Palmeiras 1×2 São Paulo: muito prazer, eu sou o Palmeiras

Por Vicente Criscio

Eu particularmente não gosto de escrever posts após derrotas como essa. Primeiro, porque não gosto de escrever com o fígado. Segundo, porque a chance de falar algo inapropriado para os responsáveis por essa derrota é enorme.

Feito os devidos alertas, e escrevendo seis horas após o apito final de Anderson Daronco, com aquela insônia típica de quem está com dor de corno por essa derrota, vamos ao pós jogo / opinião.

Palmeiras 1×2 Palmeiras

O lead acima não foi engano. Sem desmerecer o competente trabalho de Dorival Jr. e tentando esquecer a rivalidade (ao menos por alguns minutos) com o antipático time do Jardim Leonor, o Palmeiras perdeu para o Palmeiras.

E não está nessa frase qualquer crítica a Abel Ferreira e seus comandados. Abel, comissão técnica e jogadores são vítimas da incompetência administrativa do Palmeiras. Já entregaram muito mais do que esperávamos nos últimos três anos.

E nessa quinta-feira jogaram abaixo do que nos acostumamos ver, mas ao mesmo tempo jogaram o mesmo nível de futebol das últimas seis ou sete partidas – talvez exceto por aquela goleada contra o Bolivar.

Abel Ferreira vinha avisando fazia tempo, e falava isso quando estávamos por cima: vai ter uma hora que o time vai perder. Vai ter um momento, natural, de instabilidade. O momento chegou.

Portanto não vamos jogar fora a água suja da bacia mas ao mesmo tempo jogar fora o shampoo, sabonete, a própria bacia e o nenê que estava tomando banho nela.

A Cesar o que é de Cesar, ou melhor: que apareçam os responsáveis

Minha leitura, a 30 mil pés de altura do que de fato acontece na Academia: o Palmeiras perdeu para ele mesmo. Pelos problemas que estão sendo falados por 9 entre 10 palmeirenses antenados e que não torcem para o Presidente do clube e sim para o Palmeiras.

Sem um banco de reservas a altura das reposições, com jogadores que perderam rendimento nas últimas partidas – casos de Dudu, Veiga e outros – o time parece estressado, cansado, sem aquela capacidade de reação.

E assim joga um futebol comum, o que leva a perder duas partidas seguidas para o SPFC, que convenhamos, é um Frankestein de veteranos com enxertos de jovens bons jogadores mais o Calleri.

Novamente: não vamos cair na tentação de crucificar jogadores ou treinador. Por que o buraco é mais embaixo: ou mais acima!

Derrotas ou instabilidades durante uma temporada são naturais. Mas nesse caso parece ter uma causa muito clara!

Sem planejamento, parte I

Dona Leila Pereira pode ser uma competente CEO de uma empresa que empresta dinheiro para consignados e aposentados. Ou uma excelente gestora de faculdades. Uma excelente anfitriã e muito educada, mas ao mesmo tempo aguerrida e competitiva.

Parabéns. São lindas virtudes.

Mas não entende nada de futebol. Aliás, nem de futebol, nem de Palmeiras.

Até agora, pouco mais de um ano e meio após sua eleição onde ela prometeu que “investimentos não irão faltar”, o único investimento pra valer que ela fez foi na reforma das piscinas do clube. Aliás com dinheiro dela, o que é uma afronta à história palmeirense (alguns acham legal…. eu não!).

Dona Leila Pereira surfou em 2022 e 2023 no resultado de quatro grandes eventos ocorridos no passado e que não têm nada a ver com sua gestão, e talvez muito pouco a ver com a Crefisa enquanto patrocinadora.

A saber:

i. as categorias de base que tiveram investimentos e sofreram um verdadeiro turnaround (desculpe o anglicismo, mas não tenho definição melhor) na gestão Paulo Nobre;

ii. o centro de treinamento, nossa Academia, com investimentos e estrutura de futebol europeu, onde tem também a mão de Paulo Nobre e de Alexandre Mattos láaaaaa atrás entre 2013 e 2016 e que teve sua continuidade na gestão Mauricio Galiotte;

iii. o Allianz Parque, projeto concebido nos idos de 2007, quando Dona Leila não sabia qual era a letra do hino do Palmeiras;

iv. Abel Ferreira, um dos maiores acertos na história do futebol desse clube, e que nem era a primeira opção quando foi contratado substituindo Luxemburgo, que substituiu Mano Menezes que substituiu Felipão…. já evidenciando que não temos planejamento no futebol desde a gestão do antecessor Galiotte.

Ou seja, dona Leila surfou no trabalho de outros que passaram antes dela. Quando seu antecessor assumiu o clube, as contas estavam arrumadas.

