O VAR e sua influência nos resultados

Por Oiti Cipriani

O futebol é regido por 17 regras, que normalmente são solenemente ignoradas, quer seja por comodidade dos árbitros, quer seja por incompetência ou até por ignorância.

O que vemos de jogos tendo influência em seu resultado por interferência de arbitragem gera até mesmo desconfiança por boa parte dos torcedores.

Por outro lado, o VAR, que entrou na cena do futebol mundial exatamente para diminuir a incidência de erros e “erros” da arbitragem, quando mal aplicado, pode fazer exatamente aquilo que se propunha a evitar.

Mas por conta das polêmicas recentes, sejam aquelas das últimas partidas do Palmeiras contra o Flamengo, quando o VAR viu o que quis ver, e não viu o que devia ver, bem como as suspeitas levantadas por John Textor que acabou levando a Presidente Leila Pereira e o presidente da comissão de arbitragem, Wilson Luiz Seneme a deporem no Senado em Brasília – clique aqui e veja um trecho do seu depoimento no Senado – decidimos falar um pouco sobre este que deveria ser A FERRAMENTA de apoio mais importante ao árbitro em uma partida de futebol.

VAR (Video Assistant Referee)

O VAR é bom ou ruim? Claramente sua intenção é positiva, e puxando rapidamente pela memória nos parece que há mais acertos do que erros após sua implantação.

Entretanto, o VAR possui um protocolo a ser cumprido. Segue abaixo a letra da regra e devidas orientações:

INCIDENTES E DECISÕES PASSIVEIS DE REVISAO

O árbitro pode ser auxiliado pelo VAR somente no caso de quatro categorias de incidentes e decisões que podem mudar o andamento de um jogo. Em todas essas situações, o VAR somente poderá atuar após o árbitro ter tomado uma decisão (inicial ou original), incluindo a de permitir que o jogo continue, ou no caso de que um incidente grave não seja percebido ou visto pela equipe de arbitragem.

A decisão original do árbitro não será alterada, a não ser que tenha havido um “erro claro e manifesto”, incluindo qualquer decisão tomada pelo árbitro com base em informações recebidas de outros membros da equipe de arbitragem, como no caso de um impedimento.

As categorias de incidentes e decisões que podem ser revisados no caso de um possível “erro claro e manifesto” ou “incidente grave despercebido” são:

Situação de gol/não gol:

  • Uma infração cometida pela equipe atacante na jogada do gol ou ao marcá-lo (toque de mão na bola, falta, impedimento, …);
  • Uma bola fora de jogo antes do gol;
  • Decisões sobre uma situação de gol/não gol;
  • Uma infração cometida pelo goleiro e/ou o batedor na execução de um tiro penal ou a invasão por um atacante ou um defensor que se envolver diretamente na jogada se a bola tocar na trave, no travessão ou no goleiro e voltar após o tiro penal.

Situação de tiro penal/não tiro penal:

  • Uma infração cometida pela equipe atacante na jogada do incidente do tiro penal (toque de mão na bola, falta, impedimento, …);
  • Uma bola fora de jogo antes do incidente;
  • O local da infração (dentro ou fora da área penal);
  • Um tiro penal concedido incorretamente;
  • Uma infração punível com um tiro penal que não tenha sido punida.

Cartões vermelhos diretos (e não uma segunda advertência com cartão amarelo):

  • Impedir uma clara oportunidade de gol (especialmente o local da infração e a posição dos outros jogadores);
  • Jogo brusco grave (ou disputa temerária);
  • Conduta violenta, morder ou cuspir em outra pessoa;
  • Realizar ação ofensiva, insultante ou abusiva.

Erro de identificação (cartão amarelo ou vermelho):

  • Se o árbitro punir uma infração e então mostrar um cartão amarelo ou vermelho ao jogador errado da equipe infratora (que foi punida), a identidade do infrator pode ser revista;
  • A infração em si não pode ser revista, a não ser que esteja relacionada com um gol, um incidente punível com um tiro penal ou um cartão vermelho direto.

Porém, ah porém…

Infelizmente, o que mais vemos são os árbitros VAR não cumprindo com o protocolo. Assim, atuam de maneira a interferir em decisões interpretativas do árbitro, ou no outro extremo, omitindo-se quando ocorre um equívoco claro e manifesto na arbitragem de campo.

A tecnologia está aí, afetando todos os setores econômicos. Mas como em quase todos eles, a presença humana ainda é fundamental. E esse indivíduo, aqui no Brasil chamado de Árbitro do VAR (AVAR) é o responsável pela boa aplicação da ferramenta.

SE, e grifando propositalmente, SE a Comissão de Arbitragem quiser passar uma mensagem de que é séria e está preocupada com a boa aplicação dessa ferramenta, deve chamar todos os seus árbitros (AVAR ou de campo) e repetir até cansar seus ouvidos o que manda a regra.

Esse deveria não o único, mas o primeiro passo para efetivamente fazer do VAR uma ferramenta que ajude TODAS as partidas a terem o menor erro possível da arbitragem.

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Comments (1)

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