Orçamento 2026 da SEP: redução de receitas e objetivos conservadores
Por Vicente Criscio
Enquanto o palmeirense ainda tenta curar a ressaca de Lima e do Campeonato Brasileiro, na próxima 3a feira dia 16 de dezembro, o Conselho Deliberativo da SE Palmeiras irá analisar e aprovar o orçamento do ano de 2026.
A notícia foi dada duas semanas atrás, onde as manchetes destacavam a receita bilionária (R$ 1,25 BI) prevista para o próximo ano. (veja em matéria da espn.com.br clicando aqui).
Aproveitando que não teremos jogos até janeiro de 2026, e aproveitando a proximidade da reunião do CD no dia 16, vamos fazer alguns comentários sobre a peça orçamentária.
Este post vai falar apenas sobre as RECEITAS do orçamento 2026.
E teremos outros nos próximos dias para falarmos de DESPESAS, RESULTADOS, e outros temas relativos à peça orçamentária.
Sobre Receitas: estamos diminuindo de tamanho
O orçamento da SEP prevê uma receita de R$ 1.250.870,00 (um bilhão e duzentos e cinquenta milhões). Estas receitas estão assim segmentadas.

Alguns pontos chamam atenção.
Estamos diminuindo as receitas!
A receita acumulada em 2025 no período janeiro a setembro (9 meses) foi de R$ 1,4 BI. Em matéria publicada pela espn.com.br de 28/10/2025 havia uma expectativa em 2025 de receitas alcançando R$ 1,7 BI. É correto que em 2025 houve o Mundial Interclubes, que rendeu aos cofres alviverdes R$ 216 MM de acordo com o UOL (pedimos desculpas pela fonte).


De qualquer forma, retirando essa receita de R$ 216 MM da ano de R$ 1,7 BI, chegaríamos a R$ 1,5 BI em receitas (talvez um pouco menos). Ou seja, a previsão de R$ 1,25 BI em 2026 é R$ 250 MM MENOR que a receita esperada para 2025 (retirando-se as receitas do Mundial FIFA). Ou seja uma receita de 17% inferior a 2025.
Receitas com vendas de direitos econômicos
No orçamento 2026 prevê-se R$ 399,6 MM com venda de direitos econômicos de atletas. Isto representa 32% das receitas. Praticamente 1/3 da receita da SEP virá da venda de jogadores.
Em 2025 não foi diferente. Na mesma matéria da espn.com.br de 28/10/2025 apontava-se uma receita com venda de atletas em 2025 de R$ 580,5 MM.

Aqui há dois pontos relevantes.
- retirando as receitas com direitos econômicos (venda de atletas) da conta, nossas receitas “recorrentes” de 2026 serão de R$ 850 MM. Ligeiramente inferior àquelas previstas para 2025 de R$ 903,5 MM*. Primeiro ponto relevante aqui: estamos diminuindo nossas receitas operacionais, aquelas mais “controláveis” e recorrentes. E isto é mau!
- Segundo ponto relevante: esperar 32% de receitas de venda de direitos econômicos é estratégia de time mediano, pra não dizer pequeno. O Palmeiras é muito grande para depender da venda de atletas para fechar as contas. E isso é imperdoável vindo de uma gestão que se diz profissional e que vende a narrativa que está salvando o Palmeiras.
*R$ 903,5 MM = R$ 1,7 BI (receitas esperadas para 2025) MENOS R$ 216 MM (Mundial FIFA) MENOS R$ 580,5 MM (receitas de vendas de direitos econômicos em 2025)
Isso é uma enorme deformação do principal negócio da SEP e esta filosofia (comprar jogadores jovens e valorizar para vender) não é a de um time que hoje é uma das duas maiores forças esportivas do futebol brasileiro. O Palmeiras tem que diminuir a dependência (ou eliminar) da venda de jogadores para fechar as contas. Precisa ter receitas recorrentes (marketing, patrocínio, bilheteria, direitos de transmissão, e outras receitas, como o Palmeiras Pay) suficientes para a montagem de um time competitivo. É fato que em algum momento será difícil segurar as jóias da base e também bons jogadores que foram contratados ainda jovens e podem receber ofertas de clubes da Europa ou outras localidades.
Mas a filosofia de hoje está errada e foi um dos (vários) motivos do nosso ano ter sido péssimo do ponto de vista esportivo. É preciso ter uma estratégia de reforçar o time nas contratações com jogadores experientes, que venham se juntar aos bons jovens jogadores da base, e possam ficar vários anos na SEP ganhando títulos. Entretanto isto não está refletido na peça orçamentária, quando ela estabelece que venderemos R$ 400 MM em jogadores em 2026.
Premissas para receitas de Direitos de Transmissão e Bilheteria
Uma peça orçamentária é baseada em premissas. É fato!
Estas premissas devem representar a estratégia de “negócios”. Quais nossos objetivos no ano de 2026? como ele converge com os objetivos de longo prazo? o que eu (Palmeiras) quero atingir? quero crescer torcida? se sim, onde? quero maior visibilidade? quero maior indicadores de audiência?
Isso tudo deveria estar refletido no orçamento (ainda que conservador, como informado na peça que os conselheiros receberam) para definir taticamente o que a estratégia de negócios exige.
A premissa para definir qual colocação o Palmeiras chegará em cada torneio que disputará em 2026 define as premiações por campeonato (Direitos de Transmissão) e também as receitas de bilheterias (em mata mata, quanto mais longe se vai, mais partidas em casa faremos e portanto mais receitas teremos).
E quais são as premissas do orçamento da SEP para 2026?
- Campeonato Paulista: semi-finais
- Copa do Brasil: quartas de final
- Libertadores: quartas de final
- Campeonato Brasileiro: entre os quatro melhores
A primeira vista estas premissas podem parecer “otimistas”. Mas não são. É claro que tem sempre o coeficiente do imponderável e o futebol não é uma ciência exata e blá blá blá. Talvez para o RB Bragantino seriam otimistas. Seguramente ao Mirassol. Ou para os rivais de Itaquera ou do Jardim Leonor.
Mas não para o Palmeiras de hoje em dia.
Hoje o Palmeiras polariza com o Flamengo o domínio do futebol brasileiro. Portanto nossas “premissas” orçamentárias, que deveriam refletir nossas premissas estratégicas e objetivos para 2026, não podem aceitar uma redução de receitas e um desempenho esportivo pior do que o ano que vai se encerrar em poucos dias. Mas esse será assunto para outros posts.
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Há muita coisa para discutirmos até a volta do futebol em 2026. Vamos falar mais sobre o orçamento (despesas, resultados, governança, esportes olímpicos) e ainda temos que abordar a campanha infame contra os gramados sintéticos (na verdade a campanha é contra uma poderosa fonte de receita e diferencial competitivo da SEP), se Abel é o maior dos problemas da SEP ou não, portanto assunto quente não falta.
Fique conosco, concordando ou discordando, mas sempre com o Palmeiras.
Saudações Alviverdes!
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