Os clubes ingleses gastam…

Amigos, no último post escrevi um pouco sobre porque não conseguimos competir com os clubes ingleses, já que eles gastam muito mais dinheiro do que nós com salários dos jogadores.

Também descobri algo bastante interessante e que explica, mais uma vez, porque o clube tem que estar sempre preocupado em aumentar as suas receitas.

Separei os clubes ingleses em dois blocos: aqueles que faturam mais de 100 milhões de libras esterlinas e aqueles que faturam entre 60 e 100 milhões.

Observem no gráfico abaixo quanto os clubes que faturam mais de 100 milhões de libras esterlinas gastam em salários em % da sua receita.

Na média esses cinco clubes gastaram 56% da receita com os salários dos jogadores.  Tirando o Chelsea, que todos nós sabemos que seu proprietário não está exatamente interessado em ter lucro com o futebol, esse percentual cai um pouco: 50%.  

E olha que tirando o Tottenham todos os clubes ali têm gastos salariais também acima de 100 milhões de libras esterlinas. Na média os gastos são de 112 milhões.

Agora observem quanto os clubes que faturam entre 60 e 100 milhões gastam em salários em % da sua receita:

A média de gastos vai para 83%! Com a média de gastos salariais de 62 milhões.

OU SEJA?

Ou seja,  os clubes médios para tentarem ser competitivos precisam investir mais em salários de jogadores proporcionalmente às suas receitas.  Esses clubes precisam arriscar mais!  Se não arriscarem mais e comprometerem um pouco mais das suas receitas eles não conseguirão se classificar para os torneiros internacionais que são os mais rentáveis.

Essa é a dinâmica mundial do futebol. 

Então, para um clube existem dois departamentos fundamentais: (1) o do futebol que precisa montar bons times, desenvolvendo jogadores da base e fazendo boas contratações no mercado (2) e o departamento de marketing que precisa sempre fazer com que as receitas do clube cresçam, para que o clube possa pagar pelos bons times.

Quem diria, que tão importante quanto um camisa 10 é um bom marketeiro, hein?

Saudações Alvi-Verdes

* Luís Fernando Tredinnick escreve às sextas-feiras no 3VV explicando a quem conhece, e a quem não conhece, os números do futebol


Comments (7)

  1. Marcos Piovesan

    6.

    De acordo com o Marco.

    O teto salarial seria um começo. Mas pra ele dar certo os prêmios teriam que ser fiscalizados.

    É engraçado, pois seria uma volta à origem do futebol, quando os times que pagavam corriam risco de fechar as portas se flagrados.

  2. Marco Antonio Zanon Prince Rodrigues

    Tredinnick, sou da seguinte teoria:

    Esquanto vc tiver um “cavalo doido” gastando mundos e fundos com jogadores todo o mercado estará em risco. É o caso do Chelsea e agora do Manchester City. Os rivais, para manterem-se competitivos acabam entrando na onde e comprometem seus orçamentos. Veja o caso do Arsenal, manteve-se sem contratações caras, mas em compensação não ganha um único título faz 5 anos. Talvez no longo prazo o Arsenal mostre-se com a razão, mas a tordida não quer saber….A própria base de torcedores do Arsenal deve ter dimunído nestes 5 anos. E a mesma coisa ocorre entre os times de menor porte, todos estão com seus orçamentos extremamente compromnetidos.

    É por isso que eu sou favoável ao teto salarial.

  3. luiz penchiari

    luiz fernando, muito interessante seu trabalho, mas acho que não dá pra comparar com o futebol brasileiro, pois o futebol ingles é um ninho de bandidagem, os balanços dos clubes é só pra “inglês ver”.

    e nos outros clubes europeus é pior ainda, imagine a tal da bwin que patrpcina milan, real,etc
    se fosse no brasil os europeus iam fazer escândalo, mas lá o maior site de jogatina do mundo patrocina clubes deste porte e ninguém fala nada.

  4. É, o futebol inglês tem lógicas que a própria lógica financeira desconfia…

    Marco, lógico que lembro de vc. Esses casos de take-overs são bem complicados. Não é à toa que o Liverpool deve ser comprado. E eu fico imaginando quando o governo inglês irá fazer algo em relação à toda essa movimentação suspeita de dinheiro.

    Em relaçào ao Chelsea, o Abramovich acabou de converter a dívida em participação acionária, o que quer dizer que hoje o Chelsea praticamente não tem dívidas!!! É, tá longe de ser fácil entender os caminhos que o dinheiro toma por lá…

    Saudações Alvi-verdes

  5. Marco Antonio Zanon Prince Rodrigues

    Oi Tredinnick, lembra de mim da pizza?

    Pois é, tem um artigo muito bom sobre a situação financeira dos clubes ingleses aqui:
    http://www.guardian.co.uk/football/2010/may/19/premier-league-finances

    Como eu falava pra vc na pizzaria, o Arsenal é o clube com melhor situação financeira: Alto Turnover, Wage Bill relativamente baixo e uma dívida alta (devido à construção do Emirates Stadium), mas perfeitamente administrável. Em compensação fazem cinco anos que o Arsenal não ganha nada.

    O Manchester United e o Liverpool até que possuem um Turnover alto com relação ao Wage Bill, porém o que mata são suas dívidas gigantescas, mais de 2 vezes o faturamento (a do United chega a mais de 700 milhões de libras, o que representa quase 24% do total da Premier League). Isso é explicado porque tanto Hicks (Liverpool) quanto os Glazer (M. United) contraíram para si dívidas monstruosas para conseguirem efetuar o Take Over e repassaram tal dívida para os respectivos clubes.

    Já o Chelsea é um caso a parte. Tem uma dívida gigantesca cujo credor é o próprio dono, o bilionário russo Roman Abramovich e que não cobra juros e nem o principal, na prática subsidia o clube (que agora fez uma oferta de R$ 30 milhóes de Euros pelo Neymar do Santos).

  6. Wagner César Silva de Oliveira

    Parecem limpar o traseiro com libras, mas não entendo porque os Hicks querem se livrar do Liverpool se gastam/faturam tanto…

  7. Tredinnick, estas cifras por si só nos deixam perplexos. Agora entendo como empatam 7 milhões de Euros pelo Ueslei do Jardim Casqueiro… Meu, esses caras jogam dinheiro no lixo.

Comments are closed.