Modelos de gestão no futebol
Por Vicente Criscio (post original publicado em abril de 2020, com adaptações temporais em julho 2021)
Lá nos idos de abril de 2020, e isso parece que faz décadas, estávamos no início da pandemis do COVID-19 e nal sabíamos ainda quanto tempo íamos conviver com isso.
Passado mais de um ano ainda estamos na pandemia, num cenário de maior afrouxamento, mas com impactos econômicos em todos os setores.
Na época os campeonatos estavam paralisados. Hoje já temos a bola rolando, mas no Brasil ainda sem público.
Mas em abril de 2020 um texto de Cesar Grafietti, que escreve sobre gestão e economia no futebol no Infomoney, chamou nossa atenção. ento.
Um excelente resumo sobre modelos societários no futebol mundial.
Quem acompanha o 3VV, criado há mais de 10 anos, sabe que nós já falávamos aqui sobre o modelos de gestão no futebol e quais caminhos um clube da dimensão do Palmeiras teria para se posicionar no século 21 em termos de gestão.
Aqui falei também algumas vezes sobre os modelos que mais gosto. Particularmente o do Bayern de Munique, onde o clube é o principal acionista mas tem ainda Adidas, Audi e Allianz como sócios. Gestão profissional. O link está abaixo.
3vv.com.br…aprendendo-com-os-alemaes
Mas leiam antes o artigo na Infomoney …
Interessante notar que o artigo cita clubes como Palmeiras e Flamengo como sucesso em um modelo de gestão “associativa fechada”. Mas acertadamente o faz com ressalvas. Tomo a liberdade de reproduzir três quadros que o autor colocou em seu texto. Todos os créditos para ele.
Sobre os modelos de gestão….
Sobre os prós de cada modelo….
Sobre os contras de cada modelo… (o destaque em amarelo é meu).
Surgiu um sopro de esperança de que a mudança viria de cima pra baixo quando discutiu-se no Congresso a SA do futebol. Três links sobre o assunto:
Terra Econômico: Clube empresa e a SAF.
Não avançou. Na verdade, nem precisava. Especialistas no assunto afirmam que nao precisamos depender do Congresso. Qualquer clube pode tomar essa decisão e partir para esse modelo. Pode ser que a SAF volte à pauta pós pandemia. Até porque muitos clubes estão passando dificuldades e vão aumentar, com toda essa paralisação,
E o Palmeiras?
Todo esse contexto para dizer que apesar das melhoras nos últimos anos – todos reconhecemos isso – ainda patinamos e feio no assunto “gestão”. (falamos isso no texto original, há 15 meses… e ainda falamos hoje).
O Palmeiras continua estacionado no modelo Associação Fechada, onde assim tenta preservar a continuidade do poder entre os grupos políticos internos. Por quê? Enumero o que NÃO ESTAMOS FAZENDO para sair do modelo atual:
- Não implementar uma profissionalização de verdade, que comece lá na diretoria executiva e possa permear todos os departamentos ligados ao futebol;
- Não alterar o modelo político. A manutenção em um modelo de gestão refém de pessoas e votos dentro de ambiente pequeno, sem meritocracia, onde a quantidade importa mais que a qualidade, que mistura gestão de clube social com gestão de futebol, é maléfica para os “dois negócios”;
- Não desenvolver uma governança que dê transparência e separação de interesses pessoais versus interesses da instituição;
- Não desenvolver ferramentas de capitalização e com isso continuar refém de mecenato ou fontes de receitas não alavancáveis;
- Não abrir de verdade a instituição Palmeiras aos que verdadeiramente geram valor, ou seja, sua torcida.
O modelo de gestão – independente daquele que eu defenda – deve ser orientado para despolitizar, colocar profissionais na cadeira do “presidente” (ou usando um anglicismo de mercado, o tal Chief Executive Officer), permitir capitalização e atrais os verdadeiramente palmeirenses para mais próximo da gestão.
Depois de mais de 10 anos falando sobre isso e tendo participado mais ou menos ativamente por algumas gestões, sinto que nada foi feito no sentido de avançar de verdade nesse tema. Por absoluta falta de interesse político de todos aqueles que possuem ou possuíram capacidade de decisão lá dentro, formal ou não.
Termino essa provocação com um texto do artigo de Cesar Grafietti, da Infomoney, que serviu de inspiração para esse texto:
O problema é que vamos tratar o modelo de controle acionário como a solução dos problemas, quando na verdade ele é apenas meio, não fim. O que muda a vida de uma empresa e de um clube de futebol é a forma como eles são geridos, e não seu modelo societário. Cesar Grafietti, Infomoney.
Independente do modelo, o que muda a vida de verdade de um clube de futebol é a forma como ele é gerido. Felizmente algumas poucas – eu diria bem poucas – pessoas dentro do Palmeiras compartilham dessa visão.
Uma nova eleição para Presidente vem aí em alguns meses. O que os candidatos pensam sobre isso? o que farão sobre isso? estão antenados sobre isso?
Asusnto para os próximos posts….
Concordam? Discordam? Deixe seus comentários.
Saudações Alviverdes! Cuidem-se.
Comments (2)
MARIO LUIZ SALVONI
Perfeito em seus comentários, como sempre. Enquanto Clube Social & Clube de Futebol estiverem sob o mesmo guarda-chuva acho improvável termos grandes mudanças, ou seja, ou separa ou ficaremos (e não me refiro só ao Palmeiras) na metade do caminho.
Primeiro Campeão Mundial 51
Antes de mais nada, quero parabenizar o novo site, está muito, muito bom!
Sobre o assunto, eu já desisti de ver mudanças. Como você vai convencer os que se beneficiam de algo, a pararem de se beneficiar? Se apenas o fato de se beneficiarem, já indica que eles não tem o melhor dos caráteres? E portanto, estão muito mais propensos a jogar sujo pra manter o status quo. Uma pena, o Palmeiras não será o clube que, vai ser aproveitar do momento de fraqueza do futebol brasileiro, para se impor e empilhar taças. Vai ganhar aqui e ali, pelo fato de ter mais dinheiro, mas não vai deslanchar na frente de todos…