O tempo perdido no futebol
Por Oiti Cipriani
A arbitragem da partida Palmeiras 2×1 São Paulo ainda está na memória do palmeirense não só pelos erros do árbitro Raphael Claus, mas também pela “cera” feita descaradamente pelo adversário quando tinha o empate em suas mãos.
E em meu artigo anterior a esta partida – O VAR e sua influência nos resultados – comentei que a maioria dos árbitros brasileiros ignoram solenemente as 17 regras do futebol, seja por comodidade, seja por incompetência ou até por algum interesse desconhecido.
E por mais banal que possa parecer uma determinada regra – por exemplo o goleiro reter a bola nas mãos por mais de seis segundos – a repetição desta atitude em uma partida fará com que o tempo de jogo esperado seja reduzido, além de quebrar a cadência da partida e em alguns casos enervar os jogadores adversários.
Vamos analisar duas situações em que ocorrem deliberadamente por parte dos jogadores a infração à regra e geralmente são ignoradas pelos árbitros.
Simulação de contusão por parte do goleiro
Alguns goleiros brasileiros são um capítulo à parte. Verdadeiros atores de cinema em filmes pastelão. Seus treinamentos são extremamente rigorosos, saltando, pulando, rolando por mais de duas horas de treino, a grande maioria sob um sol escaldante.
Nos jogos, quando interessa ao seu time, após uma defesa simples, se jogam ao chão, chamam médico, massagista, padre e pai de santo, e com isto retarda o jogo (que normalmente não é reposto no final). Com estas ações estes atores esfriam o jogo, e geram várias outras consequências maléficas para a partida.
E qual o poder do árbitro para coibir este tipo de prática? Pode advertir o jogador com cartão amarelo, mas dificilmente o faz. E acrescer o tempo perdido, mas que nunca é compensado adequadamente.
Posse de bola e tempo de reposição
Outra infração que está se tornando hábito e sendo solenemente ignorado pela arbitragem é quando a bola vai lentamente na direção do goleiro e este, ao invés de agarrá-la, dá um tapa e a deixa cair no gramado. Ao ser confrontado por um atacante, volta a segurá-la com as mãos. Esta é a infração chamada de “dois toques”.
Para este caso e outros semelhantes, existe regra. Entretanto os senhores que apitam a partida muitas vezes a esquecem.
A regra 12
Um tiro livre indireto será concedido se um goleiro cometer uma das seguintes infrações no interior da própria área penal:
- Controlar a bola com a mão ou o braço por mais de oito segundos antes de repô-la em jogo;
- Tocar na bola com a mão ou o braço após repô-la em jogo e antes de que ela toque em outro jogador;
- Tocar na bola com a mão ou braço, a não ser que tenha claramente chutado ou tentado chutá-la para repô-la em jogo, depois de:
- a bola ter sido deliberadamente chutada para o goleiro por um companheiro de equipe;
- O goleiro a receber diretamente de um arremesso lateral executado por um companheiro de equipe.
Arremesso lateral
Como dizem por aí, neste caso a regra é clara: o arremesso lateral deve ser cobrado no ponto que a bola saiu.
Por orientação da FIFA, aceita-se um metro de tolerância para a cobrança. E o que vemos? Cada jogador cobra de onde quiser e o árbitro faz vistas grossas.
Além do desrespeito à regra da distância do tiro lateral, há o desrespeito ao tempo de reposição da bola.
Todo o esporte tem um prazo determinado para reposição de bola em disputa: tênis, vôlei, futsal, futebol de 7, basquete. Esse “prazo determinado” tem o objetivo de agilizar o jogo. O seu não cumprimento deveria acarretar uma punição técnica ou disciplinar para o infrator.
Entretanto o que vemos de retardamento em jogos quando interessa a uma das equipes em campo beira o ridículo. O time que está em vantagem, retarda reposição de bola em disputa usando este tipo de artimanha.
O árbitro possui uma ferramenta para coibir esse tipo de ação, que é prorrogar o tempo de jogo. Mesmo assim o que vemos é que esses minutos adicionais não cobrem o tempo perdido. E o torcedor (consumidor final do futebol) acaba sendo ludibriado por este tipo de ocorrência.
Como a FIFA age e como poderia agir
A FIFA orienta que o tempo ideal de bola rolando é de 60 minutos.
A princípio isso parece bom, porque estabelece um limite mínimo de futebol de verdade. Porém, agindo dessa forma, a FIFA passa a ser conivente com as ações de retardamento de jogo, dado que o prazo regular de uma partida é 90 minutos. Quando a entidade máxima do futebol estabelece que está satisfeita com 60 minutos, passa a mensagem que dois terços de bola rolando já está bom.
Seria como a pessoa ir ao teatro e assistir somente 2 atos de uma peça de 3 atos.
A FIFA como mandataria do futebol deveria estudar uma maneira de coibir este tipo de fraude cometida a olhos vistos de todos. O mais fácil e coerente seria determinar um tempo para a reposição e não cumprido esta exigência, reverte para o adversário. Por exemplo, cobrança de lateral: não cumpriu o tempo determinado, reverte o lateral. Tiro de meta, não cumpriu o tempo, reverte em escanteio (ou vice-versa, escanteio em tiro de meta).
Isso poderia inibir ações de defensores qie, quando interessa, ao cobrar um tiro de meta, o goleiro vai tomar água, arrumar a meia, pegar a bola e levar de um lado para outro com morosidade, ai chama um companheiro para repor a bola.
E o árbitro, usando da máxima “bola parada é a meu favor”, deixa ocorrer, fingindo estar de costas para se posicionar, como a dizer “não estou vendo”.
Por todos estes detalhes que vemos jogos com 40/45 minutos de bola rolando, o que deveria ser considerado inadmissível.
E por isso perguntamos: Comissão de Arbitragem do futebol brasileiro, FIFA, não faremos nada para sanar esse problema?
Comments (3)
Ademir Divino, Primeiro Campeão Mundial
Mais uma escalação questionável do Abel em um momento que o Palmeiras não pode errar. Marcos Rocha de titular é de um absurdo sem tamanho e o único motivo para o Aníbal não começar jogando é algum problema físico. Fora a presença novamente do Raphael Veiga, que vem jogando somente com o nome há algum tempo.
ACORDA ABEL FERREIRA, PELO AMOR DE DEUS!
Walter Benvenuti
Só existe uma solução de verdade para essas questões de perda de tempo em uma partida de futebol: a FIFA introduzir o tempo jogado e não mais o tempo corrido. Tem que parar o cronômetro quando o jogo para, assim como no futebol de salão ou no basquete. Dessa maneira, a reposição do tempo parado sai da mão dos árbitros, na maioria incompetentes e coniventes. Isso seria a redenção do futebol jogado e o fim do horroroso futebol parado que impera hoje em dia.
Diogo Belotto
Eu ia dizer exatamente isso, é só introduzir o cronômetro parado como nos outros esportes que acaba as frescuras do jogador de futebol que simula, rola, senta, deita, finge de morto, etc. E não, isso não vai acabar com a “magia” do futebol, como diria alguns, assim como o VAR (quando bem aplicado) tb não acabou com ela.