Jota Christianini, 75 anos
Por Vicente Criscio
Conheço José Roberto Christianini há quase 20 anos.
Foi no Bar Inglês, reduto dos sócios, dentro do Palmeiras, que queriam falar das mazelas do futebol e da política do clube, Ficava ao lado da então Sala de Troféus.
Lá pelos idos de 2003 quando eu era recém associado, fui levado ao Bar Inglês pelo outro longínquo amigo Afonso Campos Pinto.
Quando vi aquele palestrino, com um certo sotaque moocano, monopolizando a conversa, perguntei silenciosamente a mim mesmo: “quem é esse maluco que não para de contar história”.
Assim ficou a primeira lembrança. Depois com muita honra me tornei amigo, mas mais que isso: Jota, é um amigo, conselheiro, parceiro de batalhas políticas na SEP, professor – em política do clube, onde confesso que não sou um bom aluno, mas também em história, futebol, Palmeiras, …. e um professor no principal quesito que podemos querer: na amizade.
Jornalista, advogado, marido da Dona Arlete há 22 anos, pai do Fabio e Luciana, e depois da Viviane e também Luciana. Avô do Heitor e da Yasmin. Lapeano na origem, mas moocano por adoção. Mora, vive, respira o Principado da Mooca. E ai daquele que falar mal do principado.
Não suporta desaforos: dois deles são capazes de tirar Jota de sua sempre tranquila aparência: 1. se alguém vem questionar sobre nosso Mundial de 51; 2. se na mesa, algum desavisado, pedir pizza de abobrinha.
Apaixonado, historiador, uma das mentes mais lúcidas e completas sobre a história não só do Palmeiras mas do futebol brasileiro. Tem não só a habilidade de monopolizar o diálogo mas também derivar, sair do tema central, entrar em outro assunto, derivar novamente, e depois ir fechando cada assunto aberto até retornar ao assunto central, como se na memória tivesse uma capacidade infinita de gigabytes .
No 3VV me presenteou escrevendo CAUSOS semanais. Um melhor que o outro. Uma verdadeira aula de história do Verdão e do futebol brasileiro contada de forma bem humorada e fácil de ler.
Mas os causos – de Liminha passando a Turcão, Oberdan, nascimento do Palestra, nascimento do Palmeiras, Parque Antarctica – não é o único legado do Jota ao 3VV. Eu também tenho “causos” que vivi com ele.
Um dos muitos: início de 2010, pedi ao Jota para me ajudar a entrevistar Muricy Ramalho pelo 3VV, então treinador do Palmeiras. Helder Bertazzi, com quem sempre vivo entre tapas e beijos, arrumou essa boquinha para nós. Teríamos apenas 15 minutos com Muricy. No máximo 30.
Na entrada eu quase implorei:
— Jotinha, pelo amor de Deus, só teremos 15 minutos com o homem…. o entrevistado é o Muricy. Deixa o homem falar!
— Ele fez que sim com a cabeça, mas notei uma certa contrariedade!
Ficamos mais de duas horas conversando. Muricy quase chorou quando falou do pai palmeirense. Uma semana depois quando o mesmo Muricy deu uma entrevista exclusiva ao jornal Lance, disse aos entrevistados – daquele jeito “bem humorado” quando questionado, “por que não gostava de jornalistas e entrevistas?”.
O segundo cara era eu, mero coadjuvante no papo. “O Cara” É o Jota!
Há muitos que conhecem a história do Palmeiras. Mas o Jotinha, como chamamos entre os amigos, é hoje a única pessoa que eu conheço, que mais conhece, que viveu a história, e que faz isso com um único retorno: ensinar aos mais jovens (e também aos não tão jovens assim) “quem” é esse Palmeiras que nós torcemos.
Parabéns meu grande amigo. Vida longa, com saúde, com prosperidade, e que você continue muitos e muitos anos nos brindando com suas histórias, causos, e exemplos de vida e de palestrinidade. Espero poder desfrutar muitos e muitos anos de sua amizade e palestrinidade.
Beijos!
***
Nota do Editor: o 3VV em homenagem ao Jota, mas mais ainda, para buscar armazenar em um único lugar o acervo digital desse Historiador, construiu (e ainda está construindo e populando) um espaço para termos seus vídeos, áudios, podcasts, e causos. Convido a todos a conhecer! O espaço é exclusivamente do Jota Christianini, apenas com o apoio técnico do 3VV e seus colaboradores.
Desfrutem!
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