Prevenção, pró-atividade e contundência

Por Claudio Baptista

A cada dia ganha força a discussão de como é abordado o tema arbitragem
pelos clubes, através da sua Diretoria, Assessoria de Imprensa ou pela
Comissão Técnica.

Na teoria, os árbitros deveriam errar
proporcionalmente da mesma forma para todas as equipes, mas o que
observamos é não ser sempre assim, ainda mais em momentos decisivos ou
nos casos de campeonatos por pontos corridos através da famosa
expressão “de grão em grão a galinha enche o papo”.

O que
colabora muito para isso são as diferentes maneiras que cada clube lida
com a arbitragem somado a diversos outros fatores. O árbitro é uma pessoa como cada um de nós. Tem a necessidade de ganhar seu dinheiro, de ser uma pessoa bem vista na comunidade que atua e freqüenta, entre outros.

O
erro natural, não proposital, como disse acima deveria ser proporcional
entre os clubes. Mas há fatores que desequilibram essa balança e estão
localizados justamente nas pressões externas aos árbitros,  sejam elas naturais (o ser humano e suas idiossincrasias) ou impostas de diferentes maneiras.

Muito difícil fugir disso e a prova disso é que algumas equipes acabam
sendo mais prejudicadas do que outras sejam através de interpretações
propositais ou mesmo quando há mais dúvida para um lado do que para
outro.

Para ilustrar melhor, podemos exemplificar. Imaginem um jogo em que a
equipe tem maior poder na mídia para ecoar suas reivindicações, ou que
essa equipe traga através da audiência um retorno de exposição maior
aos patrocinadores do meio de comunicação.

Agora trazemos isso
aos diversos momentos importantes do jogo que necessitam do poder de
interpretação da arbitragem. Será que o árbitro não será influenciado
pelo temor do que uma interpretação contrária possa lhe ocasionar?
Veto, “geladeira”, indisposição com comandantes … Tudo terá uma
conseqüência que poderá ser a queda do seu ganho em dinheiro ou a
impossibilidade de trabalhar em jogos importantes, de ser indicado a
FIFA, enfim sua carreira e seu ego.

Lembramos que já houve árbitro que fez uma série de besteiras durante a R14 e está escalado no final de semana; como também já tivemos árbitros renomados que não apitaram bem determinados jogos, foram vetados por determinadas equipes e depois acabaram errando a favor da mesma após pressões midiáticas e outras mais.

E o Palmeiras inserido nesse meio tem que trabalhar para não ser prejudicado. A proteção aos nossos interesses é mandatário e a linha de trabalho necessária passa pela prevenção, pró-atividade e contundência na defesa.

Falando primeiramente da prevenção,
a mesma não está ligada a pressão que fazem alguns clubes ao utilizar
ferramentas de mídia (às vezes nem precisa, a mesma se encarrega) para
estar sistematicamente se impondo e expondo. Estar na mídia funciona? É
claro que a importância disso não pode ser desprezada, mas não pode
haver desgaste. A insistência é interpretada de forma antipática até mesmo no meio da arbitragem.

A prevenção passa pelo mapeamento dos árbitros e assistentes (como
foi a atuação nos jogos do Palmeiras, como foi o relacionamento com
jogadores e técnico, qual é o histórico junto ao adversário, qual é o
perfil de atuação na distribuição de cartões, na marcação de faltas, na
performance das equipes mandantes quando este atua, …) a fim de orientação interna para jogadores e comissão técnica. A partir daí sim, estar presente na mídia para preservar um bom relacionamento.

Esse bom relacionamento é garantindo com a pró-atividade. Que tal diminuir a distância entre clube e comissão de arbitragem? Isso pode ser feito em conjunto com demais clubes, lembrem-se que não queremos o benefício e sim o que é justo. A participação constante de representantes dos clubes em reuniões e seminários com as comissões de arbitragem pode ser um caminho interessante. Até mesmo a participação da mídia é importante nesse processo.

Muita
gente tem interpretações diferentes para um mesmo evento. O público, os
jogadores, os dirigentes, os representantes da mídia e vejam que
curioso, os árbitros.

Alguns exemplos.

Quantos têm interpretações diferentes para o posicionamento do impedimento?
Pela parte do corpo que está mais adiante, pelo tronco? Será que o
funcionário da Globo que trabalha com o “Tira Teima” está em sintonia
com a interpretação da FIFA.

Quantos têm interpretações diferentes para o posicionamento do goleiro no momento do pênalti? Sobre a linha, um pé na frente, um pé atrás?

Todas
as esferas devem ter interpretações iguais ao menos para os assuntos
básicos como estes dois exemplos acima. Muitos exemplos como esse podem ser questionados à FIFA para que a mesma dê seu parecer mais detalhado. E esse detalhamento TEM que ser de conhecimento de todos, portanto o trabalho junto à mídia neste sentido é importante.

Partindo agora para a contundência na defesa, temos que ter interlocutores preparados, com desenvoltura para falar em público, para convencer.
Inúmeras oportunidades são perdidas na falta de nossos representantes
com esse perfil. Se o Palmeiras não possui representantes informais na
mídia (não venham me dizer que isso não existe) que levantem a bola,
então que sejamos mais presentes. O Palmeiras têm que ser ouvido. E
quando somos prejudicados, involuntariamente ou não, o bumbo tem que
bater. A omissão traz um reflexo
negativo perante o maior ativo do Palmeiras que é sua torcida e uma
acomodação natural da arbitragem perante o clube.

Tudo tem que ser uma engrenagem em perfeito funcionamento. A Diretoria tem que ser preparada e entender os anseios da sua torcida; a Assessoria de Imprensa tem que traduzir esses pensamentos e estreitar o relacionamento com a mídia formadora da opinião; os jogadores e comissão técnica devem estar atentos ao
que irão encontrar, até que a imagem do clube perante a arbitragem não
seja antipática, pois são eles quem estão decidindo e mudando o rumo de
grande parte dos jogos.

Observação: neste domingo uma
singela interpretação da arbitragem pode fazer a diferença entre
Palmeiras e o atual líder da competição ficar entre 1 ou 7 pontos
.

A arbitragem é importante, não?