O projeto do Palmeiras
De lá prá cá alguns palmeirenses já tentaram, com a antiga gestão, ajudar a tirar do papel esse projeto. Eu conheço dois casos, mas devem ter havido muitos mais. A primeira vez que ouvi foi lá pelo ano 2000. Afonso Campos (alguns o conhecem) levou Diretores de um grande Banco brasileiro para discutir com o antigo Presidente e alguns Diretores como levantar recursos para o novo estádio. Naquela época disseram que não precisariam de ajuda, pois o funding (termo para caracterizar os recursos financeiros para esse tipo de empreendimento) já estava equacionado. Isso no ano 2000, sete anos atrás!
Posteriormente houveram outros. Tudo história passada… nem adiante remexer muito!
E o projeto atual? Ele aparece de forma muito pouco clara na imprensa. Os links a seguir apresentam algumas matérias publicadas recentemente: globo.com; esporte.uol;
Em matéria publicada no dia 3 de abril no Lance! a manchete era mais promissora: NOVA ARENA SAI DO PAPEL. Na matéria falava-se sobre três parceiros: um para o projeto – Amsterdan Arena Advisory – uma para construir e outra empresa para operacionalizar a Arena. A matéria falava ainda de 30 ou 40 anos de prazo de “parceria” nos lucros. Não parece ser assim!
Na verdade, de acordo com fontes internas, o projeto é mais embrionário do que se divulga. Ao mesmo tempo, o projeto é mais consistente do ponto de vista de etapas a serem seguidas. Vamos lá:
O QUE JÁ EXISTE
Existe um projeto técnico pronto, aprovado pela Prefeitura. Ou seja, se amanhã o Palmeiras quiser começar a obra existe um alvará para isso. Na verdade as pequenas reformas que se vêem no Palesta também servem para não se perder o alvará. Apesar da cara de “puxadinho” que fica para quem entra no estádio pela Turiassu.
Existe ainda um “macro business plan“. Ou seja, usando o jargão da turma dessa área, existe um plano de negócios que projeta qual o fluxo de pessoas naquela região, qual a potencial utilização, quanto se pode ganhar com a Arena em eventos não esportivos (shows, comemorações, mercado corporativo, …). Mas isso ainda é muito “macro” e precisa de um trabalho mais profundo para validar as premissas desse business plan. Coisa simples para uma empresa de Pesquisa de Mercado.
Existe também uma Empresa que se propõe a organizar o consórcio. Essa empresa, dirigida por um ex-presidente de um Banco de Investimentos e com sócios de peso (e palmeirenses), têm interesse em investir upfront (outro jargão do mercado financeiro para caracterizar aquele que coloca o dinheiro antes de qualquer garantia ou contra-partida firme). A Empresa que tem interesse em fazer isso está investindo porque:
1) sabe que pode lucrar com esse projeto;
2) ela sabe que se tiver sucesso nesse consórcio poderá entrar em outros projetos desse tipo pelo Brasil, ainda mais impulsionados pela possibilidade da Copa do Mundo. Portanto essa empresa ficaria responsável pelo detalhamento do business plan e por procurar sócios no mercado brasileiro para financiar o projeto.
O QUE NÃO EXISTE!
O dinheiro! O plano detalhado! Os parceiros formalizados… tudo isso está “em construção”.
O dinheiro é a principal questão. Mas não só para o Palmeiras, mas para qualquer um. O valor anunciado parece baixo para os padrões de um estádio. Anunciou-se inicialmente US$ 120 milhões no investimento para o projeto. Só para se ter uma idéia, o Engenhão – Estádio João Havelange – construído para o Pan Americano, está com custo estimado em R$ 360 milhões, apesar da estimativa inicial de R$ 60 milhões e depois reajustada para R$ 166 milhões. Clique aqui e leia um POST de um blog sobre o PAN 2007.
Ok, vou para o outro extremo: o Wembley Stadium custou 752 milhões de libras, o equivalente a R$ 2,8 bilhões. Leia aqui os detalhes do projeto.
De qualquer maneira, o projeto do Palmeiras é o antigo. E por isso o preço nao reflita a realidade. A empresa que assumir o consórcio deverá rever o projeto. Não sei se irão refazer ou conceber algo novo!
QUAL O PRÓXIMO PASSO?
Para se fazer o que falta a empresa que está propondo assumir o consórcio, e no risco, deverá ter um mandato (também no jargão dos técnicos, que significa uma autorização para procurar parceiros para estruturar o projeto). Para isso ela terá que investir em projetos de detalhamento do business plan e na formação do consórcio dos investidores. A partir daí ela poderá, uma vez captado e desenvolvido todos recursos financeiros necessários, começar a construir.
Portanto o próximo passo é assinar com a tal empresa que será responsável pelo consórcio. Aparentemente esta empresa enviará nas próximas semanas uma espécie de “Memorando de Entendimentos” onde ela será a responsável por: detalhar o business plan, agregar os investidores, trazer os parceiro, modelar o negócio. E depois, tocar prá frente!
QUAL O RISCO DE NÃO SAIR?
I. Parar na velha burocracia estatal palmeirense. Temos administradores de clube em alguns principais postos do Verdão, e não gestores. Além disso temos 300 conselheiros para aprovar. É tão complexo quanto passar uma reforma tributária no Congresso! E quando eu digo PARAR, não falo apenas na aprovação do projeto. Falo em coisas simples, como assinar um documento que dê poderes a uma empresa de formar um Consórcio;
II. O consórcio não ver atratividade financeira! Esse risco existe mas é menor. Há controvérsias em muitos “entendidos” sobre a atratividade de uma arena de eventos.
Sobre atratividade financeira, veja o próximo POST.
Sobre a nossa Arena: está mais longe do que se pensava porque as obras não começam amanhã. Ao mesmo tempo tem um projeto, tem interessados que acreditam e topam buscar investidores e tem pessoas
na gestão interessada. Vamos continuar acompanhando…
Saudações Alviverdes!