gráfico abaixo as informações sobre o gasto na formação de atletas;
Antes
do Palmeirense começar a xingar a diretoria por investir pouco na
formação das categorias de base, deixe-me explicar algumas coisas.
Muitos clubes nem ao menos divulgam seus gastos na formação de atletas. O Corinthians é um exemplo.
Além
dos custos diretos de salários, alimentação, etc., também são incluídos
nesses custos uma parte dos demais custos dos clubes. Os clubes não
explicitam quais são esses custos e nem como esses custos são divididos
com as categorias de base. Portanto, se o critério para a divisão de
custos for diferente entre os clubes, a comparação não será válida.
Observando
os valores do Palmeiras e dos demais clubes temos a impressão que
realmente investimos pouco dinheiro. Isso é algo que todos nós
Palmeirenses acreditamos e também nós nos acostumamos a escutar que
teremos uma reformulação nas categorias de base do clube.
O QUE DEVEMOS FAZER?
Em
primeiro lugar devemos sempre lembrar que mais importante do que
investir altas quantias na formação de atletas, é investir da melhor
maneira possível, ter um maior retorno possível.
Observando os
gastos do Coritiba, vemos que ele investiu menos do que Palmeiras
(ainda que represente 12% da receita total do clube) e ainda assim
apresentou jogadores promissores em 2007, como o próprio zagueiro
Henrique.
Em segundo lugar devemos realmente cobrar mudanças nas
categorias de base do clube, mas também temos que lembrar que os
resultados são incertos e podem demorar para aparecer. Para termos uma
idéia, o São Paulo em 2007 dispensou 56 atletas, profissionalizou 26 e
ainda mantinha 128 atletas nas suas categorias de base. Imaginem o que
é dispensar 56 jogadores em um único ano?
Em terceiro lugar,
devemos aprender a copiar aquilo que é bem-feito. Já disse várias vezes
aqui que eu considero o Internacional o clube mais bem administrado do
país. Ele não é o clube que mais investe nas categorias de base, mas é
aquele que apresentou nos últimos dois anos os maiores destaques da
nova geração: Alexandre Pato já foi embora e existem pelo menos três
jogadores que disputaram a Copa São Paulo de Futebol Júnior que são
promissores. O mais famoso dele talvez seja o Thales.
Enfim,
vamos continuar vigiando e cobrando uma melhora nas categorias de base
do clube, afinal, se temos a melhor escola de goleiros do país, por que
não ter também uma categoria de base que é destaque nacional?
Ah, e domingo a luta continua!
Saudações AlviVerdes
*Luís
Fernando Tredinnick escreve todas as sextas-feiras no 3VV, explicando a
quem conhece e também a quem não conhece os números no futebol; Divulgação autorizada mediante explícita citação do autor e do blog Terceira Via Verdão