Palmeiras assina manifesto para criar uma liga de clubes

O Palmeiras nesta terça-feira (15) o manifesto do principais clubes do Brasil que propõe a criação de uma liga nacional de futebol para gerir o Campeonato Brasileiro e tomar “conta dos produtos” aos quais emprestam suas marcas. O texto foi assinado pelos 19 dos 20 clubes da série A – o Sport não assinou porque seu presidente renunciou na semana passada.

A ideia principal é que, nos moldes da Premier League inglesa, seja criada uma nova entidade que irá organizar e manter o Campeonato Brasileiro das séries A e B já a partir da temporada 2022.

São inevitáveis as comparações com o chamado Clube dos 13, que tentou o mesmo com a Copa União., em 1987, com 40 clubes divididos em dois módulos. A CBF tinha declinado de organizar o campeonato daquele ano, mas mudou de ideia no meio da temporada e forçou um acordo para retomar as rédeas do futebol brasileiro. A desorganização foi completa e até hoje se questiona em todos os ambientes quem é o verdadeiro campeão daquele ano: Flamengo ou Sport? A Justiça decidiu recentemente em favor dos pernambucanos.

Uma questão que está colocada a respeito da “carta de intenções” – por enquanto não passa disso: é uma revolução no futebol brasileiro ou mais uma cortina de fumaça para esconder algumas acomodações tão típicas de nosso futebol.

Se for revolução, terá de ser uma ruptura. No entanto, os clubes foram à CBF apresentar a “proposta”. Isso não é ruptura, é um pedido de autorização ao “chefe” para criar um apêndice na atual estrutura de futebol do Brasil. Por mais que a diretoria provisória da CBF diga que é uma “boa ideia”, não passa de uma ideia, que certamente terá de ter a aprovação de quem manda atualmente. A CBF abrirá mão do poder?

É um passo bastante cauteloso dado pelos clubes, mas tem um ponto positivo relevante: colocar um imenso elefante na sala para obrigar todas as partes envolvidas a debater o assunto, que há 30 anos vai e volta nas altas e ,édias esferas do futebol.

Se a liga for independente e séria, com gestão empresarial e verdadeira democrática, é um,a chance de ouro para escantear o fisiologismo e a demagogia eleitoreira que domina a CBF e as federações estaduais. Se for apenas um apêndice da CBF, nada vai mudar, exceto que ficará mais explícito que os clubes que sempre foram “mais iguais” dos que os outros serão ainda mais beneficiados.

Gente ponderada tem levantado algumas questões marginais, mas não tão marginais assim. Como ficariam os campeonatos estaduais? As primeiras conversas dão conta de que o calendário novo seria estendido pra 11 meses para competições nacionais e continentais, de fevereiro a dezembro. E os times pequenos, que só existem por causa dos estaduais? E os clubes da série C? Seriam abandonados? Quem organizaria a série D?

Que venha o debate saudável e inteligente para mudar de verdade a estrutura arcaica do futebol, e é bom ver o Palmeiras na vanguarda destas discussões.

Clique aqui para ler a íntegra do documento enviado pelos clubes à CBF e uma rápida análise do globoesporte.com.