Palmeiras, a Microsoft e a Apple

Hoje o papo é sobre estratégia.

Observem no gráfico abaixo a evolução das receitas das duas empresas desde 1986 (em bilhões de dólares). Observem que as receitas da Microsoft eram cerca de 10% das receitas em 1986 e em 1999 já representavam o triplo das vendas da Apple.

Entre os vários aspectos que podemos destacar desse embate um me chama a atenção. A Apple, embriagada com o seu sucesso, resolveu adotar uma política de “faço tudo dentro de casa”, o hardware, o software, a distribuição, tudo isso era feito pela própria Apple. Afinal, eles tinham o melhor produto então, fazia sentido adotar uma estratégia “para dentro”.

A Microsoft adotou a estratégia oposta. Realizou acordos comerciais com vários parceiros e se dedicou a fazer o que fazia melhor: o software. E olha que o software não era lá essas coisas. Era uma estratégia “para fora”.

Como o tempo, a estratégia da Microsoft de utilizar parcerias prevaleceu e ela superou o seu grande competidor. Mesmo com a arrancada das vendas da Apple nos últimos anos, ela continua a ser menos da metade da Microsoft.

Beleza, o que essa análise, ainda que um tanto superficial, tem a ver com o Palmeiras? Muito!

O time do Jardim Leonor é o mais badalado pela imprensa como um exemplo de administração moderna. O seu atual presidente já declarou que os investimentos nas divisões de base são realizados para, no futuro, suprir toda a demanda do time. Compra de atletas de outros clubes deverá ser um exceção. Parceiras? Nem pensar. Assim como a Apple, o time adotou uma clara estratégia “para dentro”.

O time do Jardim Leonor, provavelmente o mais medíocre bi-campeão brasileiro da história, (uma vez que não havia nenhum craque em campo, nenhum destaque individual e não era um time que jogava bonito) conseguiu ser competitivo em apenas dois momentos nos últimos dez ou quinze anos:

1) Quando os demais times não dispunham de uma geração de jogadores com algum diferencial – é o caso do Santos de Robinho e Diego, ou mesmo o Cruzeiro de 2003 em que o Alex acabou com o campeonato, ou o Internacional campeão da Libertadores, que tinha o Rafael Sóbis

2) Quando os demais times não dispunham de uma parceria eficiente (ou uma estratégia “para fora”) – é o caso da parceria do Palmeiras, e as fugazes parcerias do Vasco e do corinthians, que ainda que breves elas formaram times que foram campeões

O Palmeiras adotou uma estratégia “para fora”, assim como a Microsoft, já em 1992. Foi o único clube do país a ter uma parceria de sucesso, quando consideramos a duração da parceria e o número de títulos conquistados. Sem dúvida o Palmeiras cometeu alguns erros com essa parceria, erros esses que esperamos que não se repitam.

Hoje, o Palmeiras novamente retoma uma estratégia “para fora”. Buscou parcerias inovadoras: Setor Visa, a construção da Arena e o acordo com a Traffic, só para citar alguns. Os resultados dessa estratégia já começam a aparecer.

As estratégias “para fora” acabaram por dominar o mercado, seja no futebol, seja no mundo empresarial.

O Palmeiras já adotou sua estratégia “para fora”. Provavelmente quando os demais competidores acordarem, já será tarde demais!!!

Saudações AlviVerdes