Orçamentos, receitas e contratações: parte 2
Por Vicente Criscio
Atualizado 24/12/2023 10h05m
Na segunda parte do post que iniciamos ontem sobre o tema orçamento 2024, geração de receitas e contratações, vamos iniciar com o quadro abaixo:
Recentemente o Lance! publicou matéria abordando as contratações mais caras no futebol brasileiro. O quadro acima mostra 10 jogadores.
Oito deles jogam no Flamengo. Apenas um deles foi contratação do Palmeiras: Flaco López.
O De La Cruz, anunciado recentemente, é o quarto jogador mais caro na lista. Além do uruguaio os outros quatro do TOP 5 são Gerson (2023), Pedro (2020), Cebolinha (2022), e Gabigol, contratado em 2020.
Vamos contextualizar
Alguns podem questionar: mas dinheiro não é a solução; o Flamengo gastou pra caramba e fracassou no ano de 2023 .
Discordo!
E eu não estou aqui bajulando um rival, achando que a grama do vizinho é mais verde, etc. Mas vamos refletir se o ano de 2023 do Flamengo foi realmente um fracasso.
- As receitas bateram R$ 1 bilhão.
- Gerou lucro (no futebol fala-se “superavit”).
- Aumentou patrimônio líquido.
- Deu andamento ao processo de manter-se no topo do futebol brasileiro.
Gastando o que gastou, com um elenco super estrelado, não foi campeão de um título relevante esse ano. Por outr lado, chegou na final da Copa do Brasil, disputou o Brasileiro até as últimas rodadas, chegando entre os quatro primeiros, e ruim mesmo (para eles) foi a eliminação precoce na Libertadores.
Lembrando que esses cinco jogadores da lista participaram da campanha da Libertadores 2022, portanto já venceram títulos importantes.
Se o perguntarem ao palmeirense qual resultado do ano ele preferiria: o do Palmeiras ou do Flamengo? Do Palmeiras, claro. Título é a nossa razão de existir.
Mas eu ainda penso que, com uma postura diferentes dessa atual gestão hoje poderíamos estar no lugar do Fluminense.
E poderíamos ter tido mais sucesso contra o Chelsea. Sim, ainda tenho dor de corno daquela partida.
Investimento ou Aposta?
E finalmente chegamos às contratações para a temporada 2024.
Nada contra os dois jogadores que chegaram. Anibal e Bruno Rodrigues. Anibal veio para ser titular. Bruno Rodrigues veio “compor elenco”. Vai disputar posição com Rony ou Artur. Com 26 anos pode vingar e se tornar um dos maiores jogadores da história do Palmeiras.
Mas por enquanto o Bruno Rodrigues é uma aposta.
E o palmeirense mais atento questionaria: então qual a diferença entre contratar o De La Cruz e o Bruno Rodrigues?
Mentalidade.
A diferença está na mentalidade dos gestores de cada clube.
Lá na Gávea os caras não são paraquedistas que caíram na cadeira porque dava prestígio. Ouço notícias de lá desde 2015, quando diziam que queriam ter um faturamento de R$ 1 BI até 2020. E não duvido que estão se planejando para chegar a 2 bilhões nos próximos anos. E tá provado que investindo, as receitas cresceram, o equilíbrio financeiro chegou e, vejam só, até títulos ganharam.
E fosse – o topo da gestão flamenguista – mais pragmática e menos “da moda”, teria mantido Dorival Jr. lá atrás e era capaz de ter ganho muito mais coisa nesse período. Sorte a nossa termos o Abel e eles terem passado por tantos treinadores.
Mas a palavra ousadia é confundida na SEP com gastança sem controle, desequilíbrio de caixa. E não se faz nada pra mudar esse estado de coisas.
É nesse imbroglio que na minha opinião três conceitos precisam ser reforçados nos gestores da SEP:
- O Palmeiras não é o Guarani (com enorme respeito ao alviverde campineiro). Hoje o Palmeiras domina o futebol brasileiro junto com o Flamengo. Mas se continuar com essa política pobre, cabeça pequena, sem planejamento, sem foco em crescer as receitas de verdade para poder investir em jogadores que resolvam, vai deixar os adversários chegarem. Em termos de receitas já estão chegando: olha o Galo e o Corinthians.
- Equilíbrio orçamentário é importante!!! Claro que é. Mas a Presidência e seus diretores não são responsáveis apenas pelos custos. São também responsáveis poelas receitas. Receita que garante contratação de um elenco competitivo, com peças de reposição para eventuais emergências ou perdas.
- Futebol é um negócio de risco. RISCO! Para cada Arrazcaeta que deu certo, o Flamengo tem um Vitinho e Cebolinha ao lado. É a vida. Nada garante que a contratação de xis galácticos vai dar o título. Mas seguramente – se bem contratados, claro – fará o clube disputar todos os títulos. E isso gera receita, engajamento do torcedor, mídia, transmissão, etc. Que se transforma em grana. Receita.
Ganhar ou não o título depende de outras variáveis. Abel está com os cabelos brancos de tanto falar sobre isso. Mas o time precisa disputar. Disputar e chegar nas fases finais dos torneios mata-mata, como uma semi-final da Libertadores ou em uma final de Copa do Brasil. E disputar o Brasileiro até a última rodada com chances de ser campeão.
Mas talvez mais importante e acima de tudo seria a Presidente Leila Pereira reconhecer que o título brasileiro de 2023 bem, como outros títulos de outras categorias têm a ver menos com sua gestão e muito mais a ver com gestões passadas. E com Abel Ferreira e sua comissão técnica que tiraram leite de pedra de um elenco que era duramente criticado antes da chegada do português.
Nossa Diretoria precisa calçar as sandálias da humildade e reconhecer que existem erros em sua gestão, e limitações severas em sua equipe. Precisa reconhecer que existe sim conflito de interesses na negociação de um tema tão relevante quanto o patrocínio master da camisa do Palmeiras (a ser discutido em outros posts) e mitigar esses conflitos. Se fizesse isso já seria um avanço enorme e abriria espaço para pautas tão importantes quanto o tripé planejamento de longo prazo + geração de receitas + contratações mitigando risco.
Concorda? Discorda? Deixe abaixo seu comentário.
E aproveitamos para desejar um Natal de muita luz, harmonia, e felicidades a todos que nos acompanham.
Saudações Alviverdes!
***
Leia mais:
+Orçamento, receitas e contratações: parte 1
+Canal 3VV: assista ao vídeo de Criscio comentando sobre o post acima no Canal 3VV
Comments (3)
As preocupações de sempre… e um feliz 2024 – 3VV
[…] dia 22 de dezembro publiquei um post falando sobre contratações e orçamentos. Os números daquele post não consideravam a matéria acima sobre as receitas do […]
Guilherme Romero
Perfeitas colocações!
Infelizmente paramos no tempo no que diz respeito a incremento de receitas, praticamente 3 anos estagnados com crescimento de todos.
No medio prazo, 5 anos, estaremos mais fracos economicamente e consequentemente futebolisticamente. Temos que nos mexer!
Marcos Simonetti
Diretoria nao entra em canpo, mas tem que agir fora, e estamos mak no quesito faturamenri. As receitas nao sairam do patamar 700 milhoes por varios Nos. So agora chega na casa dos 800 ?ilhoes.
A diferenca se vê na absorcao de riscos. Flamengo errou – caro – com Cebolinha e continua sendo o grande comprador. Nós gastamos com Atuesta e Flaco em 22, nao renderam o esperado e tivemos wue fechar as torneiras em 2023.
Economizar é importante, mas secundario em um time grande. Faturar alto e muito mais importante.