Opinião: marketing e a crefisadependência

ou sub-título: da Euforia à decepção

Por Vicente Criscio

Na última sexta feira dia 5 de agosto o jornalista Danilo Lavieri publicou artigo em sua coluna onde noticiou que o Palmeiras estaria procurando a Adidas para tentar um distrato com a Puma e voltar com a antiga fornecedora de material esportivo.

Entre chuva de críticas nas redes sociais – a imprensa não gosta de nós, fake news, sensacionalista, busca de cliques, querem nos desestabilizar, não alimente os animais – e outras criticando a gestão da Presidente Leila Pereira e o marketing palmeirense, onde está o equilíbrio dessa discussão?

Sobre a matéria

Internamente, no Palmeiras, sobre esse assunto com a Puma, as pessas com quem conversei negam o rompimento. Alegam alguns problemas de relacionamento, mas que não buscaram a Adidas.

Do lado do jornalista, Danilo Lavieri, o conheco de longa data, desde os tempos do IG. Palmeirense, não é do tipo que busca cliques com notícia falsa.

Também colocou alguns fatos notórios: há um desconforto grande nos bastidores da política palmeirense com a gestão da Presidente por ter desmontado o departamento de marketing e ter trazido tudo para sua responsabilidade. Conforme veremos adiante, isso traz consequências ruins para a SEP, no curto, médio e longo prazo.

Sobre a Puma, desde sua entrada na SEP, os palmeirenses, pelo menos no meu entorno, elogiaram e muito os vídeos e as campanhas que a empresa fez. Resultado da alta sensibilidade do Diretor de Marketing Fabio Kadow, palmeirense e engajado no Palmeiras desde sempre, que conhecia nossa históra e nossas lutas.

Há críticas sobre a parceria? sim! Preço das camisas, falta do produto, distribuição, principalmente internacional. Sobre os preços, nada a comentar. Há uma demanda para uma linha “baixo custo”. Particularmente eu acredito que seja inviável. Não sou especialista na área mas o máximo que se poderia fazer é desenvolver as linhas casuais e de treino. Mas camisa de jogo tem sua relação preço/custo e o máximo que poderia se tentar fazer é mexer no royalties do clube para fazer chegar no ponto de venda a um preço mais acessível.

Sobre distribuição nacional ou internacional, depende muito de cada marca.

Ou seja quem promete preço baixo em camisa de jogo oficial ao custo Brasil, promete algo que não pode cumprir. Infelizmente essa é a nossa realidade

Sobre o marketing palmeirense

Esse tema levaria mais que um post. Mas vamos lá!

Desde a entrada do Presidente Affonso Della Monica, iniciou-se um processo de profissionalização do marketing palmeirense. E desde então, com Della Monica, Belluzzo, Paulo Nobre e Maurício Galiotte, vem se evoluindo nesse marketing.

Todos eles, com dificuldades financeiras na sua época, especialmente Della Monica, Belluzzo, Tirone Nobre, e Galiotte buscaram melhorar o marketing, porque sabiam que era o motor que faria gerar receitas para o clube.

Minha opinião: Leila Pereira foi a primeira nessa lista que conseguiu andar pra trás. Demitiu o ex diretor de marketing Roberto Trinas, e manteve apenas um diretor estatutário responsável pela área. Everaldo Coelho foi executivo da Caixa Econômica, tem MBA em Administração com ênfase em marketing, gestor muito capaz e que dá plantão diário na SEP. É amigo pessoal de Leila, da sua estrita confiança.

Nada contra Everaldo. Competente, gentil, educado, preparado, destoa do perfil folclórico criado para o “conselheiro” da SEP, mas quando falamos em “profissionalização” e experiência na área, seguramente não é o que estamos buscando.

A matéria ainda cita que promoveu um assistente interno, Sr. Eduardo Silva, conhecido por trabalhos menores internamente na Academia, gentilmente chamado pelos jogadores e colegas por “Eduardinho”. Mas que não tem currículo de gestor de marketing suficiente para esse papel.

O resultado na gestão de marketing do Presidente Mauricio Galiotte ainda era muito abaixo do seu potencial. Essa era uma crítica minha, porque o Sr. Galiotte agarrava-se na Crefisadependência e esquecia-se do potencial da marca Palmeiras.

O quadro ao lado mostra essa verdade. As receitas de licenciamento e franquias do Flamengo x Palmeiras no 1o semestre de 2022. R$ 56 milhões x R$ 10 milhões.

Dona Leila, quando ainda era candidata, em sua campanha, não apresentou um plano de geração de receitas. Nada. Quase que numa avant premiere da campanha presidencial do Brasil, fez uma polarização, uma guerra contra Paulo Nobre que nem candidato era. Dona Leila lutou contra moinhos de vento e não mostrou um plano pro clube. Nem de gestão e muito menos de marketing.

E no marketing, fez o pior: culpou “o sofá” quando assumiu e demitiu Costi, assessoria de imprensa, Trinas. Mas não profissionalizou nem arrumou os processos para gerar receitas.

Daqui de longe a Presidente parece acreditar no toque de mídas do patrocínio Crefisa ou da sua gestão para achar que basta criar uma crise com um parceiro que as receitas vão aumentar.

Aí começam os problemas. Porque o histórico de Dona Leila com seus “parceiros” de clube sempre terminaram em problemas.

Da euforia à decepção

E chegamos à conclusão da opinião de hoje. Sobre a enorme decepção com a gestão da Presidente da SE Palmeiras até aqui. Não minha, porque eu percebi isso talvez um ano antes de sua eleição. Mas quem acreditava no discurso da profissionalização da gestão, está vendo está ocorrendo o contrário.

Eu particularmente esperava um salto adiante pós Maurício Galiotte. Da pequena profissionalização pós Nobre/Galiotte à independência dos “negócios” futebol e clube social.

E ainda não falo nem da SAF, que poderia ser UM dos caminhos, mas não o único.

Mas o que estamos vendo hoje é algo mais perverso ao Palmeiras: a volta da gestão de departamentos estratégicos por diretores estatutários. Algo que a duras penas os últimos presidentes, pra ficar apenas em Galiotte e Nobre, levaram 13 anos para realizar.

Se essa gestão continuar nesse ritmo vamos voltar à década de 80/90, onde não teremos mais gestores profissionais no clube, e um conselheiro sendo diretor estatutário de departamentos críticos, sem preparo ou formação decidindo temas estratégicos para o clube, para a marca e para a torcida. Exatamente como se fazia 30 ou 40 anos atrás.

E ainda há outro risco: se o histórico de crises com parceiros persistir, ao final de 3 ou 6 anos de mandato da Presidente teremos como “parceiros” Crefisa, FAM e um fornecedor de material esportivo, se tanto. Que não seja a Rhumel.

Entendedores, entenderão.

Saudações Alviverdes!

***

Procuramos o Sr. Fabio Kadow, Diretor da Puma para se manifestar sobre o assunto; não tivemos resposta.
Procuramos o Sr. Everaldo Coelho, Diretor Estatutário de Marketing do Palmeiras para se manifestar sobre o assunto; não tivemos resposta.

O 3VV está disponível para âmbos a qualquer tempo.

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