O curioso caso do Atlético MG II: aposta alta

Por Luis Fernando Trednnick

Líderes Palmeirenses, no artigo anterior vimos o tamanho da aposta que foi feita pelos mecenas do Atlético-MG, onde o clube mesmo ganhando o Brasileiro e a Copa do Brasil – e os títulos significaram mais de R$ 100 milhões me premiações – tem o custo do futebol maior do que a receita.

Clique aqui e leia O curioso caso do Atlético MG parte I

Crédito divulgação internet

O que conseguimos deduzir pelo que vemos na mídia é que a esperança (alguns diriam “plano estratégico”) é que o time vai se manter ganhando campeonatos para manter o caro elenco e, na pior das hipóteses, ter prejuízos “administráveis” enquanto o estádio não fica pronto e se consegue alavancar de vez as receitas

Aposta arriscada para dizer o mínimo. 

Tentando entender

Mas, para fazermos alguma aposta sobre o futuro dos rivais mineiros, vamos tentar entender algumas coisas sobre a dívida do Atlético.

Quanto o clube deve? Bem, utilizando a fórmula clássica de dizer que a dívida é o que ele deve menos o que ele tem a receber dentro dos próximos doze meses (passivo circulante + passivo não-circulante = ativo circulante) a dívida do Atlético-MG é de “singelos” R$ 1.369 milhões (sem contar que eles desconsideram R$ 72 milhões de dívidas que serão pagas via publicidade, o que contabilmente é questionável, mas isso já é outra história). 

Isso mesmo, praticamente R$ 1,4 bilhão.

Neste momento talvez o leitor se pergunte: “quanto desse dinheiro é devido para os mecenas?”.

Bem, não é possível ter certeza do valor, dado que no balanço não está claro sobre isso, porém é possível deduzir que em 31 de dezembro de 2021 a dívida com os mecenas está discriminada em duas partes no balanço.

  • Uma está na parte de Empréstimos e Financiamentos  sob a rubrica “pessoas jurídicas não financeiras” cujo total é de R$ 185 milhões (menor do que os R$ 267 milhões ao final de 2020) …
  • … e mais uma parte sob a rubrica “Partes Relacionadas”, da qual não há explicação alguma no balanço, no valor de R$ 62 milhões.
  • Um chute razoavelmente seguro seria que os mecenas precisariam receber ao menos R$ 247 milhões do clube.

E o shopping que está para ser vendido?  Bem, as notícias que circulam dizem que a participação no shopping vale algo próximo a R$ 330 milhões.  Se a venda atingir esse valor, a dívida do clube chegaria próximo a R$ 1 bilhão, uma conta ainda salgada. 

Fazendo contas

Vamos fazer um pequeno exercício para entender o tamanho da dificuldade que o Atlético-MG deve ter.  As contas aqui serão aproximadas e não refletirão integralmente a realidade. 

Vamos imaginar que a dívida após a venda do shopping seja de R$ 1 bilhão e seja paga em 30 anos com juros médios de 5% ao ano. Isso significariam que o clube precisaria pagar parcelas anuais de R$ 65 milhões pelos próximos 30 anos.

Com R$ 500 milhões de receitas o clube teve um prejuízo (excluindo-se um ajuste puramente contábil) de R$ 138 milhões.  Então, se as coisas se mantiverem como estão, para ter um lucro suficiente para realizar o pagamento da dívida o Atlético-MG deveria ter uma receita líquida adicional de R$ 203 milhões (138+65). 

Um aumento de 40% sobre as receitas de 2021.

Mesmo considerando-se que o estádio trará receitas adicionais, a equipe terá que continuar a ganhar os títulos e suas respectivas premiações para que uma meta dessas seja atingida.

Alguém aí acha isso factível?

Bem, da minha parte, digamos que eu não apostaria o meu dinheiro nisso.

Saudações AlviVerdes

Comments (3)

  1. resultado financeiro tem beneficio fiscal…..a conta fica um pouco menor

  2. O Curioso Caso do Atlético-MG IV: eu avisei – 3VV

    […] O Curioso Caso … II: aposta alta, por 3vv.com.br […]

  3. O que fizeram foi uma insanidade, vai quebrar igual ao cruzeiro. E ainda tem quem ache que a SAF é uma má ideia

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