E agora não sabemos porque, mesmo vencendo títulos importantes, vendendo jogadores promissores em euro, com importante entrada de recursos financeiros, não podemos contratar e temos que jogar a responsabilidade para garotos de 17 a 19 anos da base.

E assim corremos o risco de tudo que foi construído pós 2013 seja destruído por uma visão míope sobre gestão do futebol, de alguém mal cercada e que aparentemente ouve poucas pessoas, e pessoas erradas.

Sem planejamento, parte II

Por que crítica tão violenta? Porque no futebol dificilmente se ganha por acaso. Tudo deve ser bem planejado para aumentar as chances de vitória. E quando sabíamos que Scarpa e Danilo iriam sair, fomos buscar seus substitutos?

Aparentemente sim. Mas os substitutos errados. Tanto que Artur, que foi a última contratação, não pode estar em campo nessa noite de 5a feira porque já havia jogado na Copa do Brasil. E se meu fígado não me enganou, o substituto imediato de Scarpa, Bruno Tabata, assistiu ao jogo do banco enquanto tínhamos que esperar milagres de meninos como Luiz Guilherme e Jhon Jhon substituindo Dudu e outros medalhões.

Convenhamos, Abel Ferreira fez milagres até aqui, mas sua cota parece que acabou.

E sobre o substituto de Danilo? Mesma falta de planejamento. Sabendo da saída do jogador seis meses antes, fomos incapazes de buscar um substituto a altura. Tanto que cansamos de ouvir o Professor Abel explicar que Zé Rafael está jogando no improviso.

Sem citar que ontem Zé voltou de contusão talvez antecipadamente porque não tínhamos substitutos.

E o juiz?

Acho que está na hora do palmeirense parar de jogar a culpa na arbitragem. Daronco errou na 5a feira ao não marcar falta por trás de Luciano e dar o segundo amarelo? sim, errou feio. Mas não parece nesse caso que tenha sido proposital, ou o sistema, ou o raio que parta a cabeça dos responsáveis por essa derrota.

Daronco errou e depois compensou no gol anulado deles.

Então desta vez não vamos cair na tentação de culpar a arbitragem ou o sistema pela vergonhosa eliminação. Não que CBF e Comissão de arbitragem sejam competentes ou impolutos.

CBF e sua Comissão de Arbitragem é a cara desse Brasil corrupto e decadente com uma mídia cúmplice assistindo de camarote e com os bolsos novamente abarrotados de dinheiro o estupro dessa velha donzela chamada Brasil ou futebol brasileiro. 7×1 não foi por acaso. #prontofalei

Não entende de Palmeiras

Nós palmeirenses conhecemos o Palmeiras. Na manhã desta 5a feira, em uma consulta médica por vídeo com meu simpático médico Dr. João, são-paulino, nem ele acreditava na vitória do seu time.

Mas eu disse a ele: doutor, se o Palmeiras perder, vai ser uma pancadaria pra cima da Diretoria.

Por quê? perguntou ele. Vocês estão ganhando tudo, não sabem perder?

Porque eu conheço o Palmeiras e o palmeirense. A gente até sabe perder, sou da geração “anos de chumbo”. Mas não nos conformamos em perder algo que poderia ser ganho!

Vamos do paraíso ao inferno em um gol perdido pelo Rony. Transformamos sapos em príncipes, com um gol de Libertadores como o do Deyverson. E somos uma máquina de trucidar ídolos quando eles deixam de entregar resultados.

E as críticas são duras, e na maioria das vezes, corretas. Só que desta vez não pode se dar ao luxo de errar o alvo. O culpado não é Abel Ferreira, nem sua competente e comprometida comissão técnica e nem os jogadores. Dedicação estamos vendo e vimos nesta derrota como em outras.

Portanto o alvo das críticas é para quem não conhece o Palmeiras e sua história mas está sentada na cadeira mais importante para o torcedor. E com a caneta na mão!

Dona Leila, muito prazer, este é o Palmeiras.

Presidente, peço licença para fazer um pedido de forma aberta e sem ofensas. Mas um pedido direto!

Faça o seu trabalho como se fosse uma palmeirense. Menos discurso vazio, “entende?”, e mais ação voltada para a instituição que hoje a senhora representa.

Menos avião e mais realização naquilo que realmente importa ao torcedor.

Menos promessa vazia e mais ação.

Menos rede social e mais bastidores.

Menos oba oba no clube social, afinal de contas a eleição já foi, lembra?, e mais atuação na busca por reforços nessa janela de transferências.

Menos reclamação por falta de dinheiro – aliás, onde está o dinheiro? – e mais ação de marketing nesta poderosa instituição, aliás poderosa muito antes de 2015.

Ou então, se isso for pedir demais, deixe quem entende da história palmeirense, sua tradição e principalmente da gestão do negócio futebol, fazê-lo!

Saudações Alviverdes!

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